terça-feira, 25 de agosto de 2009

DICIONÁRIO LULA, ALI KAMEL, UMA OBRA INCRÍVEL!

Uma obra incrível, facilitada justamente pelo farto material que foi pesquisado, faz desse trabalho uma obra admirável e formidável.

Durante dois anos, o jornalista e sociólogo Ali Kamel desenvolveu um projeto singular que consistia em avaliar os discursos de improviso e entrevistas de Lula transcritos no site da Presidência. Com esse material em mãos, usou um método de análise inédito no Brasil para traçar o perfil do digamos "presidente" e expor as principais ideias que ele vem emitindo desde que tomou posse, em janeiro de 2003. O resultado: um Lula que vai surpreender tanto aqueles que o apoiam como aqueles que lhe fazem oposição.

Caros amigos, saiu há pouco um livro (Dicionário Lula, de Ali Kamel, que, ao mostrar a cara de Lula, indiretamente desnuda o verdadeiro rosto do Brasil, um país macunaímico (quer compreender esse país? Leia Macunaíma, de Mário de Andrade). Lula é um Macunaíma. É ambíguo, escorregadio, dúbio, tinhoso, esperto. Seu jogo é sempre duplo. Enfim, este jogo é, de algum modo, o jogo do brasileiro. Por que Lula caiu no gosto popular? Porque ninguém melhor do que ele representa tão bem as incongruências, contradições e ambiguidades deste país. Enfim, o brasileiro é muitas coisas ao mesmo tempo, e o Lula é a melhor metáfora para isto.
Você sabe qual é apito que esse homem toca? Você sabe qual é a do Lula? É impossível saber! Ninguém sabe! É um político perspicaz: não é contra nem a favor. Finge que apóia este ou aquele governo, mas simplesmente faz jogo de cena (a propósito, o brasileiro age do mesmo modo no seu dia-a-dia; ou seja, Lula é, apenas, o que espelha o verdadeiro rosto deste país. Daí a razão de sua popularidade. Ele joga em todas as posições: na esquerda e na direita, nas posições progressistas e nas reacionárias; fala uma coisa para sindicalistas, e outra oposta para banqueiros. Ou seja, a cara do Lula simplesmente coloca à flor das águas o rosto esquizofrênico do Brasil.
No governo dele, boiam nas águas sujas todos os sapos e ratos que nos habitam; mas seu rosto continua angelical, puro, santo aos olhos dos brasileiros. Não sabemos se ele é bom ou mal; é uma esfinge; um grande enigma; mas o Brasil também é um enigma; ninguém consegue entender este triste país, com suas espantosas mazelas e admiráveis grandezas), ou seja, Lula é muitas coisas ao mesmo tempo. Daí o fato de os europeus nem os norte-americanos não o entenderem, embora ele seja o mascote dessa gente. Até o Obama disse que ele é "o cara". Que ingenuidade! Como o presidente da América é pão-pão, queijo-queijo.
Lula é multifacetado: é um cruzamento de Macunaíma, Sarney e Maquiavel; diz sim e não ao mesmo tempo; isto é espantoso. Agrada a gregos e a troianos. Como pode? Mente e diz a verdade ao mesmo tempo. Diz sim para a bancada ruralista, mas, quando chega a algum rincão desse país, critica impiedosamente essa gente para o povo, no palanque. É um ator? É um Chávez travestido de democrata? Ou é, de fato, um autoritário travestido de socialista? Ninguém sabe, meu amigo!
Ao que parece, esse homem é uma síntese de todos os nossos defeitos, mas também de algumas de nossas qualidades. Não creio que Lula seja um canalha, mas ele está destruindo, por dentro, a República, com seu jogo político dúbio. Ele põe em prática tudo o que Maquiavel aconselha a um estadista. Você quer ver Maquiavel na prática? Observe a ação política desse homem; como político, ele é um Michael Jackson no palco. Quando fala de improviso, consegue enganar a todo mundo (não a mim, é claro!). E sempre está bem na foto. Desde que chegou ao poder, sua popularidade sempre se manteve acima dos sessenta por cento de aceitação.
Saiu incólume de todas as mais graves crises políticas que seu governo enfrentou; com seu carismo e com seu jeitinho brasileiro, ele põe todo mundo no bolso. Veja o Senado: está ajoelhado aos pés de Lula. Com seu poder ilimitado, conseguiu livrar o hipócrita e mentiroso Sarney da cassação. Mais ainda: até o inacreditável acontece: Fernando Collor de Mello, um dos piores calhordas da política brasileira de todos os tempo, representante daquela oligarquia acéfala, patrimonialista, perversa, sociopata e desprezível do nordeste, o elogia; diz que Lula é um grande estadista. E é mesmo! Mas não sei como o presidente consegue sustentar por tanto tempo esse jogo político ambivalente, incongruente, perverso e impregnado dos piores e mais horríveis vícios de nossas mazelas políticas, já que, para se sustentar no poder, ele ignora totalmente a ética. Por isso, o seu governo me parece algo surreal. Só no Brasil isto é possível. E por quê? Porque somos um povo dúbio, ambíguo, que joga de qualquer lado, desde que os nossos interesses não sejam atingidos; somos capazes de qualquer coisa, quando o que está em jogo são as questões particulares.
Isto, infelizmente, se reflete nas ações políticas do dinossauro Sarney, outra figura patética de nosso cenário político, que confunde a coisa pública com os interesses privados. Isto é inadmissível; só no Brasil aceitamos o inaceitável. Somos, realmente, uns bananas, pois já deveríamos ter dado um basta nesta situação insuportável ou deveríamos ter sido até mais radicais, fazendo voar pelos ares aquele Senado, com seus insuportáveis sacripantas.
Infelzmente, temos o país que merecemos, pois somos uma gente que só pensa o Brasil a partir do portão de nossa casa para dentro... No tocante ao resto, que todos se lixem ou que se danem. Com essa mentalidade tacanha e sem compromisso coletivo e/ou social, este país não tem jeito mesmo; malheuresement.
Para concluir o meu brado de indignação, envio-lhe abaixo dois poemas de Bertold Brecht, que caem bem nesse momento em que todo brasileiro consciente se sente envergonhado, agredido, sem esperança e profundamente desapontado com a postura cínica, covarde e irresponsável do Senado, que, em vez de passar o Brasil a limpo, optou por arquivar todas as denúncias contra Sarney, essa patética, decrépita, hipócrita, mentirosa, desprezível e ultrapassada figura de nosso lastimável cenário político.


COMENTO
Amigos, um dia quando esse molusco deixar o poder, todos os brasileiros vão ter oportunidade de saber como esse "rato e bandido metido a espertalhão", deixou nosso frágil e desgovernado país.

O povo não tem idéia do que esse governo está fazendo com a República, más não vai ficar nada obscuro. Em breve vamos saber de tudo.
Todas as pessoas que tiverem oportunidade de ler esse maravilhoso livro, que o faça, pois vai poder fazer uma análise desse sujo e corrupto Macunaíma, que passou a vida toda sem trabalhar em cima de um carro de som vociferando e incitando os trabalhadores do ABCD paulista a fazerem greves.

Um fraternal abraço a todos os meu queridos amigos e leitores, deste humilde e simples blog.

Eis os poemas próprios para a ocasião:
O analfabeto político Bertold Brecht

O pior analfabeto político

é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa

dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,

do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio

dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro

que se orgulha e estufa o peito

dizendo que odeia a política.

Não sabe o "burro" que, de sua ignorância política,

Nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante

e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista;

pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

POEMA DE BERTOLD BRECHT

Sob o cotidiano, desvendai o injustificável.

Por trás do consagrado, atentai no absurdo.

Desconfiai do menor gesto, por simples que pareça.

Não aceitai como tal a regra estabelecida;

Procurai nela a necessidade.

Rogamos-vos não dizer: “é natural”

diante dos acontecimentos diários.

Numa época em que reina a confusão e corre sangue,

a ordem é desordem,

o arbitrário, lei.

E a humanidade se desumaniza.

Não se diga jamais “é natural”,

a fim de que nada passe por imutável.

Luz e paz para todos.