Por Leonardo Souza e Andreza Matais, na Folha:
O governo suíço achou e bloqueou conta de US$ 13 milhões controlada pelo filho mais velho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB). Os depósitos foram rastreados a pedido da Justiça brasileira, por suspeita de que a família do senador tenha remetido ilegalmente dinheiro para fora do Brasil.
Os depósitos estão em nome de uma empresa e eram movimentados exclusivamente por Fernando Sarney, que cuida dos negócios da família no Maranhão. O dinheiro não está declarado à Receita Federal, segundo a Folha apurou.
O bloqueio da conta na Suíça é um desdobramento da Operação Faktor (ex-Boi Barrica), conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Nesse inquérito, Fernando já foi indiciado por formação de quadrilha, gestão financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Recursos no exterior não declarados à Receita caracterizam sonegação de tributos e geralmente são frutos de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Empresas da família Sarney são alvo do fisco e da PF sob a suspeita desses crimes.
O bloqueio determinado pelos suíços ocorreu quando Fernando tentava transferir recursos daquele país para o principado de Liechtenstein, conhecido paraíso fiscal entre a Áustria e a Suíça.
Trata-se de um bloqueio administrativo, adotado preventivamente quando há suspeitas sobre a natureza do dinheiro. Se comprovado que o dinheiro tem origem ilícita, como corrupção ou fraude bancária, o bloqueio passa a ter caráter criminal, e os recursos podem ser repatriados ao país de origem.
Procurado pela reportagem, Fernando disse que não comentaria o assunto. Em 2009, em entrevista ao jornal, ele negou operar contas no exterior.
A Folha também entrou ontem em contato com o escritório do advogado do empresário, Eduardo Ferrão, mas ele não pôde atender a ligação porque estava numa reunião com o pai de Fernando, José Sarney.
Essa é a segunda conta no exterior movimentada por Fernando que foi rastreada pelas autoridades brasileiras e não informada à Receita Federal.
Como a Folha revelou no início do mês, o governo chinês já havia informado o Ministério da Justiça que Fernando transferiu em 2008 US$ 1 milhão de uma conta no Caribe para Qingdao, na China. A ordem foi assinada de próprio punho pelo empresário.
Segundo as autoridades chinesas, os recursos foram creditados na conta da Prestige Cycle Parts & Accessories Limited (uma empresa, pelo nome, de acessórios de bicicleta), exatamente como estava escrito no ordem bancária. Os investigadores brasileiros ainda não sabem qual a finalidade desse depósito.
Tanto no caso da Suíça quanto no da China, as contas não estão diretamente no nome de Fernando, mas no de “offshores” -empresas localizadas no exterior, normalmente em paraísos fiscais. A conta suíça estava registrada em nome de uma empresa chamada Lithia. Fernando consta nos registros da conta como único autorizado a movimentá-la, segundo a Folha apurou.
As corruptas autoridades brasileiras aguardam novas informações dos governos estrangeiros para decidir quais passos serão tomados a partir de agora.
BANDIDAGEM DA FACÇÃO CRIMINOSA DOS PETRALHAS PETRALHA: DEDO PODRE - UM MÊS DEPOIS DE REVELADO PAGAMENTO A ZÉ DIRCEU, AÇÕES DA TELEBRAS CAEM 44%
Por Márcio Aith e Julio Wiziack, na Folha:
Um mês após a revelação de que o ex-ministro José Dirceu recebeu R$ 620 mil de uma empresa diretamente interessada na eventual reativação da Telebrás, o governo encolheu o alcance do PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), e o valor das ações da estatal caiu 44%, quase à metade.
Originalmente, o plano cobriria 3.200 cidades até o final do governo Lula. A nova versão reduziu-se a um simples projeto piloto com 300 municípios que, mesmo assim, seria implantado apenas no próximo governo, não mais em 2010.
Em fevereiro, a Folha mostrou que rumores e vazamentos sobre a reativação da Telebrás, que seria gestora do plano, haviam levado as ações da estatal a um ganho de 35.000% desde 2003 (até o dia 8 do mês passado), valorização recorde investigada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Uma reportagem seguinte revelou que o ex-ministro José Dirceu, um dos réus no esquema do mensalão, recebeu R$ 620 mil da Star Overseas Ventures, do empresário Nelson dos Santos, dono da Eletronet, empresa que detém os 16 mil quilômetros de fibras óticas que comporiam a espinha dorsal do plano.
Desde o dia 23, quando a segunda reportagem foi publicada, até ontem, esses papéis caíram de R$ 0,00254 para R$ 0,00142. Um investidor que tivesse R$ 100 em ações da Telebrás em 22 de fevereiro teria hoje apenas R$ 56.
A desconfiança aprofundou-se ontem, quando a Folha revelou que o Tesouro Nacional elaborou uma nota técnica condenando a reativação da estatal para ser gestora do PNBL.
Segundo a nota do Tesouro, a Telebrás já está exposta a várias ações judiciais e haveria risco de contaminação de ativos usados no plano.
A posição do Tesouro é contraria à opinião do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nós vamos recuperar a Telebrás. Nós vamos utilizá-la para fazer banda larga neste país”" disse Lula, no último dia 19 de fevereiro, durante um evento em Minas Gerais.
Na ocasião, quando a consultoria prestada por Dirceu não havia ainda sido revelada, Lula explicou da seguinte maneira a valorização extraordinária das ações da Telebrás desde o início do governo: “Primeiro, se cresceu 35.000%, para mim é novidade. Agora, que ela vai crescer, vai”.
Devaneio autocrático
Um ótimo editorial na Folha de hoje:
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A DEMOCRACIA , numa definição de manual, é um sistema de governo no qual o povo exerce a soberania e elege seus dirigentes por meio de eleições periódicas; é um regime em que estão asseguradas as liberdades de associação e de expressão. Todos esses princípios estão plasmados na Constituição de 1988 -ela própria uma conquista democrática.
Isso tudo é óbvio ULULANTE. Mas quem impele a repisá-lo é o presidente da República. Na versão de Luiz Inácio Lula da Silva, a democracia muito frequentemente -e cada vez mais- surge como se fosse uma concessão da sua vontade. Ele não parece tratá-la como valor, mas como capricho.
O vezo autoritário do mandatário se torna flagrante quando o que está em questão é a divergência de opinião ou o compromisso com a liberdade de imprensa. Lula não tolera ser criticado e convive mal com esforços de fiscalização de seu governo.
Ontem, numa cerimônia, ele disse: “Acabei de inaugurar 2.000 casas, não sai uma nota. Caiu um barraco, tem manchete. É uma predileção pela desgraça. É triste quando a pessoa tem dois olhos bons e não quer enxergar. Quando a pessoa tem direito de escrever a coisa certa e escreve a coisa errada. É triste, melancólico, para um governo republicano como o nosso”.
Talvez seja o caso de mencionar os mensaleiros, os aloprados, o “roçado de escândalos” da aliança com o PMDB. Ou, ainda, os benefícios pouco ortodoxos concedidos com dinheiro público a algumas empresas que este governo elegeu para implementar sua versão de “capitalismo de Estado”. Nada disso compõe um figurino “republicano”.
O que mais impressiona, porém, é o raciocínio embutido na seguinte frase de Lula: “É triste quando a pessoa tem o direito de escrever a coisa certa e escreve a coisa errada”. É uma afirmação tosca, sem dúvida, mas antes disso autocrática. Não faz sentido no contexto da democracia.
A imprensa tem de ser livre, inclusive para errar -e responder por isso perante seu público ou à Justiça, sempre que for o caso. Essa liberdade atende sobretudo ao direito do cidadão de ter acesso a informações.
Lula disse ainda que “setores da imprensa” deveriam olhar para pesquisas de opinião antes de tirar conclusões sobre ações públicas de seu governo. Em alguns casos, como o desta Folha, as pesquisas são realizadas pelas mesmas empresas cujo trabalho Lula busca desqualificar.
Tampouco é verdadeira sua afirmação de que avanços sociais ou do país obtidos neste governo não tenham sido noticiados. Foram -e de maneira exaustiva.
O problema é outro. Recentemente, o presidente da República agrediu os valores democráticos ao equiparar os presos políticos de Cuba aos presos comuns do Brasil -e endossar os crimes de uma ditadura.
Agora, ao criticar mais uma vez a imprensa, comporta-se como quem aspira à unanimidade -algo que está longe de ser um padrão democrático.
OS CAÇAS
Por Tãnia Monteiro e Leonêncio Nossa, da Agência Estado:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que existe um calendário de discussões sobre a compra dos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) e que, diante disso, a visita do rei da Suécia, Carl Gustaf, ao Brasil hoje não “diminui nem aumenta” a dúvida sobre os caças.
“Estamos numa fase em que o ministro Jobim (ministro da Defesa, Nelson Jobim) está consultando as secretarias do próprio ministério da Defesa sobre estudo feito pela Aeronáutica. Depois disso, vai chegar às minhas mãos. Nós vamos analisar as propostas e aí eu vou tomar a decisão no momento adequado”, disse o presidente.
Segundo Lula, este é um ano atípico, um ano eleitoral, e por isso é preciso “ter cuidado necessário”. “Uma coisa dessa envergadura não pode ficar à mercê da especulação política. Então, é preciso ter muito cuidado, muito bom senso”, disse, acrescentando que o governo quer conversar com todos os setores da sociedade.
“O ministro Jobim já tem autorização para conversar e, depois, nós vamos tomar a decisão, sem nenhum nervosismo, sem nenhum trauma”. Lula ainda acrescentou que a questão da compra dos caças custa muito dinheiro e que não vai ser pago no seu governo. “Por isso, tenho de ter mais cuidado e responsabilidade”.
Lobby
Durante almoço no Palácio do Itamaraty, o rei da Suécia Carl Gustaf aproveitou para reforçar o lobby da empresa sueca Saab, que é uma das interessadas em vender ao Brasil o caça Gripen. Ele disse que Brasil e Suécia têm capacidade de parcerias de alta tecnologia e inovação, especialmente na área de aeronáutica.
“Obviamente, o rei da Suécia faz o que fazem todas as pessoas que eu encontro. Eu vou encontrar o Medvedev (presidente da Rússia, Dmitri Medvedev), daqui a alguns dias, no encontro dos Brics, e o Medvedev vai me falar dos aviões russos. Eu vou encontrar daqui a pouco com o Obama (presidente dos Estados Unidos, Barack Obama) para discutir a questão nuclear, e ele vai falar do negócio dos aviões americanos. Eu vou encontrar com o Sarkozy (presidente da França, Nicola Sarkozy) e ele vai falar dos aviões. Cada um vai falando, a gente vai aprendendo. Quem sabe os preços vão caindo e quem sabe as coisas vão melhorando”, disse o presidente Lula, em entrevista após o encontro com o rei da Suécia, no Itamaraty.
Lula acrescentou que o Brasil quer ter tecnologia e fabricar o avião no País. “Queremos que o Brasil seja inclusive, num futuro bem próximo, exportador desses aviões”, completou. Questionado se o Brasil já tinha tomado uma decisão sobre qual caça será comprado, Lula disse: “Não, ainda não. Ainda não chegaram para mim os estudos definitivos. Então, depois de ouvir o conselho de Defesa, aí vou tomar a decisão”.
COMENTO
Bem a verdade é que: Sarkozy está muito tranqüilo e não ver nenhum motivo para preocupações. As Forças Armadas é que deveria tomar à frete disso, e não deixar nas mãos de alguns DESQUALIFICADOS E DESPREPARADOS PETRALHAS.
Ou o Brasil acaba com essa facção criminosa, que está no poder da República, ou essa facção criminosa vai acabar com o Brasil.