Por Jorge Serrão
A companheirada capimunista, que aparelha os órgãos do governo, fez uma criativa interpretação do Código de Conduta da Alta Administração Federal para dar – legalmente – mais um dinheirinho aos seus dirigentes. Soa como piada para o brasileiro que trabalha mais de cinco meses apenas para pagar impostos absurdos e caros a decisão tomada ontem pela Comissão de Ética da Presidência da República de conceder uma bene$$e ao bol$o do super-bem-remunerado-consultor Antônio Palocci Filho.
Obrigado a “pedir para sair” de seu poderoso empregão público - porque vazaram informações de que teve evolução patrimonial incompatível com o cargo de ministro da Casa Civil de Lula -, Palocci vai embolsar R$ 106.892,60 brutos. A grana é uma compensação pelo período de “quarentena” de quatro meses que foi obrigado a cumprir, por força do Código de Conduta da Alta Administração Federal. Palocci foi presenteado com quatro salários de ministro: R$ 26.723,15.
Palocci foi forçado a deixar o governo Dilma em junho de 2011 tomando chumbo. Ele conseguiu o milagre econômico de ter aumentado em 20 vezes o seu patrimônio entre 2006 e 2010, quando exercia atividades de consultor privado – função valorizada pelo seu tempo de governo em áreas estratégicas, como o Ministério da Fazenda e a Casa Civil. Engraçado é que Palocci chegou a receber da Comissão de Ética, por duas vezes, a aplicação de uma "censura ética" por causa de suas consultorias e pelo fato de ter alugado um imóvel de luxo registrado em nome de uma empresa controlada por um laranja que era filiado ao PT. Agora, em vez de censura, Palocci receberá uma boa grana.
Só pode ser uma tiração de onda com a cara do brasileiro otário que é obrigado a trabalhar 150 dias por ano apenas para cobrir o que tem de pagar em impostos ao Governo do Crime Organizado.
Piada séria do Mensalão
A petralhada debocha da Justiça e da opinião pública ao fechar uma estratégia de defesa no processo do mensalão, jogando toda a culpa no ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e nos demais dirigentes dos bancos Rural e BMG, para aliviar a barra dos mensaleiros da cúpula.
Nas alegações finais de defesa no processo, os advogados dos principais acusados jogam a culpa total em Delúbio.
O “combinado” é que ele assuma inteiramente a responsabilidade por ter feito um caixa 2 para bancar o financiamento de partidos e parlamentares que se coligaram com os petistas nas eleições de 2002 e 2004.
O problema da tese é que só a Velhinha de Taubaté consegue acreditar que Delúbio agiu sozinho, sem a conivência ou concordância do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), do ex-deputado José Genoino e do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira.
Salvando o Zé
A principal tática é descaracterizar José Dirceu como “chefe do núcleo central da quadrilha”.
Ao afirmar que foi atrás do dinheiro que resultou no caixa 2 sem pedir a autorização a ninguém, Delúbio escancara o caminho para que José Dirceu possa reafirmar, no Supremo Tribunal Federal, que estava afastado do partido, não acompanhava as finanças petistas e que não há no processo uma única testemunha ou ato que o incrimine
José Genoino, que era o presidente do partido, pretende reafirmar que a presença de seu nome apareceu em dois empréstimos feitos pelo PT nos bancos Rural e BMG, por mera formalidade do cargo.
Advogado na bronca
Quem está PT da vida com tal estratégia dos mensaleiros é o defensor de Delúbio.
O brilhante criminalista Arnaldo Malheiros Filho não concorda com a estratégia de ferrar seu cliente para aliviar a barra de Dirceu e Genoino.
Tanto que Malheiros confirmou ao Estadão:
“Que o Delúbio distribuiu dinheiro, distribuiu. Mas foi para pagar os gastos de partidos aliados e não para comprar parlamentares. E tudo com pleno conhecimento da cúpula do partido. Delúbio não fez nada sozinho. No mundo todo, compram-se aliados de forma diferente, oferecendo-lhes cargos e não dinheiro, como se fala na acusação”.
Prejudicado pelo mensalão
Arnaldo Malheiros Filho deve guardar um arrependimento terrível de atuar como defensor de um famoso réu do mensalão.
Ele chegou a ser indicado pelo ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, seu grande amigo pessoal, para o divino cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal.
Os presidentes Lula e Dilma não o indicaram exatamente por atuar na defesa de Delúbio Soares.
Grande perda
Por sua capacidade profissional reconhecida, Malheiros seria o único entre os 11 ministros do STF que é especialista na área criminal.
Aliás, nenhum dos ministros da suprema corte tem especialidade na matéria que serão obrigados a julgar a partir de 2 de agosto.
Por isso alguns deles foram obrigados a requisitar, oficialmente, a ajuda de juízes de primeira instância que entendem, de fato, da questão criminal.
CV inconstitucionalmente secretíssima
Militares choram de tanto rir da piada séria cometida pela Comissão da Verdade.
Nos melhores moldes do stalinismo soviético, a CV adotou a inconcebível prática de uma “agenda secreta de trabalho”.
A comissão colheu depoimentos sigilosos de alguns chamados “agentes da repressão”, obrigando-os a assinar termo de compromisso de não dar entrevistas após prestar informações.
Ilegalidade
Com a prática do agendamento secreto e sigiloso, a CV rasga a Constituição Federal.
A Carta Magna só prevê a regra do sigilo no serviço público em casos de segurança nacional e direito de família.
Com os segredinhos, é bom que a milicada se prepare para o que pode ser produzido pela CV em termos de revanchismo, na hora do relatório final, daqui a dois anos...
Novas surpresas
Nos bastidores, o cabra-marcado para perder o emprego de senador, Demóstenes Torres.já avisou aos quatro ventos que não cairá sozinho.
Por isso, ninguém se espante se vazar na mídia, a qualquer momento, alguma revelação bombástica sobre muitos outros senadores, deputados e prefeitos que tinham ligações muito íntimas de favores e dinheiro com o empresário Carlinhos Cachoeira.
Como a informação surgida do nada, em vídeo gravado, obrigando o prefeito petista de Palmas (TO), Raul Filho, a admitir que recebeu R$ 150mil de Cachoeira para para contratar um show do cantor Amado Batista para o encerramento de sua campanha, em 2004.
Patinho do Dirceu
O advogado e consultor José Dirceu de Oliveira e Silva ficou triste porque o Prefeito petista de Marica, Washington Quaquá, foi declarado inelegível por oito anos.
Aliado do Zé, Quaquá pagou o pato com base em Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).
A Juíza da 55ª Zona Eleitoral, Juliane Guimarães, determinou a cassação de eventual registro da candidatura ou do diploma do político (no caso de Quaquá vencer as eleições).
A punição atrapalha os interesses do consultor petrolífero Dirceu na região de Marica – em cujo litoral, na hora conveniente, será anunciada a descoberta de um mega-campo de exploração de ouro negro.
Botando para fora
De janeiro de 2008 a junho de 2012, o Governo brasileiro, por meio do Ministério da Justiça, instaurou 3.978 processos de expulsão de estrangeiros presos no país.
No mesmo período, 1.511 deles foram efetivamente expulsos – em geral após o cumprimento da pena imposta ao estrangeiro pela Justiça brasileira.
Os números serão discutidos no Seminário sobre Presos Estrangeiros, que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realiza, sexta-feira, na Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB/RJ).
Preju do Rasante
Sempre com problemas de falta de verbas para manutenção e treinamento, a FAB terá de gastar uma graninha para bancar o conserto das vidraças quebradas, domingo passado, após um voo rasante de um jato da Esquadrilha da Fumaça.
A Aeronáutica vai até punir, com afastamento temporário, o piloto do F-2000 que ultrapassou a velocidade adequada, atingindo 1.100 Km/h, e gerando um deslocamento de massa de ar que detonou as vidradas do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto.
Para consertar os vidros do STF, a Força Aérea terá de gastar uns R$ 35 mil, e no Palácio do Planalto, uns R$ 40 mil ou R$ 50 mil.
Suprema homoafetividade
O reconhecimento da união estável dos casais homoafetivas foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal no dia 5 de maio do ano passado.
O voto que prevaleceu no julgamento foi o do ministro Ayres Britto, atual presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça:
“Consignado que a nossa Constituição vedou às expressas o preconceito em razão do sexo e intencionalmente nem obrigou nem proibiu o concreto uso da sexualidade humana, o que se tem como resultado dessa conjugada técnica de normação é o reconhecimento de que tal uso faz parte da autonomia de vontade das pessoas naturais, constituindo-se em direito subjetivo ou situação jurídica ativa”.
Para o ministro, a Constituição proíbe a discriminação das pessoas – seja em razão do gênero ou opção sexual.
Postado pelo Lobo do Mar