segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O insuportável ignóbil da Silva

Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira



Incomparável para muitos, abominável para outros, o ignóbil nasceu predestinado a tornar - se um emérito mandrião.

Emergiu no palco sem um dos dedos da mão, e para compensar a medonha deficiência física esmerou - se em explorar ao máximo seus outros atributos, desde um ego desvairado, ao cinismo na sua expressão máxima.

Ao contrário dos demais ou da maioria, beneficiou - se com a falta de escrúpulos e sem a chamada consciência, que volta - e - meia aporrinha muita gente.

Assim, liberto de uma série de amarras, que inibem as maiores e menores patifarias e seus diligentes patifes, o melífluo farsante seguiu em frente.

E foi longe.

Nascido entre uma gentalha famosa por ser jeitosa ao extremo, o seu maneiro habito de não apegar-se a nenhum princípio, em particular daqueles que deveriam forjar o caráter do ser humano, pode travestir - se de qualquer coisa, e se num dia era contra, no outro era a favor, e vice - versa, conforme seus interesses. Uma metamorfose, e o pior, ambulante.

E o povaréu admirado, aplaudia.

 “É o cara, é o nosso retrato, é tudo o que eu queria ser”, bradou um fã exaltado e invejoso.

Ignóbil, no início agradecia aos céus por tanta benevolência, depois, mais ufanista de si mesmo, apenas se olhava no espelho e dizia, “mas eu sou bom mesmo”.

Assim, sem freios, como qualquer malandro gostaria de ser, descobriu o Brasil, nada fez, nada construiu, contudo foi o que mais gastou, mais inaugurou, mais anunciou, e mais viajou.

Ao longo do tempo, aprimorou - se, agigantou – se, endeusou – se, e subiu num altíssimo pedestal.

Acima de todos, submeteu vassalos, amealhou criadagem, fez fortuna, cooptou adversos, criou cátedra, fabricou dirigentes e elegeu - se a estátua de si mesmo, e como tal, ao passar esperava o devido respeito de seus súditos.

Criava – se, assim, o ícone da bandalha.

Espantosamente, cresceu nas promessas não cumpridas, nos discursos insossos, nas mentiras deslavadas, nas contradições do dito no dia anterior, hipnotizando platéias com sua estrondosa capacidade de acusar inocentes, de elogiar canalhas, de atropelar as leis e de protagonizar atitudes e gestos cafajestes sem o menor pudor.

De fato, colocou - se acima de regras, de princípios e seu despudor foi tamanho que embevecidos pretenderam santificá - lo. Antes, foi abonado como Doutor Honoris Causapor diversas entidades. Um espanto.

Mas eis que de repente, ele saiu de moda, ficou repetitivo. Chegara ao fim seus momentos de gloriosa impunidade?

 E começou a desmilinguir - se.

O abjeto perdera o seu charme, esvaíra o seu dom de enganar, de inventar, de prometer.  Nos palanques, um vazio. Nem pagando audiência.

E o circo começou a desmoronar, e surgiram estridentes vozes de revolta, de insatisfação, e levantada a tampa da panela, de seu interior o cheiro fétido de corrupções e de enganações.

Revela - se que o pobre ignóbil de há muito era um dos mais ricos homens do Brasil, e olha que esmerou - se em distribuir esmolas e bolsas, mas triste realidade, com o dinheiro dos outros, enquanto, paralelamente, enchia o seu pé de meia.

O sussurro de “o rei está nu”, encaixou - se como uma luva no velhaco, e parece que vai se espalhando pelos rincões desta terra, e alguns esperam que o tímido murmúrio se transforme num grito uníssono: “o farsante está nu”.

 Infelizmente, o Brasil não está mudando, apenas cansou – se das mesmas baboseiras vomitadas à exaustão e pelo seu ridículo desempenho no repetitivo papel de “o maior brasileiro de todos os tempos”.  

Mas, oxalá, a indigesta mídia que divulga que o Julgamento do Mensalão não afetará as próximas eleições, não promova a volta do “mala sem alça” para a desgraça da Nação.

Brasília, DF, 01 de outubro de 2012

Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira

Postado pelo Lobo do Mar
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STF derruba mentira do caixa dois inventada por Lula.



POR CARDOSO LIRA


O STF (Supremo Tribunal Federal) selou nesta segunda-feira (1º) o entendimento de que o mensalão foi um esquema de desvio de dinheiro público para a compra de votos parlamentares e apoio político nos primeiros anos do governo Lula (2003-2010). Para a maioria dos ministros, o objetivo era aprovar projetos de interesse do Executivo no Congresso, como a reforma da Previdência.
 
Com esse julgamento, o Supremo rejeitou a tese da defesa de que houve um caixa dois eleitoral, defendido pelos acusados nos últimos sete anos e que beneficiaria os réus pois já estaria prescrito.
A decisão dos ministros também rebate a tese do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o mensalão era uma farsa.
 
Os ministros do STF já consideraram válida a primeira parte da acusação, a de que houve desvio de verbas públicas que, misturadas a empréstimos bancários fraudulentos, abasteceram o esquema que envolveu o empresário Marcos Valério, seus sócios e funcionários nas agências de publicidade, além da cúpula do Banco Rural.
 
Agora, só falta confirmar quem corrompeu. Estão entre os acusados o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o ex-presidente do PT, José Genoino. O relator do caso, ministro Joaquim Barbosa, deve começar a tratar dessa fatia na quarta-feira.
 
Até agora, o Supremo já condenou 21 dos 37 réus por crimes como, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. Entre eles estão os principais líderes do esquema: como Marcos Valério, a dona do Banco Rura, Kátia Rabello, além de Jefferson e dos deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e João Paulo Cunha.
 
Foram inocentados quatro réus : Geiza Dias, funcionária de Valério, Ayanna Tenório, do Banco Rural, Antonio Lamas, do ex-PL (atual PR) e do ex-ministro Luiz Gushiken, por falta de provas.(Da Folha Poder)

POSTADO PELO LOBO DO MAR

Dilma não tirou nem 500.000 da miséria. São 16,2 milhões, segundo o IBGE.


Por Cardoso Lira

Dilma, em 2011, reconhece que são 16 milhões em extrema pobreza. Agora já dizem que são apenas 8 milhões. Até agora, só 500.000 foram atendidas. Ouçam o que ela prometeu, há um ano atrás, quando lançou o Brasil Sem Miséria.
O número de miseráveis no Brasil caiu 5,5%, de 2009 a 2011, período que cobre o fim do governo Lula e os primeiros meses do mandato da presidente Dilma Rousseff. Em setembro de 2011, havia no país 8 milhões de pessoas na extrema pobreza, conforme estimativa preliminar informada ao GLOBO pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Os dados foram calculados com base na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2011), do IBGE. É a primeira pesquisa que vem a público sobre a redução da miséria durante o governo Dilma, que assumiu o cargo com a promessa de erradicar a pobreza extrema até o fim de 2014.
Como utiliza dados de setembro de 2011, a estimativa ainda não capta efeitos do Brasil sem Miséria e do Brasil Carinhoso, programas lançados pela presidente. Mas especialistas acreditam que Dilma corre o risco de terminar o mandato sem cumprir sua principal promessa de acabar com a pobreza extrema. De acordo com o ministério, o número de miseráveis caiu de 8.520.271, em 2009, para 8.054.775, em 2011, uma diminuição de 465 mil pessoas no universo de extremamente pobres, conforme a Pnad. O governo considera miserável quem tem renda mensal familiar de até R$ 70 por pessoa.
Em números absolutos, mantido esse ritmo, seriam necessários oito anos para fazer cair pela metade o total de extremamente pobres no Brasil. Assim, para conseguir uma queda de 50% em três anos, até 2014, o governo precisaria quase que triplicar a velocidade verificada no biênio 2009-2011. — A possibilidade existe, mas é remota — diz o administrador Ricardo Teixeira, coordenador do curso de Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas. 
O orçamento do Bolsa Família é de R$ 20 bilhões, em 2012, o equivalente a 0,45% do PIB (Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos no país, num ano). O programa atende a 13,7 milhões de famílias ou cerca de 55 milhões de pessoas.A Pnad é uma pesquisa por amostragem realizada anualmente. Só não ocorre uma vez por década, quando o IBGE faz o censo, com entrevistas em quase todos os domicílios do país. Os resultados do censo tendem a ser mais confiáveis, enquanto o ponto forte da Pnad são as comparações de um ano para outro ou num período mais curto do que uma década.

O censo de 2010 indicou a existência de 16,2 milhões de miseráveis ou 8,5% da população, o dobro do indicado pela Pnad. Mas, de acordo com Osório, do Ipea, não é possível comparar dados do censo e da Pnad, já que as metodologias são distintas. A Pnad indica tendências e variações ano a ano. Foi com base na Pnad de 2008 que o governo Lula anunciou que conseguiu antecipar a meta de um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da ONU, que previa a redução pela metade, até 2015, dos índices de miséria de 1990. E será com base na Pnad que Dilma saberá se cumpriu ou não a promessa de erradicar a miséria até 2014. (O Globo)
 
Postado pelo Lobo do Mar

Que é Democracia?





Por Arlindo Montenegro

Pois me ensinaram que é o governo feito pelo povo, através de seus representantes eleitos que criam as leis, que obrigam igualmente a todos. Assim ninguém pode passar a perna no outro. Principalmente se for eleito prá atuar no congresso, assembleias estaduais, vereadores municipais, eleitos para trabalhar em benefício dos eleitores, nunca para enganá-los ou roubá-los.
É bem diferente de uma ditadura, quando um partido coloca um sujeitinho representando um partido, dita leis que todos devem obedecer, sem tugir nem mugir. Ai de quem manifestar desconfiança! Ai dos que ousem ser contrários. Os dissidentes são impiedosamente exterminados. As liberdades duramente conquistadas são atiradas ao lixo.

O ditador e sua corte, os membros e apoiadores do partido podem deitar e rolar. Estão acima das leis que valem para todos, menos para eles. As safadezas dos ditadores e seus asseclas são mantidas em segredo. E atingem perversamente o povo que cria a riqueza da nação.

E o povo nem conta com os funcionários do poder judiciário que também obedecem e defendem os interesses das políticas de submissão às ordens de organismos externos, controlados pelos interesses de mega empresas e banqueiros controladores do mundo.

Esta nossa democracia mutilada, está submetida a uma rede de altas finanças, política, grupos fechados em crenças, ideologias e atividades secretas, que ditam as regras. Lidando com isto as pessoas desenvolvam um sentimento de impotência, sem saber por que é tão difícil e perigoso sobreviver dignamente.

Os jovens tendem a abraçar o ambiente do presente sem futuro. Estão descerebrados pelos mecanismos de alta tecnologia que espalham mensagens subliminares a torto e a direito. Os mais velhos compartilham a perplexidade ou buscam meios para desafiar a insanidade coletiva.

A ausência de uma sólida base moral individual, lastreada em crenças e valores familiares mais próximos da lógica e da razão, resulta em anarquismo, ressaltando as imperfeições humanas é resultado das políticas totalitárias. Este é um dos mecanismos mais destruidores, que atinge a mente, confunde o espírito, bagunça os costumes, enterra a cultura.

A corrupção internacional exercida pelos controladores e seus bancos é sistêmica. É resultado das estruturas políticas, sociais e da economia de submissão, que concentra em mãos de oligopólios estrangeiros a direção das indústrias, da agronomia, da pecuária, da extração de minérios estratégicos, dos serviços e o que é pior: do próprio governo! Este que controla a informação e as escolas em todos os níveis.

Nestes dias alastra-se pelo Brasil, seguindo as ordens da ONU, dos clubes que nem Bilderberger e similares, o modismo da inversão todos os conceitos e valores, embaralhando a percepção. Impõe-se a obediência cega à hierarquia do poder, cujo princípio basilar impede o livre pensamento e sua expressão, pra seguir que nem carneirinho o que diz o governo, a escola, a ideologia, a crença. Isto é: seguir a ordem que vem de cima. É proibido formar a opinião própria.

Entre nós são poucos com a sabedoria de A. Benayon, que cita o empobrecimento da população, estatisticamente mascarado quando os governantes propagam uma pretensa “distribuição de riqueza, considerando como “classe média em expansão”, núcleos familiares com disponibilidade mensal de pouco mais que 1 mil Reais.

Pouco mais que o “salário mínimo”, que mal cobre as despesas de alimentação mensal de uma pessoa desnutrida, “apesar do Brasil ser extremamente rico em terras férteis, matas, biodiversidade, água, mares litorâneos, minérios preciosos e estratégicos” e gente teimosa que nem percebe a corrupção pública e privada, escondida pela seletividade da informação, que jamais cita com clareza as safadezas do crime empresarial e bancário

T.S. Elliot diz que “não existem causas perdidas, porque não existem causas ganhas -- de geração em geração o homem trava as mesmas batalhas, em trajes diferentes, e assim deverá ser até o fim dos tempos”. Prefiro acreditar nas possibilidades humanas e nos ganhos intrínsecos aportados pelo saber: “Buscai a verdade e a verdade vos libertará”. E noutra regra que indica esquecer o combate ao mal e lutar pelo bem. Com os olhos abertos. Bem informado. Com capacidade crítica.


Por Reinaldo Azevedo

Uma contribuição à memória na semana em que Dirceu começa a ser julgado: assessor e carregador de malas do réu do mensalão tinha autorização para sacar dinheiro da conta de Valério no Banco Rural

Pois é… Na semana em que José Dirceu começa a ser julgado no Supremo, cumpre lembrar uma reportagem da VEJA publicada no dia 3 de agosto de 2005.  Sabem quem tinha uma autorização para sacar dinheiro da conta de Marcos Valério no Banco Rural? Um senhor chamado Bob Marques. E quem era Bob Marques? Assessor direto de José Dirceu e, literalmente, seu carregador de malas. O tal saque, descobriu-se depois, acabou sendo feito por outra pessoa. Naquele caso ao menos, o Bob não fez uso do tal documento. Mas tinha, sim, a autorização, o que era certamente uma coincidência… Alguém deve ter cometido um erro e, sem querer, acabou emitindo a autorização em nome do assessor de Dirceu, acertando em cheio até o número de seu documento! Há coincidências que só acontecem com petistas.
Leiam a reportagem, intitulada “Aonde Dirceu vai, o Bob vai atrás”. O assessor recorreu à Justiça para receber da VEJA R$ 100 mil de indenização por danos morais. O pedido foi negado pelo juiz Manoel Luiz Ribeiro, da 3ª Vara Cível do Foro Regional de Pinheiros, na capital paulista (aqui a está a decisão).
Segue a reportagem.
DÚVIDA – O que será que o ajudante Bob Marques carregava na mala da foto? Documentos, autorizações de saque, fotos de Fidel Castro? Os dois, segundo Bob, são amigos há mais de vinte anos (Foto: Ernesto Rodrigues/AE)
Não foi só o depoimento de Renilda Santiago que colocou o ex-ministro José Dirceu no epicentro do escândalo do mensalão. Um documento, apreendido pela Polícia Federal na agência do Banco Rural em Belo Horizonte, revela que, entre as pessoas autorizadas a sacar dinheiro das contas do publicitário Marcos Valério, estava um dos principais ajudantes de Dirceu, Roberto Marques, conhecido como “Bob”, que cuida da agenda e das contas do ex-chefe da Casa Civil. A descoberta surpreendeu a bancada petista na CPI dos Correios e provocou frisson entre os oposicionistas, que vêem no documento em poder da comissão o mais forte indício até agora da ligação de Dirceu com o esquema irregular de arrecadação de fundos. O documento, um fax com papel timbrado do Banco Rural, foi enviado à agência de São Paulo no dia 15 de junho do ano passado. Nele, um funcionário da agência mineira encaminha ao colega da Avenida Paulista uma autorização para o “sr. Roberto Marques receber a quantia de 50.000, referente ao cheque 414270, da empresa SMPB Comunicação”.
Os membros da CPI já sabem que, apesar da autorização dada ao ajudante de Dirceu, o saque foi feito no dia seguinte por Luiz Carlos Mazano, contador da corretora Bonus-Banval, que também estava autorizado a realizá-lo. A corretora informou que realmente tem um funcionário com esse nome, mas que o saque teria sido feito por um homônimo. O advogado da corretora, Antônio Sérgio Pitombo, vê armação. “Quando se associa o homônimo à corretora, o que se quer é agir de má-fé e desviar o foco das investigações da CPI”, diz. Não é a primeira vez que o nome da Bonus-Banval aparece na investigação do escândalo do mensalão. Em Brasília, as investigações identificaram saques no valor de 225.000 reais cujo autor é Benoni Nascimento de Moura, funcionário da Banval. A corretora diz que está realizando uma auditoria interna para descobrir se houve alguma irregularidade cometida pelo funcionário Benoni. Quanto a Roberto Marques, a Bonus-Banval diz que não conhece nem nunca ouviu falar do ajudante de Dirceu. Pouco se sabe ainda sobre as atividades da corretora paulista, exceto que ela empregou até o fim do ano passado como estagiária Michele Janene, filha do deputado José Janene, suspeito de ser um dos chefes do mensalão. Talvez um bônus do tipo banval.
O aparecimento de Roberto Marques deve pautar os debates da CPI dos Correios, que vai ouvir nesta semana a diretora financeira da SMPB, Simone Vasconcelos. Bob é uma espécie de secretário particular de Dirceu. Faz as vezes de motorista, de despachante e de carregador de bagagem. Funcionário da Assembléia Legislativa de São Paulo, ninguém sabe direito o que ele é realmente – só que está sempre na companhia de Dirceu. Em muitas ocasiões, foi visto circulando por gabinetes do Palácio do Planalto. Em março deste ano, Bob, sob o comando de Dirceu, foi um dos mais ativos operadores na campanha para a presidência da Assembléia Legislativa de São Paulo. A parceria entre Bob e Dirceu é tão intensa que o assessor chegou a representar oficialmente o então ministro da Casa Civil em solenidades, como a organizada pela Associação para Prevenção e Tratamento da Aids, realizada em 2003, em São Paulo. “Sou amigo do Zé há vinte anos. Faço companhia a ele nos fins de semana e ajudo no que for possível”, afirma Bob. Dinheiro de Valério? Ele garante que nada tem a ver com isso. É, segundo ele, coincidência ou armação. “Só em São Paulo existem 5.000 pessoas com o mesmo nome”, diz o amigo-secretário de Dirceu. “Nunca estive no Rural, não saquei dinheiro nenhum e se usaram meu nome foi indevidamente”, garante ele. O problema é que a CPI resolveu investigar e descobriu que a autorização foi, sim, dada ao assessor legislativo, embora ele não tenha sido o autor do saque. “Só pode ser então uma armação para complicar a vida do Zé Dirceu”, afirma. Esse Bob é mesmo esponja.
Acima, a autorização para o faz-tudo de Dirceu sacar R$ 50 mil da conta de Valério no Banco Rural. Quanta coincidência!!!
A confirmação de que o Roberto Marques do documento do Rural é o mesmo Bob ajudante de Dirceu foi dada a VEJA na última sexta-feira pelo deputado Carlos Abicalil, do PT de Mato Grosso. Sub-relator da CPI dos Correios, o parlamentar contou que foi procurado pelo próprio Marques na semana retrasada para tentar esclarecer o aparecimento de seu nome nos documentos contábeis do Banco Rural. Segundo o deputado, o assessor repassou o número de sua identidade e de seu CPF, para que ele pudesse conferir com os documentos em poder da CPI. O resultado da pesquisa, nas palavras do próprio deputado, foi o seguinte: “O número do RG conferia. Só não conferia o saque”, diz.
Dirceu sabia que o documento com o nome do ajudante apareceria cedo ou tarde. O próprio Roberto Marques contou ter conversado com o ex-ministro sobre o assunto muito antes de surgirem os rumores de que o papel existia. “Eu disse que não tinha nada a ver com isso.” Desde o início da semana passada, Dirceu procurava insistentemente falar com o presidente da CPI, o senador Delcidio Amaral. Na terça-feira, Delcidio foi à casa do ex-ministro, onde passou meia hora. Os dois tiveram uma conversa dura, segundo relatos ouvidos por membros da CPI. Oficialmente, discutiram sobre o andamento dos trabalhos da comissão. O ex-ministro demonstrou grande preocupação com a velocidade da investigação e, principalmente, com o vazamento de documentos – um estranho incômodo para quem, em tese, nada tem a ver com o assunto. Dirceu também defendeu que seu depoimento era desnecessário. Por fim, fez uma proposta indecorosa ao presidente da CPI. Sugeriu a Delcidio que barganhasse seu depoimento em troca da não-convocação do presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, cujo nome também apareceu como beneficiário do dinheiro de Marcos Valério. Delcidio desconversou. Outros parlamentares afirmam que Dirceu queria sumir ainda com a autorização de saque para Bob, sob a alegação de que era um papel avulso, sem validade jurídica. Sobre o aparecimento do nome de seu secretário particular, ajudante, amigo e, agora se sabe, pau para toda a obra, Dirceu mandou dizer que tudo indica tratar-se de uma “plantação” para prejudicá-lo. A convocação do ex-ministro para a CPI deverá ser aprovada nesta semana.

Postado pelo Lobo do Mar