sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Lula diz que não perderá para "vagabundo". E transforma problema policial em factóide político.
Por Cardoso Lira
O ex-presidente Lula disse ontem que quer percorrer o Brasil em 2013 e,
em tom de desafio, afirmou que não perderá para "vagabundo" e que seus
rivais terão que "trabalhar mais do que ele" para derrotá-lo. Ao
discursar na posse do novo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC, em São Bernardo, ele voltou a sinalizar que não descarta ser
candidato em 2014. "Só existe uma possibilidade de eles me derrotarem: trabalhar mais que
eu. Mas se ficar um vagabundo numa sala com ar-condicionado falando mal
de mim, vai perder."
Lula não nominou os adversários nem citou o depoimento do empresário
Marcos Valério, divulgado na semana passada, em que o operador do
mensalão o acusou de ter sido beneficiado pelo pagamento de despesas
pessoais com dinheiro do esquema. Apesar disso, Lula pediu que os aliados "não se preocupem muito com os
ataques". Antes, o evento já havia virado um ato de desagravo.
Sindicalistas e militantes da UNE e do MST usaram o microfone para
defendê-lo.
O tom beligerante seguiu no anúncio da intenção de viajar o país: "No
ano que vem estarei, para alegria de muitos e tristeza de poucos,
voltando a andar por esse país." O petista afirmou que pretende ajudar a
presidente Dilma Rousseff a governar, e o PT a eleger mais prefeitos e
governadores. Recentemente, o publicitário João Santana, marqueteiro do
PT em 2006 e 2010, disse à Folha que o ex-presidente é o melhor nome do partido para disputar o governo de São Paulo daqui a dois anos.
Interlocutores de Lula dizem que ele não descarta a sugestão. A aliados,
teria dito que não gosta de confusão, mas que está sendo chamado para a
disputa. Dias atrás, logo após a divulgação do depoimento de Valério, Lula
mencionou a hipótese de disputar ao afirmar que gostaria de contar com o
voto dos empresários.
Ontem, ele disse que "o que mais machuca meus adversários é o meu
sucesso". Lula ainda criticou a mídia ao afirmar que seus antecessores
governaram com o apoio da imprensa: "Havia um pensamento único."Segundo
aliados, Lula quer aproveitar o fim de ano para "refletir" sobre
seu papel em 2013 e começar a traçar o roteiro de seu giro pelo país,
com visitas a aldeias indígenas, quilombos e hospitais. Nos anos 90 e em
2001, Lula comandou as "caravanas da cidadania", que passaram por mais
de 400 municípios.
O petista aproveitaria o novo giro pelo país para se defender do
desgaste provocado pelo novo depoimento de Valério e pelas denúncias
contra sua ex-assessora Rosemary Noronha, indiciada pela Polícia
Federal.Ainda ontem, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, confirmou
ter recebido documentos de Valério sobre o suposto envolvimento de Lula
no mensalão. Gurgel, porém, adotou um discurso cauteloso sobre a participação do
petista no esquema, e lançou dúvidas sobre a credibilidade de Valério.
Disse que, em mais de sete anos do caso, Valério prometeu "declarações
bombásticas" que não se confirmaram.(Folha de São Paulo)
Postado pelo Lobo do Mar
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