Por Reinaldo Azevedo
Vamos conversar um pouco sobre política, a natureza de alguns políticos e a obrigação do jornalismo.
As capas
Duas capas da VEJA abriram a vereda para se chegar a dois grandes mistérios da República petista: a origem da dinheirama do mensalão e a da grana que pagaria o dossiê dos aloprados. E, tudo indica, as picadas conduzem a João Vaccari Neto, amigo pessoal do presidente Lula e figura de proa do petismo. O PT, como se tornou um hábito, nega tudo. Quanto vale uma negativa do PT? Quem vai responder a essa pergunta, como veremos, é o próprio Lula. Já chego lá. Antes, outras considerações importantes.
O depoimento do corretor Lúcio Funaro à Procuradoria Geral da República é dos mais contundentes. Segundo ele, Vaccari era o homem que cuidava da corretagem junto aos fundos de pensão das estatais. O esquema, na sua versão, era de uma espantosa simplicidade: essas instituições bilionárias faziam pesados investimentos em alguns bancos, e estes repassavam uma comissão ao partido. Relata reportagem da VEJA:
Entre 2003 e 2004, os três bancos citados pelo corretor - BMG, Rural e Santos - receberam 600 milhões de reais dos fundos de pensão controlados pelo PT. Apenas os cinco fundos sob a influência do tesoureiro aplicaram 182 milhões de reais em títulos do Rural e do BMG, os principais financiadores do mensalão, em 2004. É um volume 600% maior que o do ano anterior e 1 650% maior que o de 2002, antes de o PT chegar ao governo. As investigações da polícia revelaram que os dois bancos “emprestaram” 55 milhões de reais ao PT. É o equivalente a 14,1% do que receberam em investimentos - portanto, dentro da margem de propina que Funaro acusa o partido de cobrar (entre 6% e 15%).
Os cinco fundos de pensão, no caso, são Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica), Nucleos (Nuclebrás), Petros (Petrobras) e Eletros (Eletrobrás). Juntos, têm um patrimônio de R$ 190 bilhões. (ESTE PATRIMÔNIO ALIMENTA O BANDITISMO INSTITUCIONALIZADO E A CORRUPÇÃO EDÊMICA NO NOSSO PAÍS, POR ESSA FACÇÃO CRIMINOSA DOS PETRALHAS QUE SE ENCONTRA NO PODER DA REPÚBLICA).
Das negativas
Vaccari emitiu neste sábado uma nota acusando uma espécie de conspiração contra o partido. E atacou a revista VEJA, como era de se esperar. Comentei na semana passada as formas a que o PT recorre para tentar se safar das acusações. A Carta ao Leitor da revista desta semana (ver post) trata do assunto. Os petistas dedicam menos tempo a negar as falcatruas do que a acusar uma grande armação dos adversários em conluio com a famosa “mídia”.
Como sabemos, o PT chama “mídia” àquela coisa nefasta que noticia o que o partido não gosta de ler. Já as informações que atingem seus adversários são coisas do mais refinado “jornalismo”. Na entrevista que concedeu à Folha em 2005 denunciando a existência do mensalão, o então deputado Roberto Jefferson (PTB) asseverou que havia advertido Lula sobre o esquema. O Planalto sentiu cheiro de carne queimada: era de tal sorte grave a denúncia que o imbróglio poderia resultar numa acusação de crime de responsabilidade — de que poderia decorrer o impeachment. Na versão oficial, Lula ignorava a tramóia e não se lembrava de ter sido advertido por Jefferson. Era tão inocente que, ao fazer um pronunciamento sobre o caso, orientado por Márcio Thomaz Bastos, chegou a se dizer “traído” — só não disse quem o traiu.
O PT começava a popularizar o que acabou se transformando num clichê partidário e numa blague no meio político: a frase “Eu não sabia!” Pois é… "Eu não sabia"!
A bolada do PL
Lembram-se da bolada que o PT pagou a Valdemar Costa Neto, do PL? Reproduzo trecho de uma entrevista concedida pelo próprio: “A reunião foi no apartamento do deputado Paulo Rocha. Estavam lá os seguntes bandidos: Lula, o José Alencar, o Dirceu e o Delúbio. O presidente sabia o que a gente estava negociando. O Lula sabia o que o Dirceu estava fazendo. O Lula foi lá para bater o martelo. Lula foi lá pra autorizar essa operação.” O PL queria, inicialmente, R$ 20 milhões, deixou por R$ 10 milhões, mas recebeu um pouco menos, segundo Valdemar. E o pagamento foi feito depois que Lula já era presidente. O corretor Funaro, diga-se, operou para o chefão do PL — leia a reportagem de capa na VEJA desta semana.
Na Outra capa
O super Bandido Vaccari e os outros bandidos petistas estão bastante indignados com as duas mais recentes capas da VEJA. Entendo. O partido também não gostou desta:
Trata-se da edição nº 1914, de 20 de julho de 2005. E se lia lá:
Nas últimas quatro semanas, VEJA conversou com 29 autoridades para responder à pergunta primordial do escândalo atual: Lula sabia? Lula foi avisado de que deputados aliados receberam dinheiro para aderir à base governista? Lula foi alertado de que aliados vinham embolsando uma mesada de 30.000 reais para votar a favor das propostas do governo? VEJA entrevistou quatro ministros, cinco assessores, seis senadores, doze deputados e dois governadores, sendo que todos eles tiveram contato direto ou indireto com o assunto, e chegou a uma conclusão: o presidente Lula soube mais do que admitiu oficialmente até agora. VEJA encontrou cinco episódios nos quais o presidente estava presente quando se falou do chamado mensalão. O primeiro episódio identificado por VEJA aconteceu em 25 de fevereiro do ano passado, e o portador da notícia da existência do pagamento de mesada foi o deputado Miro Teixeira, na época líder do governo na Câmara. A quinta ocasião foi a única que já veio a público com detalhes. O alerta foi dado pelo deputado Roberto Jefferson, em 23 de março passado, no gabinete de Lula no Planalto.
O levantamento sobre o que chegou aos ouvidos do presidente tem uma evidente lacuna nas diferentes versões. O deputado Roberto Jefferson, desde a sua primeira e explosiva entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, tem dito que levou a denúncia do mensalão ao presidente Lula “em duas conversas”. Na semana passada, por meio da assessoria de imprensa, o deputado confirmou a VEJA que a primeira conversa com Lula aconteceu em 5 de janeiro deste ano, no Palácio do Planalto, tendo sido testemunhada apenas pelo ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia
O Ministério Público Federal enviou 33 perguntas ao corrupto Molusco sobre o mensalão. Uma das indagações é se Jefferson o advertira ou não sobre o esquema. Segundo informou a Folha de S. Paulo, Lula finalmente admitirá que foi, sim, avisado por Jefferson. É o que assegurou a capa de VEJA há quase cinco anos. E não só por ele. No post abaixo , vocês encontrarão quadros sintetizado as outras quatro vezes em que o presidente fora “avisado”. Lula também dirá que participou daquela reunião com o PL. Mas ignorava qualquer rolo com dinheiro.
Quanto vale mesmo a negativa de um petista com a importância de Lula? Por ela, pode-se estimar o valor da negativa de um petista com a importância de Vaccari. O comportamento das estrelas do partido varia muito pouco. Quando Hamilton Lacerda, assessor pessoal de Aloizio Mercadante, foi flagrado carregando a dinheirama do dossiê dos aloprados, o que disse o senador, então candidato ao governo de São Paulo e um dos beneficiários diretos da falcatrua caso ela tivesse prosperado? “Eu não sabia!” Para quem Lacerda ligou uma hora antes de passar a bolada aos outros super bandidos do PT? Para Vaccari.
Quando se descobriu que a Casa Civil, sob o comando de Dilma Rousseff, havia preparado um “dossiê” (eles adoram essas coisas) contra FHC e sua mulher, Ruth Cardoso, os petistas seguiram a sua aborrecida rotina: 1) o dossiê não existe; 2) se existe, o governo não sabia; 3) existe, mas não é dossiê…
Na estranha lógica do petismo corrupto e selvagem, esses escândalos só vêm à luz porque estamos em ano eleitoral, e tudo não passaria de uma guerra entre governo e oposição. O juiz que rejeitou, por enquanto, a quebra do sigilo bancário de Vaccari lembrou do especial cuidado que é preciso ter em tempos assim. Claro, claro… O curioso é que esses argumentos poderiam ter protegido o bando que atuou com José Roberto Arruda no Distrito Federal, não é mesmo? A eleição, de resto, é um motivo a mais para denunciar as safadezas. O eleitor tem o direito de saber dos fatos para decidir com mais clareza. O presidente vai admitir agora o que VEJA estampou na capa há quase cinco anos? Assim são as coisas.
Lula é este cara nocivo e mal carater: está sempre fazendo história. E tornando históricas as capas da revista. A cada semana, há uma VEJA nova nas bancas e na casa dos assinantes. E, como se nota, sob certo ponto de vista, a revista não muda. E isso é fazer história e todas as semanas surgem inúmeros novos casos de bandidagens lulo-petralha-molusquiano. Isto já passou do limite suportável pelo povo brasileiro.
Só agora o primeiro bandido da República, junto com o primeiro compadre e o primeiro bigode, vão admitir que fora, sim, advertidos por Roberto Jefferson sobre a existência do mensalão. Abaixo, as cinco circunstâncias que provam que eles sabiam da existência do super esquema de bandidagem. Os quadros estão naquela edição de VEJA de julho de 2005.
3ª Oportunidade
Perguntar justamente a Paulo Rocha se ele sabia de alguma coisa não deixa de ter a sua graça. A famosa reunião do PL com o PT, em que se acertou que o partido de Lula daria uma bolada de dinheiro para o partido de Valdemar Costa Neto (ver post anterior) aconteceu na casa de… Rocha! Lula vai admitir ao Ministério Público que participou do encontro, mas vai negar que soubesse do dinheiro. Em entrevista, Costa Neto o desmentiu: “Sempre soube de tudo”.
BANCOOP – ESCRITOR DENUNCIA DESESPERO, ARROGÂNCIA, AMEAÇAS E BANDIDAGEM DO PT.
Muitas pessoas “do povo” — em nome de quem o PT diz falar — foram lesadas pelas falcatruas da Bancoop. Como era um empreendimento de um sindicato tradicional, o dos Bancários de São Paulo, muita gente que exerce a desconfiança até como obrigação profissional acabou lesada. É o caso do escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão. Leiam a carta que ele enviou à VEJA. E mais um a denunciar a tática da intimidação a que recorre a direção da cooperativa.
Minha alma foi lavada com a reportagem “A casa caiu” (10 de março), sobre a Bancoop, que me confiscou - porque foi um confisco - 100 000 reais, pagos por meio de boletos, em três anos. O apartamento que comprei não saiu do 7º piso na Rua Bela Cintra, em São Paulo. Jamais conseguimos marcar uma audiência com João Vaccari Neto; ele é de uma arrogância ímpar. Algumas reuniões dos cooperados eram desesperadoras, tristes. Havia velhos que jogaram tudo o que tinham economizado, sacaram fundo de garantia e ficaram sem nada. Continuo a receber boletos me cobrando quantia semelhante à que coloquei no saco sem fundo da Bancoop. Sou ameaçado não de despejo, mas de processo, de penhora de bens.
Ignácio de Loyola Brandão
São Paulo, SP
Comento
Bem meus prezados amigos, o PT não é um partido político e sim uma mega facção criminosa e uma super máquina de cometer crimes e todos os tipos de bandidagens possíveis, o pior com a leniência das autoridades do nosso país e até da suprema corte. Como foi o caso da liminar a favor dos PMS do DF e contra as Forças Armadas, que continuam desarmadas militares flagelados por dois dos maiores bandidos e caudilhos da história da humanidade FHC e Molusco.