Por Reinaldo Azevedo
Roger Agnelli exerce a presidência da Vale segundo as leis vigentes no país, que obedecem a um ordenamento constitucional plasmado num regime de democracia plena. Se está fazendo uma boa ou uma má gestão na empresa, os acionistas é que podem dizer. E eles dispõem de mecanismos — também regulados por lei numa empresa de capital aberto — para intervir. Infelizmente para os mistificadores, os resultados são fabulosos. A melhor obra que um dirigente de uma empresa pode realizar, seguindo as leis de seu país, é garantir lucro aos acionistas. Não é pecado. Historicamente, o lucro fez a riqueza das nações, e o estado, a riqueza de alguns larápios.
Vivemos, claro, uma era em que o capitalismo voltou a ser demonizado — até pelos capitalistas. A genial Ayn Rand — não era uma grande teórica, mas tinha insights fantásticos — já se perguntava no livro What is Capitalism? que diabo mesmo era o tal “excedente social” que a Enciclopédia Britânica dava como uma das virtudes do capitalismo na comparação com sistemas anteriores. Numa síntese certeira, ela disparou: “Não existe, evidentemente, nada parecido com ‘excedente social’; toda riqueza é produzida por alguém e pertence a alguém”. Ela também ironizava aqueles que apontavam a “promoção do bem comum” ou ainda “a melhor alocação de recursos” como qualidades próprias do sistema. Quais recursos, cara pálida? De quem? Pra quê? Para Ayn Rand, a principal virtude do capitalismo, que realmente o distinguia de modelos anteriores, era a liberdade. Diante do Estado, é claro.
Sei que é uma pequena digressão. Dedico-me a ela para evidenciar que só se considera aceitável a ação troglodita e destrambelhada do governo para derrubar o presidente da Vale porque, no fundo, acredita-se que uma empresa pode e deve ser instrumento passivo da vontade do governantes, que ele vai chamar de “política pública”, “promoção do bem comum” e o diabo a quatro. Ninguém nega — nem a felizmente radical Ayn Rand negava, — que o estado tenha o seu papel no ordenamento da sociedade, mas ele não sabe produzir riqueza, não. E antes que a canalha petralha comece a gritar “E a Petrobras?”, respondo: a Petrobras é uma empresa de economia mista e só saiu da areia com o capital privado. Foi ele que lhe permitiu chegar ao pré-sal. Esta é uma verdade cristalina. E, se ele se ausentar, o petróleo vai ficar lá. Aliás, temos de tomar cuidado para que Lula não seja o fogueteiro precoce do que pode permanecer escondido sete mil metros abaixo do fundo do mar.
Essa gente quer negar o óbvio. Foi a privatização da telefonia que permitiu ao país entrar na economia na informação. Foi a privatização que fez da Vale a gigante que hoje realmente é. Foi a privatização que permitiu à Embraer ser um player internacional. O país não teve excesso de privatizações, mas falta. E é o capital privado, na cidade e no campo, que conseguiu fazer frente à demanda do crescimento chinês - ELE, SIM, O VERDADEIRO ELEMENTO A CONVERTER, AINDA QUE AD HOC, O PT À ECONOMIA DE MERCADO.
Ou alguém acha que essa gente realmente jogou no lixo — lugar adequado — as suas convicções dos 25 anos pregressos? Jogou nada! Dada a menor chance, recupera dos escombros da memória a sua tara estatista. É o que vemos agora. E isso na melhor das hipóteses. E QUE FIQUE CLARO: A CANDIDATA DILMA ROUSSEFF ESTEVE E ESTÁ NA LINHA DE FRENTE DA PRESSÃO CONTRA A VALE. EIS O QUE ELA NOS PROMETE!
Essa história da Vale está muito mal contada. Há caroço nesse angu que ainda não foi detectado, especialmente depois da entrada triunfal do coruscante Eike Batista na jogada. Os mandatos dos diretores da Vale terminam em 2011. Se as coisas não vão bem por lá — o que é piada —, os acionistas estão bem perto de pôr as cartas da mesa. Por que essa pressa agora? A, chamemos assim, eventual deformação ideológica, por si lastimável, parece ser apenas a hipótese mais benevolente para este avanço sobre a companhia. Haveria mais coisas aí? Há atores até agora ocultos nessa lambança? Eu aposto o mindinho no torno petista de modelar mistificações que sim! E não vou perdê-lo.
Elio Gaspari, num texto infelicíssimo, claramente favorável à ação do governo, considerou e recomendou: “Brigas desse tipo estimulam uma tendência para se tomar partido logo que o jogo começa. É muito melhor acompanhá-las dando razão aos dois lados.”
Uma banana! É muito melhor dar razão a quem tem razão e a quem segue o ordenamento jurídico do país. Mais: se isso é um conselho ao jornalismo, é coisa de quem ficou na janela, vendo a banda passar. Levanta e anda, Carolina!!! Ao jornalismo, parece, cabe é investigar os elementos dessa história que não são nada óbvios. Felizmente, os dois jornais que publicaram o conselho de Gaspari não o seguiram. Nesta quinta, em editorial, O Globo e Folha condenam a ação destrambelhada — e, para mim, suspeita — do governo.
Quanto a este blog e seus leitores… Bem, caras e caros, a gente sempre é bastante rápido em algumas coisas, não? Se anda como anta, pasta como anta, tem patas de anta, o olhar da anta, o cheiro da anta, o rabo da anta, o focinho da anta, não precisamos esperar o consenso para concluir: “É uma anta”.
EM EDITORIAL, FOLHA RECHAÇA AÇÃO INDEVIDA DO GOVERNO NA VALE
Felizmente, a Folha não se deixou levar por Elio Gaspari na questão da Vale e não confundiu a ingerência indevida do governo na companhia com uma mera partida de futebol — metáfora da predileção do “Guia” do jornalista — ou com uma rinha de galo. O editorial que segue põe as coisas nos seus devidos termos.
O que dizem Lula e Dilma e os fatos: Planalto só pagou 3,68% do R$ 1,68 bilhão previsto
Por Marcelo de Moraes, no Estadão
Cenário da campanha informal da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a região do Rio São Francisco não tem sido tão prestigiada em verbas federais. Em 2009, segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), para uma dotação de R$ 1,68 bilhão para projetos que tratam diretamente do rio, o Planalto pagou apenas 3,68%, cerca de R$ 61,8 milhões. No ano passado, a situação foi parecida. Do total de R$ 1,39 bilhão em dotações, só R$ 102,2 milhões foram liberados (7,31%). O levantamento foi feito pela assessoria de orçamento da liderança do DEM, com dados do Siafi de 9 de outubro.
Os maiores pagamentos feitos este ano foram para os projetos dos chamados eixo norte e eixo leste do rio. Para a “integração do Rio São Francisco com as bacias do Nordeste setentrional”, o eixo leste, foram R$ 33,9 milhões. Isso equivale a 6,45% do previsto, R$ 525,9 milhões.
O governo já tem empenhado este ano um valor bem significativo para esse projeto, chegando a R$ 321,5 milhões. Mas o pagamento de R$ 33,9 milhões representa pouco mais de 10,5% do total de empenho.
VALORES
Para a “Integração do Rio São Francisco com as bacias dos rios Jaguaribe, Piranhas-Açú e Apodi”, o eixo norte, foram pagos este ano R$ 17,5 milhões, o que representa 2,45% de uma dotação de R$ 718,7 milhões. É outro projeto que já tem bastante dinheiro empenhado para 2009: R$ 227,1 milhões, mas com pagamentos modestos.
Para “implantação, ampliação ou melhoria de sistemas públicos de esgotamento sanitário em municípios das Bacias do São Francisco e Parnaíba”, os pagamentos em 2009 foram de R$ 8,5 milhões , equivalente a 3,28% da dotação de R$ 261,2 milhões.
Já para o “projeto de recuperação e preservação da Bacia do Rio São Francisco”, com dotação de R$ 6,9 milhões, os pagamento deste ano foram de R$ 339 mil (4,86%).
COMENTO
"Meus prezados amigos e leitores deste humilde blog, é lógico que essa é só mais uma obra eleitoreira, visto que, ela vai se arrastar por muitos e muitos anos.
Não tenham dúvidas tudo que esse pessoal dessa facção do PT faz é pensando em se perpetuar no poder. Isso é muito claro, só não ver quem realmente não quer, ou quem faz parte da mesma".