Por Jorge Serrão
O ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem tudo para enfrentar
problemas sérios no desdobramento judicial do Mensalão. Confirmada a
condenação de seu ex-chefe da Casa Civil por corrupção ativa, será
impossível sustentar a tese de que José Dirceu agia sozinho na operação
de “compra” de partidos base aliada, sem que seu superior hierárquico
“soubesse de nada”. Sob a presidência de Joaquim Barbosa no STF, a
partir de 18 de novembro, o mito Lula deverá enfrentar o rigor da
Justiça – com o agravante de que agora não tem mais foro privilegiado
para se blindar.
Os votos de alguns ministros do STF, condenando Dirceu ontem, já deram
uma pista de um nome que será investigado no desdobramento da Ação Penal
470. Trata-se de Marcelo Sereno, amigo pessoal de Dirceu, de quem foi
assessor, e ex-secretário de Comunicação do PT. Sereno seria o elemento
direto de ligação entre a Casa Civil e o gabinete de Lula da Silva.
Sereno se torna alvo por suas ligações com Waldomiro Diniz e Carlinhos
Cachoeira – cuja CPI o PT faz de tudo para que acabe em pizza, antes que
macule a imagem de alguém poderoso do partido.
Embora Lula tenha pregado ontem a candidatos petistas que disputam o
segundo turno eleitoral que “é preciso manter a cabeça erguida”, após a
condenação de Dirceu, Lula sabe que é a sua própria cabeça que ficará a
prêmio daqui por diante. O sinal de alerta foi ligado com a reportagem
de setembro da revista Veja, na qual o empresário Marcos Valério,
operador do esquema, apontou Lula como o chefe do mensalão. Portador de
gravações-dossiês para serem usadas conforme a conveniência, Valério
também revelou que o PT usou R$ 350 milhões no esquema.
Assim que assumir a presidência do STF, o herói nacional Joaquim Barbosa
deverá retirar o estranho segredo de Justiça sobre o Processo
Investigatório 2.474. Os 77 volumes em sigilo apuram as supostas
irregularidades no convênio entre o Banco BMG e o Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS), com a participação da Empresa de Tecnologia e
Informações da Previdência (Dataprev), para a “operacionalização de
crédito consignado a beneficiários e pensionistas”. O caso dormita
“blindado”, desde 2007, no Supremo.
Foi com as mesmas informações desse caso (estranhamente em segredo) que o
Ministério Público Federal em Brasília entrou com uma ação na Justiça
Federal, por improbidade administrativa, contra o ex-presidente Lula e
seu então ministro da previdência Social, Amir Lando. Além de suspeitos
de favorecimento ao banco BMG (envolvido com as operações de Marcos
Valério), o MPF denunciou Lula e Lando por prática de “autopromoção”.
Ambos assinaram as cartas a aposentados e pensionistas oferecendo
crédito consignado via BMG.
Investindo nesse mesmo Processo Investigatório 2.474, Joaquim Barbosa já
autorizou a abertura de um inquérito para investigar repasses feitos
pelo esquema com o BMG para pessoas ligadas ao ministro do
Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e a outros políticos petistas. O
novo inquérito, que tramita na Justiça Federal em Belo Horizonte,
investigará repasses que beneficiaram pessoas ligadas aos deputados
Benedita da Silva (PT-RJ) e Vicentinho (PT-SP), além de dezenas de
outras pessoas e empresas que receberam dinheiro do mensalão. Tal
esquema só foi descoberto pela Polícia Federal quando a ação principal
do Mensalão já estava em andamento no STF.
A Procuradoria Geral da República já denunciou o deputado Carlos Bezerra
(PMDB-MT). Ele é acusado de favorecer as operações de crédito
consignado do Banco BMG, quando presidiu o Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS). O BMG é acusado de ter simulado empréstimos de fachada
para o PT e as agências de publicidade do empresário Marcos Valério
Fernandes de Souza para abastecer o esquema ilícito de pagamento de
propina. Gurgel também pediu a abertura de um inquérito independente
contra o deputado José Mentor (PT-SP) “para apurar os repasses efetuados
em seu benefício pelo grupo de empresas de Marcos Valério”.
Outra frente de negócios que pode bater em Lula. O MPF já mandou para a
Justiça Federal em São Paulo a apuração sobre o envolvimento da Brasil
Telecom (atual Oi), Telemig Celular e Amazônia Celular com Marcos
Valério. A Justiça Federal em Brasília da apuração sobre irregularidades
nas gestões realizadas pelos bancos Econômico e Mercantil de Pernambuco
perante o Banco Central. O MPF denunciou que tal gestão também teve o
intermédio de Valério. Incluindo os réus agora em julgamento no STF, o
mensalão tem 118 réus investigados em outras instâncias do Judiciário.
Quem conduz as investigações da nova frente do Mensalão é a mulher de
Roberto Gurgel, Procurador-Geral da República. A subprocuradora Cláudia
Sampaio Marques investiga o escândalo desde antes da gestão do marido. O
novo inquérito tem 77 volumes e mais de 13 mil páginas. O novo
relatório da Polícia Federal, com novidades sobre o caso, com 332
páginas, só chegou ao MPF em fevereiro do ano passado. Como o
Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, já avisou que pretende
destravar outras frentes de investigação sobre o escândalo, logo após o
veredicto no STF, o Mensalão e seus desdobramentos assombrarão Lula e a
petralhada agora e muito além da atual campanha municipal.
Jura que vai?
O PSDB, que sempre poupou Lula, agora ameaça entrar com representação na Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente.
O líder tucano no Senado, Alvaro Dias (PR), defende a tese de que Dirceu
e Lula agiam em conjunto e que não há argumento capaz de isolar as
ações de ambos.
"É uma heresia dar tratamento diferenciado ao ex-ministro e ao
ex-presidente", alega. "Lula não só sabia do esquema como participou de
toda a farsa. No mínimo ele cometeu crime de responsabilidade".
Reclamar é preciso
José Dirceu promete liderar um movimento político, com desdobramentos
internacionais, contra a sua provável prisão, após condenação no
Mensalão:
“Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a vingança, a
covardia moral e a hipocrisia que meus inimigos lançaram contra mim
nestes últimos anos, será minha razão de viver”.
Foi o que ele soltou ontem na adorável cartinha liberada assim que soube que estava condenado.
Impeachment
O ministro José Antonio Dias Toffoli demonstrou a previsível coerência e
lógica petista ao considerar José Dirceu de Oliveira e Silva inocente
da acusação de corrupção ativa no Mensalão.
O engraçado é que Toffoli era subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa
Civil, sob o comando direto de José Dirceu, quando Roberto Jefferson
jogou o Mensalão no ventilador do PT.
A oposição agora ameaça um movimento de impeachment contra ele, mas que
deve morrer na praia porque o governo tem maioria na Câmara e no Senado
para abafar tal iniciativa.
Mui amigo 1
Em seu voto, que causou mal estar no STF, Toffoli jogou toda a culpa em José Genoíno e Delúbio Soares, para livrar Dirceu.
Na hora de absolver seu ex-chefe Dirceu da acusação de corrupção ativa, Toffoli fez com que a emenda saísse pior que o soneto.
Tentando ironizar o MPF, alegou que Dirceu poderia ter sido denunciado
por tráfico de influência e corrupção passiva, mas nunca por corrupção
ativa.
Com um voto “a favor” deste tipo, Dirceu nem precisava de outros contra...
Mui amigo 2
Perguntinha idiota que não quer calar entre os militares da ativa,
principalmente no Forte Apache – sede do Alto-Comando do Exército, em
Brasília:
Quando será que José Genoíno será exonerado do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa?
Genoíno já está condenado pela maioria dos ministros do STF, mesmo faltando os votos de Celso de Mello e Ayres Britto.
Operação abafa
O relator da CPI
do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), já avisou que os trabalhos da
comissão serão encerrados em duas semanas mesmo que haja pedidos de
prorrogação das apurações.
A operação abafa dos petistas é para evitar qualquer relação entre o
empresário Fernando Cavendish, que comandava a empreiteira Delta, e o
governador Sérgio Cabral – aliadíssimo do Palácio do Planalto e
cotadíssimo para ser vice na futura chapa presidencial petista em 2014.
O maior temor petista é que a grana repassada da Delta para os
políticos, via esquema de Carlinhos Cachoeira, manche as obras do PAC e
atinja sua grande gestora, a Presidenta Dilma Rousseff.
Defesa para quem precisa
O Brasil deverá investir R$ 124 bilhões nos próximos 20 anos em projetos
estratégicos no âmbito das três Forças - Exército, Marinha e
Aeronáutica.
A nova política brasileira está explicitada no Livro Branco de Defesa
Nacional (LBDN), documento enviado em julho último ao Congresso
Nacional.
As prioridades são a ampliação do efetivo das Forças Armadas, construção
de submarinos, fortalecimento da defesa antiaérea, compra de novos
aviões de caça com transferência de tecnologia, reaparelhamento da força
terrestre e meios de defesa cibernética, com a proteção da rede de
internet.
É brinquedo, não...
A Receita Federal, o Inmetro e órgãos de Segurança Pública começaram
ontem, em vários estados do País, a Operação Brinquedo Perigoso .
O objetivo é fiscalizar diversos estabelecimentos com suspeita de
comercialização de brinquedos sem o certificado de qualidade Inmetro e
de mercadorias estrangeiras que ingressaram de forma irregular,
configurando suspeita da prática dos crimes de contrabando e descaminho,
sonegação fiscal e pirataria.
A operação vai retirar de circulação brinquedos que podem causar danos à
saúde da população, especialmente na semana em que se comemora o dia da
criança.
Recado divino?
Será que foi algum recado das forças superiores do Bem a imagem rara produzida ontem à tarde nos céus de Brasília?
Por sorte, o repórter fotográfico Gustavo Miranda, de O Globo, captou a belíssima imagem do arco-iris na Praça dos Três Poderes.
A foto só não mostra se havia nuvens negras sobre o Palácio do Planalto,
na hora em que o Supremo Tribunal Federal condenava Dirceu e
companhia...
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
Postado pelo Lobo do Mar