Por Jorge Serrão
Investidores estrangeiros e brasileiros da Petrobrás vão interpelar
judicialmente, nos Estados Unidos, a Presidenta Dilma Rousseff, o
Ministro da Fazenda, Guido Mantega, a atual e o ex-presidentes da
Petrobrás, Maria das Graças Foster e José Sérgio Gabrielli, além do
diretor financeiro da empresa, Almir Guilherme Barbassa, e Nestor
Cerveró, diretor financeiro da BR Distribuidora. Todos terão de explicar
o que está por trás da lesiva compra de uma refinaria tecnologicamente
ultrapassada, em Pasadena (Texas, EUA). Exemplo hediondo de “privataria
petralha”, a negociata deve gerar um prejuízo de até US$ 1 bilhão à
estatal de economia mista e seus acionistas. O escândalo gerencial é
alvo de uma auditoria no Tribunal de Contas da União.
O ato lesivo de desgovernança corporativa também é motivo de
questionamentos de acionistas ao Conselho de Administração da companhia,
que é presidido por Guido Mantega. A negociata foi fechada em 2006 na
gestão de Gabrielli, quando a então chefe da Casa Civil de Lula da
Silva, Dilma Rousseff, presidia o CA da Petrobrás. Na época, Dilma teria
sido contra a operação feita por Gabrielli, mas a reclamação dela de
nada adiantou, já que o presidente da empresa era (e continua sendo)
homem de super-confiança do chefão Lula. Este foi um dos motivos que fez
Dilma, quando assumiu o Planalto, substituir Gabrielli por Graça Foster
– que agora tem um bilionário prejuízo para resolver, não bastassem os
problemas de superfaturamento na refinaria Abreu e Lima (Rnest/PE) e no
Comperj de Itaboraí, e dos questionáveis projetos de refinarias premium
no Ceará e Maranhão.
O caso ganha repercussão midiática com as recentes reportagens do
Estadão e da revista Veja. Em janeiro de 2005, a empresa belga Astra Oil
comprou a Pasadena Refining System Inc por US$ 42,5 milhões. Em 2006,
os belgas venderam 50% das ações da empresa para a Petrobrás por US$ 360
milhões. Como a refinaria, defasada tecnologicamente, não tinha como
processar o pesado petróleo brasileiro, belgas e brasileiros fizeram um
contrato para dividir o megainvestimento de US$ 1,5 bilhão. Se houvesse
distrato, uma das partes teria de reembolsar a outra. Em 2008, como
houve briga, os belgas acionaram a Petrobrás a pagar U$ 700 milhões. Em
junho deste ano, perdendo a causa, a Petrobrás se viu obrigada a torrar
US$ 839 milhões para assumir o controle da Pasadena.
O negócio ruim ficará ainda pior. Na gestão Graça Foster, a Petrobras
tomou a sábia decisão de se livrar do mico texano – negócio articulado
por Gabrielli e tocado por seu diretor financeiro Almir Barbassa (que
continua no mesmo cargo na gestão Graça). Também participaram da
operação que agora rende um megaprejuízo Nestor Cerveró, diretor
financeiro da BR Distribuidora, e Alberto Feilhaber – que foi empregado
da Petrobrás durante 20 anos e que agora é vice-presidente da Astra Oil
(segundo a ficha dele no Linkedin).
Graça Foster está na encruzilhada por causa da herança maldita deixada
por Gabrielli. Colocada à venda, dentro da política de negociação de
ativos para reduzir prejuízos, a Pasadena recebeu uma única e ridícula
oferta de compra de US$ 180 milhões feita pela transnacional Valero,
sediada nos EUA. Como as operações temerárias de
Gabrielli-Barbassa-Cerveró torraram US$ 1,199 bilhão da Petrobrás, se a
venda for bem sucedida, a estatal de economia mista tupiniquim amargará
quase R$ 1 bilhão em perdas – o que vai afetar a péssima remuneração dos
irados investidores nacionais e internacionais – que vão brigar na
Justiça.
O desgaste de tal ação pode alimentar ainda mais a briga intestina entre
Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula da Silva – que agora é alvo de
uma campanha de desconstrução de imagem gerada pelo envolvimento de
pessoas íntimas dele em megaescândalos de corrupção. Não bastassem o
Mensalão, o Celso Daniel e o Rosegate, Lula pode ter problemas com o
Gabrielligate. Para piorar o cenário, Dilma Rousseff não tem mais teto
para permitir que Almir Barbassa continue na diretoria financeira da
Petrobrás, acumulando com a presidência da PFICO – o braço
financeiro-internacional da companhia. Dilma identifica Barbassa como um
braço de Gabrielli, mas não mexe com ele que é considerado o homem mais
poderoso da Petrobrás, acima até a presidente Graça.
Por que será que Dilma não mexe com o poderoso Barbassa? Talvez nem ela tenha condições de responder...
Reação no Conselho
O governo está em polvorosa com o teor de uma palestra ocorrida quinta-feira passada, no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro.
O engenheiro Silvio Sinedino, primeiro representante dos empregados no
Conselho de Administração da Petrobrás, proclamou uma verdade que doeu
no Palácio do Planalto e adjacências:
"O conselho não está decidindo os rumos estratégicos da Petrobrás. Isso é feito em outro lugar".
Postado pelo Lobo do Mar