Por Cardoso Lira
Oito anos após sua primeira greve de fome contra a transposição do rio São Francisco, o bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, 67, aponta uso eleitoral da obra pelo governo Dilma Rousseff. "O que está caminhando é uma propaganda política usando a transposição em vista das eleições do ano que vem, porque obras mesmo não estão acontecendo."
Em 2005, Cappio passou 11 dias sem comer em protesto contra o projeto. Pelo mesmo motivo, ficou 23 dias em jejum em 2007. Ele diz que seu protesto foi um "grito" que motivou uma "compreensão diferente" da realidade do rio. "Ele [protesto] aconteceu no momento certo e atingiu os objetivos." Frade franciscano formado em economia, Cappio diz acreditar que a obra iniciada em 2007 nunca será concluída. A mais recente previsão do governo federal é terminá-la em 2015, após o fim do governo Dilma.
"Ela é economicamente errada, ecologicamente errada, juridicamente anticonstitucional, socialmente é um absurdo prejudicial. Não é aprovada em nenhum quesito", afirmou o bispo. Apesar de o governo federal já ter gastado mais de R$ 3,5 bilhões e prever consumir outros R$ 4,2 bilhões até o fim de 2014, dom Cappio sugere que a obra seja refeita de maneira diferente. (Folha Poder)
Por Jorge Serrão
Não bastasse a gravíssima crise na Petrobras – cujos desdobramentos têm grande chance de levar o governo a nocaute, em curto prazo -, a Presidenta Dilma Rousseff já começa a sentir as primeiras manifestações públicas de um descontentamento, literalmente, “Generalizado”. Militares da ativa rompem o silêncio obsequioso. Em gestos simbólicos e em discursos cirúrgicos, Generais já começam a impor limites aos ataques assimétricos da turma do Foro de São Paulo que infesta o poder no Brasil.
Por trás da bronca, os oficias de quatro estrelas exigem mais verbas, rotatividade nos comandos das forças e, sobretudo, respeito pelas Forças Armadas como instituição garantidora da Pátria. A Comandanta em chefe das FFAA já foi informada, claramente, por assessores próximos que “a insatisfação militar começa a crescer e fugir do controle”. Acontece que Dilma, na costumeira arrogância e autossuficiência, já avisou que prefere “pagar para ver” e não acredita que os “militares percam a linha”.
Ontem, em São Borja, no Rio Grande do Sul, foi emitido o primeiro sinal de que a paciência da caserna está se esgotando. O Comandante Militar do Sul, General de Exército Carlos Bolivar Goellner, deixou claro, publicamente, que a recepção aos restos mortais do ex-Presidente João Goulart, com honras militares, represente uma retratação histórica do EB com Jango (conforme sugere o governo). O Oficial de quatro estrelas e membro do Alto Comando do Exército foi direto: “Nenhum erro histórico. A História não comete erro. A História é a História. As instituições não mudam na história. Não há nenhuma modificação em relação ao Exército”.
O General Bolivar aproveitou para desmentir outra mentira repetida pela reformada historiografia do governo petralha, segundo a qual Jango fora enterrado em dezembro de 1976, às pressas, sem honra de chefes de Estado a que teria direito como ex-Presidente da República. Bolivar foi claro, novamente: “Ele não foi enterrado como cidadão comum. Ele nunca deixou de ser presidente. Estamos prestando as honras regulamentares, nada mais do que isso. Não tem nenhuma outra ilação além disso, nem a favor nem contra”.
Nos bastidores do poder, a declaração pública do General Bolivar pode ser interpretada como um recado. Nos bastidores, ele é citado como o favorito a substituir o General Enzo Peri no posto de Comandante do Exército. A Presidenta Dilma, no entanto, nada fala sobre troca dos três oficiais generais que comandam o EB, a Marinha e a FAB desde o governo Lula – em uma incomum falta de rotatividade que desrespeita a carreira militar. Nem nos tempos da “dita-dura” se descumpriu o princípio da alternância de comandos – e os chefes militares tinham status de ministros, até que Fernando Henrique Cardoso instituiu o Ministério da Defesa.
O breve recado do General Bolivar pode até lhe custar o futuro comando do EB. Mas deixou clara que a insatisfação dos militares com a guerra irregular promovida pela petralhada contra as Forças Armadas tem um limite.
O Alerta Total de ontem continua valendo. O desgoverno petralha nunca esteve sob tanta pressão. Qualquer erro – e eles cometem muitos – pode ser fatal para o projeto de perpetuação no poder. Por isso, releia: Oligarquia Financeira Transnacional jádecidiu que PT deve ser tirado do Palácio do Planalto em 2014
Atenção! Não existe “golpe em marcha” – como podem supor alguns que sonham com uma reedição de 1964. Mas tudo pode acontecer quando um governo perde sua base de sustentação na geopolítica globalitária. O desgoverno petralha está órfão. Por isso, será substituído. O problema é se a troca atenderá aos verdadeiros interesses do Brasil.
O cenário mais provável é uma mudança para substituir apenas as marionetes titulares. É a sina de um país subdesenvolvido, sem soberania e projeto de Nação...
Mensaleiragem
Em livro, ex-Secretário Nacional de Justiça, acusa Gilberto Carvalho de tentar plantar dossiês contra tucanos.
Vai ser uma correria, um turbilhão de desmentidos indignados, um grande auê quando, nas próximas horas, começar a circular a edição de VEJA contendo uma longa entrevista do delegado Romeu Tuma Junior, ex-secretário Nacional de Justiça, na qual, entre outras coisas, ele conta que uma figura política de dimensões nacionais era informante do pai, Romeu Tuma, quando chefe do DOPS — a polícia política de São Paulo durante a ditadura.
Delegado concursado da Polícia Civil de São Paulo, Tuma Junior foi demitido a Secretaria Nacional de Justiça em junho de 2010, último ano do governo Lula, pelo então ministro Luiz Paulo Barreto. “Tuminha”, como é conhecido, teve conversas telefônicas gravadas com Li Kwok Kwen, comerciante acusado de ser contrabandista e suposto integrante da máfia chinesa em São Paulo. Até agora, nada se comprovou de irregular na conduta do delegado, que, pretendendo limpar o nome, decidiu escrever um livro, Assassinato de Reputações — Um Crime de Estado.
Além da revelação-bomba referida no início deste texto, Tuma conta outras passagens nada dignificantes ocorridas no seio do poder. Como, por exemplo, quando recebeu do Planalto um suposto dossiê e a incumbência, que tiveram como pombo-correio o atual secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, de dar um jeito para “fulminar” um governador da oposição.
Ele narra também um episódio em foi chamado ao Congresso para reunir-se com um deputado e um senador do PT — este, hoje, é ministro de Dilma — para, supostamente, tratar de projetos de interesse do governo Lula. Na verdade, o encontro se destinava a entregar ao delegado um pendrive que conteria um dossiê (mais um) contra um eminente senador da oposição. “A exigência era que eu plantasse uma investigação em cima dele”, revela Tuma.
O que Tuma Junior diz saber sobre circunstâncias envolvendo o assassinato do prefeito Celso Daniel também dará o que falar… Como se vê, vale a pena esperar mais algumas horas para ler a entrevista do delegado. (Do Blog do Ricardo Setti, na Veja)
Apartamentos do Minha Casa, Minha Vida, na Baixada Fluminense, são inundados
Na VEJA.com:
Moradores de três conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida, em Queimados, na Baixada Fluminense, tiveram suas casas invadidas pela água da chuva que atingiu o estado do Rio na noite de quinta-feira. Revoltados com a inundação e com falta de ajuda do governo durante esta sexta-feira, cerca de 300 pessoas fecharam a Rodovia Presidente Dutra, principal ligação rodoviária entre Rio e São Paulo, durante duas horas. A interdição causou um engarrafamento de mais de dez quilômetros nos dois sentidos da via.
Moradores de três conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida, em Queimados, na Baixada Fluminense, tiveram suas casas invadidas pela água da chuva que atingiu o estado do Rio na noite de quinta-feira. Revoltados com a inundação e com falta de ajuda do governo durante esta sexta-feira, cerca de 300 pessoas fecharam a Rodovia Presidente Dutra, principal ligação rodoviária entre Rio e São Paulo, durante duas horas. A interdição causou um engarrafamento de mais de dez quilômetros nos dois sentidos da via.
De acordo com as pessoas que participaram da manifestação, a água invadiu os apartamentos através dos ralos e atingiu cerca de um metro de altura. Proprietários dos apartamentos térreos foram os mais prejudicados: perderam fogões, geladeiras, sofás e roupas. No fim da tarde, a Prefeitura de Queimados decretou estado de emergência devido aos danos causados pela chuva. Em nota, a prefeitura informou que a tempestade foi uma das piores na história da cidade. O pluviômetro localizado no Morro da Caixa D’Água, no Centro da cidade, mediu 90,5 milímetros de chuva em quatro horas, o equivalente ao que choveu em todo o mês de janeiro de 2012.
De acordo com levantamento preliminar da Defesa Civil, seis casas foram interditadas, 440 pessoas ficaram desalojadas e 70 desabrigadas. Foram registrados 13 deslizamentos de terra.
Mensaleiros perdem as mordomias na Papuda.
Familiares do Dirceu, Delúbio e outros mensaleiros vão ter que chegar cedo para pegar ficha na Papuda. Começa o castigo, essencial para a recuperação dos criminosos.
Após a visita fora do horário regular de parlamentares e familiares aos presos do mensalão causar a revolta de parentes de outros detentos em Brasília, a Justiça determinou ontem tratamento igual a todos os visitantes. Com isso, suspendeu a permissão dos encontros às sextas-feiras, quando parentes de detentos especiais, como ex-policiais, vão ao Complexo Penitenciário da Papuda. Os familiares e amigos de José Dirceu, Delúbio Soares e outros condenados no mensalão deverão, agora, enfrentar a longa fila em frente ao presídio e terão de se submeter ao cadastro prévio, como qualquer parente de preso.
A decisão do juiz Bruno Ribeiro, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, veio após pressão da Promotoria e da Defensoria Pública. Juízes da vara, incluindo Ribeiro, haviam determinado em novembro, de forma genérica, o tratamento igualitário. Mas, como as visitas aos presos do mensalão fora do horário continuaram a ocorrer, o magistrado emitiu a nova ordem, mais específica.
"O Ministério Público do Distrito Federal noticiou a esta vara que os sentenciados receberam novamente visitas em dia em que os outros internos não podem receber, o que fere o tratamento isonômico que deve ser conferido aos sentenciados", escreveu. Ribeiro não tratou das visitas de congressistas. A Secretaria de Segurança do DF diz que eles podem entrar na prisão a qualquer momento por ser prerrogativa do cargo.
O dia normal de visitas é quarta ou quinta. Pelas regras da Papuda, podem se cadastrar dez pessoas, mas só quatro fazem a visita por vez. Dos dez cadastrados, nove devem ser familiares dos presos. O tratamento aos condenados do mensalão irritou familiares de detentos comuns. Mulheres de presos organizam um abaixo-assinado por melhorias e dizem já ter quase 1.000 adesões. O documento será entregue na próxima semana ao Ministério Público do Distrito Federal. "Por que eles podem tudo e a gente nada?", questiona uma delas, que pediu para não ter o nome publicado.
As visitas são um dos pontos abordados. As mulheres defendem que sejam distribuídas senhas dois dias antes. Atualmente, isso ocorre só na manhã do dia da visita. Parentes costumam pernoitar para conseguir uma senha cedo e frequentemente há desorganização e correria. Os familiares querem ainda permissão para montar barracas perto da entrada da Papuda, onde pernoitam. Militantes do PT haviam instalado tendas quando os presos do mensalão chegaram.
Outras reivindicações são o retorno do banho de sol aos fins de semana e feriados, que elas relatam ter sido cortado, melhora na qualidade da comida e a presença de médicos --os detentos contam que geralmente são atendidos por enfermeiros. O coordenador do núcleo de execução penal da Defensoria Pública, Leonardo Moreira, diz que já enviou ofícios à Justiça e à Secretaria de Segurança sobre descumprimento dos banhos de sol. "O argumento apresentado é que falta efetivo." Ele também tem relatos de refeições cruas e insuficiência de médicos.
A secretaria afirmou que o banho de sol é feito todos os dias e que "em algum caso pontual" pode não ocorrer. Disse ainda que a comida é a mesma para todos os detentos e que há atendimento de médicos, enfermeiros, dentistas e psicólogos. Sobre o atual sistema de visitas, diz que é "o melhor para organizar a entrada". (Folha de São Paulo)
POSTADO PELO LOBO DO MAR