segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Vazamentos da PF indicam que Dilma teria domínio dos fatos sobre como Rose agia para Lula e Dirceu

Por Cardoso Lira


Justiça manda PF fazer apreensão surpresa de documentos e equipamentos de amiga de Lula em SP


Operacão Abafa.

O Painel da Folha informa que "Dilma Rousseff recebeu no início da tarde de ontem informação do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) de que a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, não teve o sigilo telefônico quebrado. O potencial explosivo estaria nos e-mails e documentos apreendidos com ela. Autoridades que acompanham o caso estranharam o fato de a PF não ter pedido a interceptação dos telefonemas de Rose, nomeada para o cargo pelo ex-presidente Lula."

É a Operação Abafa para proteger o Chefe. É óbvio que as gravações existem e que foi a partir delas que a chefe de gabinete passou a ser investigada. Segundo fontes da PF, existem 122 gravações de candentes diálogos entre a Rose e o Tio.

 



"O Aviltamento do Marxismo pelos oportunistas e  corruptos que estão no  poder da República. Nesta premissa,     Nenhum bandido ou político  farsante   escapará   da     vala     comum reservada aos falsificadores   da   história". (Cardoso Lira)





Maracutaia no coração do poder. A “mulher de Lula”, “Os Donos do Poder”, o Capítulo 5 de “Raízes do Brasil” e as “relações ancilares” de “Casa Grande & Senzala”. Ou ainda: Governo merece vaia, não aplausos!

O mais recente escândalo, revelado pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, vem à luz com alguns aspectos jocosos, o que contribui, em boa medida, para lhe tirar a devida gravidade. Curiosamente, a personagem que serve para rebaixar a importância da lambança é justamente Rosemary Nóvoa Noronha, nada menos do que chefe de gabinete da representação da Presidência da República em São Paulo. Dito de outra maneira: quando a presidente está em terras paulistas, para aquele escritório se transfere a sede do poder. E por que o tom quase jocoso de certo noticiário?
Segundo o que se sabe até agora, e não é muita coisa, parece que ela se contentava “com pouco” para os padrões petistas: um cruzeiro promovido por uma dupla sertaneja, uma grana para pagar a cirurgia plástica, uma ajudazinha para custear os armários, apoio para fazer o divórcio… Uns R$ 5 mil aqui, outros R$ 7 mil ali… Nessas horas, sempre lembro de um depoimento de Delúbio Soares à CPI dos Correios. Indagado sobre o valor de uma determinada operação ilegal, com aquele ar de quem havia se encontrado, não fazia muito, com algum benzodiazepínico, afirmou: “Era mixaria, deputado, coisa de uns R$ 5 milhões…”. Quando lemos que a Rose pegava esses trocos aqui e ali, o diabo nos tenta: “Mas era só isso?”.
Há outro aspecto interessante — a relação de Luiz Inácio Apedeuta da Silva com Rosemary —, sobre a qual falarei, não sem antes fazer um voo até nosso passado mais distante. Acho que vale a pena. Vamos lá.
A história
Em “Os Donos do Poder”, Raymundo Faoro voltou às origens do estado português para caracterizar a formação do patronato brasileiro, demonstrando como está entranhada na nossa cultura a indistinção entre o público e o privado, entre os assuntos do estado e os interesses particulares. No Capítulo 5 de “Raízes do Brasil”, o livro mais mal lido da história brasileira, Sérgio Buarque de Holanda define — e, na verdade, lastima — a nossa contribuição à civilização: “o homem cordial”. Sérgio dá início ao capítulo lembrando que o “estado” não é a continuação da “família”; na verdade, são conceitos antagônicos. Não para a cultura do “homem cordial”, em que as coisas se misturam. Leiam o trecho que segue em azul, lembrando sempre que ele foi um dos fundadores do PT… Não era um marxista, diga-se, nem padecia da idiotia política do filho compositor. Se vivo fosse, talvez rasgasse a ficha de filiação.
“Não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidade, formados por tal ambiente, compreenderem a distinção fundamental entre os domínios do privado e do público. Assim, eles se caracterizam justamente pelo que separa o funcionário “patrimonial” do puro burocrata conforme a definição de Max Weber. Para o funcionário “patrimonial”, a própria gestão política apresenta-se como assunto de seu interesse particular; as funções, os empregos e os benefícios que deles aufere relacionam-se a direitos pessoais do funcionário e não a interesses objetivos, como sucede no verdadeiro Estado burocrático, em que prevalecem a especialização das funções e o esforço para se assegurarem garantias jurídicas aos cidadãos.
A escolha dos homens que irão exercer funções publicas faz-se de acordo com a confiança pessoal que mereçam os candidatos, e muito menos de acordo com as suas capacidades próprias. Falta a tudo a ordenação impessoal que caracteriza a vida no Estado burocrático. O funcionalismo patrimonial pode, com a progressiva divisão das funções e com a racionalização, adquirir traços burocráticos. Mas em sua essência ele é tanto mais diferente do burocrático quanto mais caracterizados estejam os dois tipos.
No Brasil, pode dizer-se que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. Ao contrário, é possível acompanhar, ao longo de nossa história, o predomínio constante das vontades particulares que encontram seu ambiente próprio em círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação impessoal. Dentre esses círculos, foi sem dúvida o da família aquele que se exprimiu com mais força e desenvoltura em nossa sociedade. E um dos efeitos decisivos da supremacia incontestável, absorvente,do núcleo familiar — a esfera, por excelência dos chamados “contatos primários”, dos laços de sangue e de coração — está em que as relações que se criam na vida doméstica sempre forneceram o modelo obrigatório de qualquer composição social entre nós. Isso ocorre mesmo onde as instituições democráticas, fundadas em princípios neutros e abstratos, pretendem assentar a sociedade em normas antiparticularistas.”


 
Por Jorge Serrão -


Pelas infoirmações vazadas a conta-gotas, até agora, da Operação Porto Seguro, fica evidente que o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua continuadora, Dilma Rousseff, e o grande líder petista José Dirceu de Oliveira e Silva, tinham bastante domínio dos fatos sobre como a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Novoa de Noronha, coordenava um time de corruptos, em um verdadeiro governo parelelo, com esquemas que favoreciam empresas e pessoas interessadas em obter vantagens ilícitas junto a órgãos federais e agências reguladoras.

O Padrinho (Godfather) de Rosemary Novoa de Noronha repete o velho discurso de sempre de que “nada sabia” e agora se “sente traído” pela amiga e assessora do seu coração – que agora caiu em desgraça. No papo furado, mandado espalhar na mídia amestrada pela máquina de contra-marletagem petista, Lula teria dito: “Eu me senti apunhalado pelas costas. Tenho muito orgulho do escritório da Presidência, onde eram feitos encontros com empresários para projetos de interesse do País”.

A certeza geral é que o Mensalão nunca acabou. Aliás, se sofisticou. Informações da PF asseguram que Rosemary praticava tráfico de influência, ajudando empresários a agendar reuniões com ministros e governadores. O que ainda não foi dito publicamente é que ela trabalhava com a anuência de seus amigos Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu de Oliveira e Silva. Como só este ano Lula e Dilma se reuniram pelo menos três vezes no escritório paulista da Presidência da República, fica difícil crer que Dilma também de nada sabia. Dirceu é que nunca pisou por lá.

Era nitidamente mafioso como funcionava esquema coordenado por Rosemary – mas comandado e articulado pelos mais poderosos acima dela. A “Doutora Rose” – como era conhecida – agendava e intermediava reuniões insuspeitas e que pareciam normais entre empresários e pessoas do terceiro escalão do governo. Logo em seguida, o que ficava acertado nos encontro, obedecia a um protocolo corleônico.

As ordens seguiam para os ordenadores e operadores do esquema usando o chamado sistema de “Pacotes”. Neles não havia dinheiro. Mas sim ordens, escritas à mão ou datilografadas em jurássicas máquinas de escrever. A logística mafiosa de transporte dos pacotes usava motoboys. Alguns até com motos de alta cilindrada, para percorrer longas distâncias em alta velocidade. Quando o dellivery ficava muito distante, os motoqueiros entregavam os papéis, no interior, para transporte em aviões.

O protocolo tinha uma ordem expressa. Jamais passar informações por telefone e nunca digitar qualquer ordem em computadores, Quem parece não ter obedecido direito ao sistema é Rosemary. Como o Alerta Total antecipou ontem, a Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, tem 122 gravações de conversas telefônicas entre ela e Luiz Inácio Lula da Silva. Ele a chamava de “Rose” ou “Rosa”. Ela o tratava pelo amoroso apelido de “Tio”. Nas conversas, Rose passava ao amigo informações sobre quem deveria receber em audiência e para quem deveria mandar documentos.

Rose deu outros moles que comprometeram a segurança do esquema. A PF constatou que Rosemary enviava “Pacotes” para apartamentos em Interlagos e nos Jardins. O material seria destinado, pessoalmente, a José Dirceu e Luiz Inácio Lula da Silva. No dia em que a PF deu uma batida no apartamento dela, como Lula estava fora do Brasil, a desesperada Rose telefonou às 6h da manhã para o ministro da Justiça José Eduardo Cardoso. Como não foi atendida, ligou para José Dirceu – que atendeu e alegou nada poder fazer pela “companheira” – com quem atua desde a década de 90.

Pergunta simples. Dirceu atenderia, às 6h da manhã, a uma ligação feita por alguém que não fosse de sua total confiança? Além do processo do Mensalão – do qual reclama ter sido injustamente condenado -, Dirceu ficou altamente exposto com a Operação Porto Seguro. Sua ligação com Rosemary só confirma que Dirceu nunca deixou de ser o segundo homem da gestão Lula – um governo que parece não ter ainda acabado. A velha eminência parda do PT se complica novamente.

A PF tem evidências de que, depois que Lula foi obrigado a sair de cena por causa do tratamento contra o câncer de laringe, Dirceu assumiu a tarefa de dirigir a atuação de Rose. Quando Dirceu foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal, teve de sair ainda mais de cena. Como Rose e os demais operadores foram obrigados a agir sozinhos, sem o comando direto dos chefões, o pirão desandou. E muita gente desistiu de fazer negócios temendo acabar relacionada, direta ou indiretamente, com o ilustre condenado. Por isso, tudo estourou.

O escândalo também expôs Dilma. A Presidenta agiu depressa, exonerando imediatamente quem teve condições de detonar, para passar a imagem de “dura combatente da corrupção. Mas ficou na maior saia justa para manter no cargo dois ministros. José Eduardo Cardozo, da Justiça, que não teve controla da operação Porto Seguro, como superior hierárquico da Polícia Federal. E Luiz Inácio Adams, cujo Advogado Geral Adjunto da União, José Weber Holanda, foi indiciado como ativo participante do esquema de corrupção e tráfico de influência. Adams já não vai mais ser nomeado para ministro da Casa Civil, e ainda pode perder o atual emprego a qualquer momento.

Outro rolo para Dilma envolve um de seus melhores amigos e pessoa de confiança. A Polícia Federal vazou que Rosemary agendou vários encontros de empresários com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Outro envolvido ilustre nos negócios de Rose é o governador da Bahia, Jaques Wagner – que nega, claro, qualquer ligação com a casa que agora desmoronou.

Outro recém condenado no Mensaão também figura como suspeito de envolvimento no esquema de Rose & Cia. A Polícia Federal constatou que o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) tinha estreitas relações com Paulo Rodrigues Vieira, apontado pela PF como o chefe da quadrilha presa na sexta-feira sob acusação de montar um esquema de corrupção em agências reguladoras e órgãos federais. Investigações identificaram nada menos que 1.179 ligações telefônicas feitas a partir do restaurante japonês de Paulo Vieira para o deputado Valdemar e integrantes do PR.

O PT já botou para funcionar, a todo vapor, a “Operação Limpeza”. Assim denominada internamente pelos petistas, a ação de contra-informação consiste em criar factóides para suplantar denúncias verdadeiras. O esquema é sempre acionado para mobilizar a militância, no mundo real e nas redes sociais virtuais, para plantar notícias faltas ou “verdades” convenientemente forjadas, sempre que uma grave crise estoura. Depois que advertiu que "não cairia sozinha", Rose foi prontamente protegida pelo PT. Ela vai dar uma sumidinha de cena por uns tempos, até que se condiga fazer as coisas esfriarem - como de costume.

Manifestação pública nessa linha foi feita pelo ex-líder do governo na Câmara. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) reclamou de quem tenta associar Lula a uma funcionária de terceiro escalão. Vaccareza até protestou contra a tentativa de desgastar e atingir Lula por vias transversas, como aconteceu com o famoso mafioso norte-americano Al Capone: “Pegar um funcionário de terceiro escalão e tentar associar ao Lula não é adequado. Todos são, eu fui líder de governo e sou ligado ao Lula. Acho de muito mau gosto, cretinice falar de Al Capone”.

A conclusão preliminar de todo esse escândalo é uma só: a República Petralha já foi ferida de morte, e só falta cair de podre. Novas denúncias vão vazar, e a Presidenta Dilma pode se complicar. Ainda mais se a a crise econômica chegar de verdade e se agravar. No fundo, apesar de tantas denúncias de corrupção, o que derruba governos são os problemas econômicos.

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

Postado pelo Lobo do Mar