Por Vera Rosa e Felipe Recondo, no Estadão
Apontado pela Polícia Federal como chefe
da máfia dos pareceres, o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA)
Paulo Rodrigues Vieira quer agora negociar uma delação premiada com o
Ministério Público. Vieira ameaça contar detalhes do esquema e envolver
novos personagens no escândalo revelado pela Operação Porto Seguro, que
também derrubou a então chefe de gabinete da Presidência em São Paulo,
Rosemary Noronha.
Em
conversas reservadas, o ex-diretor da ANA disse que não sairá do caso
como chefe de quadrilha e promete denunciar gente “mais graúda”. Com
isso, ele espera obter do Ministério Público um tratamento menos severo e
empurrar para outros a posição de comando do grupo, que praticava
tráfico de influência nos bastidores do poder. Na prática, quer algum
benefício legal no futuro, como a redução de pena, caso seja condenado.
Vieira
trocou o advogado Pierpaolo Bottini pelo defensor Michel Darre, no
intuito de apresentar uma estratégia mais agressiva de defesa. Bottini
afirmou que deixou o caso por motivos pessoais. Darre, por sua vez,
disse que ainda está estudando o processo. “Há muita coisa a ser
levantada e eu pedi a meu cliente para ter paciência”, comentou o
advogado. “Entrei no processo para verificar qual a melhor medida a ser
tomada.”
O
ex-diretor da ANA foi indiciado pela Polícia Federal por crimes de
corrupção ativa, falsidade ideológica, falsificação de documento
particular e formação de quadrilha. Ele e seu irmão Rubens deixaram a
prisão no último dia 30, beneficiados por habeas corpus. Rubens era
diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e atuava como
consultor jurídico do grupo, que tinha ramificações na Advocacia-Geral
da União (AGU) e em várias repartições públicas, para venda de pareceres
fraudulentos a empresários. Um dos “clientes” era o ex-senador Gilberto
Miranda (PMDB).
A Polícia
Federal suspeita agora que Rosemary Noronha, também indiciada, e os
irmãos Vieira tenham praticado lavagem de dinheiro para ocultar bens
adquiridos de forma ilícita. Rose foi nomeada pelo ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva – de quem é muito próxima desde os anos 90 – e
conseguiu com ele a indicação de Paulo e Rubens para as agências
reguladoras.
Em e-mails
trocados com Paulo, Rose se referia a Lula como “PR” e pedia dinheiro.
Nessas mensagens, expressões cifradas como “livros”, “exemplares” e
“volume” eram usadas para designar verba. Investigações da PF mostram
que a máfia dos pareceres financiou para Rose um cruzeiro (R$ 2,5 mil),
uma cirurgia no ouvido (R$ 7,5 mil), um Pajero (R$ 55 mil), móveis para a
filha (R$ 5 mil) e o pagamento da dívida de um carro de seu irmão (R$
2,3 mil), além de outras despesas.
Gilberto
Miranda entrou no esquema para conseguir vantagens e aumentar o lucro de
seus negócios. O ex-senador se beneficiou da compra de pareceres para a
ocupação de duas ilhas: a de Bagres, em Santos, e a de Cabras, em
Ilhabela, onde construiu uma mansão. Foi na ilha de Bagres, área de
proteção permanente, que Miranda obteve aprovação de um projeto para a
construção de um complexo portuário, em 2013, no valor de R$ 2 bilhões.
A
presidente Dilma Rousseff está preocupada com os desdobramentos do caso,
que também derrubou José Weber Holanda, até então braço direito do
advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Weber atuava com Paulo para
ajudar Miranda. Antes de anunciar o pacote dos portos, na semana
passada, Dilma convocou uma força-tarefa para fazer um pente-fino nas
medidas e evitar surpresas. Até a crise, Adams era cotado para ocupar
uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Hoje, está desgastado.
Por Jorge Serrão
Exclusivo – Além da
pressão psicológica que pode fazer mal a um tratamento pós-câncer, o
palestrante transnacional Luiz Inácio Lula da Silva já começa a sentir
os prejuízos das recentes denúncias de corrupção em torno de seu santo
nome. Seis grandes empresas cancelaram palestras que fariam com o líder
máximo do Instituto Lula. Três eventos foram adiados no Brasil. Dois
cancelados em Portugal e outro não mais acontecerá em Moçambique.
O Rosegate exala cada vez mais cheiro de esgoto para o lado do mito Lula
da Silva. A petralhada mensaleira se borra de vez com a certeira ameaça
de que Marcos Valério, Carlinhos Cachoeira e Paulo Vieira vão apontar
quem era o verdadeiro chefe que comandava os inúmeros esquemas de
corrupção. A temporada de delação premiada tende a evoluir para uma
deletação dos principais integrantes do Governo do Crime Organizado. O
cagaço é geral na grande fossa em torno do Palácio do Planalto.
O medo de sempre é o crime politicamente insepulto de Celso Daniel –
prefeito petista de Santo André sequestrado, torturado e assassinado em
janeiro de 2002. Agora, o promotor de Justiça paulista Roberto Wider
Filho intimará Marcos Valério Fernandes de Souza a confirmar a
informação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi
extorquido em R$ 6 milhões pelo empreiteiro de lixo Ronan Maria Pinto. O
MP quer saber se o milionário “pedágio” para parar de ameaçar Lula,
José Dirceu e Gilberto Carvalho sobre o hediondo crime contra Daniel foi
usado por Ronan na compra do jornal "Diário do Grande ABC", em 2003.
O novo medinho vem do baiano Paulo Vieira. O diretor exonerado da
Agência Nacional de Águas mandou avisar que não sairá da Operação Porto
Seguro como o chefe da quadrilha. Vieira ameaça denunciar “gente graúda”
– bem acima dele. O fato concreto e explosivo é que Vieira era parceiro
de Rosemary Nóvoa Noronha – apadrinhada de Lula da Silva na chefia de
gabinete da Presidência da República em São Paulo. Vieira negocia uma
delação premiada que pode tornar ainda mais deficitária a conta moral da
petralhada – uma espécie de rato de esgoto que, se não for extinta,
deve ser banida da vida pública diretamente para a privada.
Pavor maior ainda é se Carlinhos Cachoeira realmente desaguar tudo que
sabe. Outro que negocia uma delação premiada, o goiano Carlos Augusto
Ramos representa uma ameaça ainda mais perigosa para a cúpula petralha.
Com seus vídeos, gravações e documentos comprometedores, armazenados em
núvem e com familiares de confiança, Cachoeira tem tudo para criar
problemas para a Presidência da República (na gestão passada e na atual)
e para muitos governadores e prefeitos. Basta que Cachoeira revele o
mar de bosta em torno da empreiteira Delta (líder do PACo e das mais
superfaturadas obras do País).
A revelação dos bastidores de negociatas dos mais variados escândalos
(Celso Daniel, Mensalão, Rosegate e Delta-Cachoeira) pode derrubar
muitos “condomínios” da República Sindicalista do Crime Organizado. A
alta cúpula do Poder Judiciário, incluindo Ministério Público, Polícia
Federal e organismos de inteligência do Brasil e do exterior, nunca na
história deste Pais teve tanto apoio para promover delações premiadas
que redundem em deletações de políticos corruptos.
A governança do Crime Organizado, marcada pela parceria criminosa entre
os podres poderes estatais e bandidos de toda espécie, inviabiliza o
desenvolvimento de negócios transnacionais no Brasil. O atual combate ao
crime não ocorre por puritanismo moralista, na romântica luta do bem
contra o mal. Delações deletarão bandidos do poder porque, simplesmente,
a Oligarquia Financeira Transnacional – que sempre investiu em nossos
corruptos para explorar o Brasil – agora não aguenta mais pagar tanta
taxa criminosa de pedágio para um bando de ladrões fora de controle.
O momento é de salve-se quem puder. Por isso, Presidenta Dilma Rousseff
propagandeia na mídia internacional o seu discurso anti-corrupção. As
recentes palavras de Dilma ao jornal francês Le Monde sinalizam que, se o
tempo fechar institucionalmente por aqui, ela deseja ser poupada e
viabilizada como a “faxineira” que apertará o botão da descarga: “Não
tolero corrupção. Se há suspeitas fundadas, a pessoa deve partir”.
Semânticamente, numa análise neurolinguística precipitada, o
inconsciente coletivista de Dilma poderia estar se referindo ao seu
antecessor. Afinal, Lula da Silva exercia uma evidente presidência
parelela usando dois elementos de extrema confiança: Rose no gabinete
presidencial paulista e Gilberto Carvalho na secretaria geral de Dilma.
Como Lula ainda não partiu, agora pode sair partido. O problema da Dilma
é ser obrigada a lhe prestar constante fidelidade, com declarações
públicas de apoio e exaltação de uma honestidade que fica cada vez mais
difícil de comprovar na prática.
O perigo de bagunça institucional se agrava com o conflito entre o
desgastado Poder Legislativo e o Poder Judiciário – cuja cúpula surfa na
ilusória onda de “salvadores da Pátria”. Com o Poder Executivo afundado
no mar de esgoto, o Judiciário tenta se credenciar como o “Poder
Moderador” (historicamente exercido pelos militares, depois que
derrubaram o Império e proclamaram a República que nunca serviu aos
interesses brasileiros).
Tal plano, financiado ocultamente pelos grandes investidores
transnacionais, vai ter um final feliz para o Brasil e para os
brasileiros?
Eis a grande pergunta que fica sem resposta até que a Profecia Maia sobre o Brasil se concretize, algum dia, quem sabe...
O perigo é ele responder...
Postado pelo Lobo do Mar