Por Reinaldo Azevedo
Na visita que fez quarta-feira, a um centro de produção da TV Record, do autoproclamado “bispo” Edir Macedo, Lula afirmou que a Igreja Universal também é alvo de preconceitos. O “também” quer dizer que o presidente acredita que ele próprio é alvo deste sentimento mesquinho. Uma das melhores frases que cravei, há muitos anos, é esta: “A Igreja Universal é o PT da religião, e o PT é a Igreja Universal da política”. Cada vez mais isso se confirma.
Hoje, esses dois, como chamarei?, entes estão mais juntos do que nunca. O grupo Record de comunicação tornou-se uma espécie de extensão do petismo. É uma verdadeira sucursal da Lula News, o brinquedinho caro e sem audiência de Franklin Martins. O “jornalismo” que presta serviço ao governo ou está lotado na tal TV pública ou está na Record. A disputa para saber quem é mais oficialista é acirrada. Pode haver um ou outro independentes nos dois lugares? Pode, sim. Mas são exceções.
Essa união entre a Record e Lula, tornada ainda mais estreita depois que Franklin Martins chegou oficialmente ao poder — a propósito: ele sempre foi muito alto; agora, está cada vez mais largo; espaçoso mesmo, uma verdadeira metáfora de sua importância no esquema lulo-petista —, não deixa de marcar a história das duas organizações: a da Universal e a de Lula.
A dita “igreja” buscou laicizar a sua atuação, tentando fazer de parte de seu esquema de comunicação algo independente da religião. Refiro-me à programação. No financiamento, não dá: a “Igreja” ainda é uma das grandes clientes da emissora. Isso significa que a contribuição dos fiéis, que é isenta de impostos, acaba se transformando em receita publicitária. Em priscas eras, pastores da seita viam na figura de Lula quase a encarnação do capeta. Mas Lula foi provando, com o tempo, que, para os interesses de Macedo, os demônios, na verdade, eram anjos. Macedo descobriu como Lula pode ser generoso com todo aquele que aceite as regras do jogo que ele gosta de jogar. E se tornaram amigos desde a infância.
Franklin, que foi demitido das Organizações Globo, põe gás nessa relação porque, sei lá, nos seus sonhos nada secretos, vislumbra o dia que a Record e sua ética darão as cartas. E, claro, quando se é Franklin Martins, o sonho sempre vira ação — no caso, inutilmente. Isto, sem dúvida, ele é: um homem de ação. O embaixador Charles Burke Elbrick experimentou a coisa de perto.
Muitos me perguntam: “Será que um dia a racionalidade gerará frutos no Brasil?” Pois é, queridos… O único Burke que passou por aqui foi seqüestrado e quase lhe meteram um pitoco na cabeça, mas as coisas continuam acontecendo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve, como sabem, na inauguração de estúdios da TV Record. A seqüência, que eu saiba, não apareceu em TV nenhuma. Ela é bastante reveladora do Lula real, não daquele que em breve fará correr rios de lágrimas nos cinemas. Alguém, fora do enquadramento, dirige-lhe algumas palavras. Como o microfone da câmera está voltado para a estrela do evento, ouve-se perfeitamente o que ele diz, mas não se pode apostar na exatidão das palavras do seu interlocutor. O conjunto, no entanto, não deixa a menor dúvida. Reproduzo o que consigo ouvir. Confiram.
VOZ MASCULINA - Ei, Lula, um abraço pro senhor…
LULA - Tchau, tchau, meu querido!
VOZ MASCULINA - Não voto no senhor, muito obrigado, aí…
LULA - Fica com Deus! Não tou precisando do seu voto!
Aquela gargalhada, uma reação exagerada de quem se esforça para agradar o chefe, é do governador do Rio, Sérgio Cabral. As outras pessoas também se divertem. É como se dissessem: “Isso mesmo, presidente! Responde para esse descontente!”. O que se tem aí é um flagrante, alguns segundos apenas, de quem é Lula de fato, não a personagem construída por seus marqueteiros e pelo cada vez mais redondo Franklin Martins, que parece reproduzir no próprio corpo a onipotência de que se julga dotado.
Um idiota da objetividade diria que Lula realmente não precisa do voto daquele “atrevido” porque não é candidato a nada. Não oficialmente. Como é público e notório, ele pretende disputar o que considera o seu terceiro mandato por meio da comandante Dilma Rousseff, o seu títere. E, como se nota, é arrogante o bastante para dispensar votos. Acredita já ter aqueles de que precisa. Daí a fanfarronice.
No discurso feito na Record, vocês se lembram, Lula atacou os que, segundo ele, não aceitam a derrota e tentam sabotar o governo. Não disse com clareza a quem se referia.
Ontem, enquanto Lula estava na Venezuela, aquele país em que ele diz haver democracia até demais, os governistas da Comissão de Reações Exteriores do Senado votaram a favor do ingresso da Venezuela no Mercosul, jogando no lixo os protocolos que exigem que os países-membros do bloco sejam democracias de direito e DE FATO. Lula saudou a votação como um grande avanço. Isso é um absurdo.
COMENTO
Meus amigos, Molusco e seus magos da comunicação, especialmente o gigantesco, mega arrogante e abominável, Franklin Martins, estão convictos de que o bom caminho é mesmo confrontar a imprensa que consideram inimiga e incentivar a que consideram amiga. NÃO É A IMPRENSA SUPOSTAMENTE ANTILULISTA QUE IRRITA LULA E FRANKLIN MARTINS. É A IMPRENSA NORMAL.
O Apedeuta mais uma vez, voltou ontem a atacar a imprensa, não a Record do grande bispo Macedo, é óbvio, muito claro e gritante.
Só não custa lembrar que a Universal está sendo investigada pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Molusco disse que seus amiguinhos são alvos de preconceito. Será que, ele estaria se referindo às investigações? Eu particularmente acho que sim. Certo meus amigos?
Tenho postado aqui, quase todos os dias e tenho chamado atenção dos leitores, para a gravidade dos fatos, pelo qual passa nossa fágil República.
No entanto, acho que muitos, não conseguem ver o que está muito nítido.
Bem, apartí do ano que vem, muitas coisas que ainda estão obscura, virão à tona, aí talvez o povo brasileiro comece a sair da inécia.
Enquanto isso, nossas Forças Armadas, cada dia mais definhadas, desmanteladas e sucateadas, militares flagelados, passando fome e humilhados por dois dos maiores caudilhos da história da humanidade, FHC e Molusco Silva. Pessoal precisamos votar certo, não podemos mais cometer erros.