domingo, 8 de setembro de 2013

A milionária defesa de Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo

Por Cardoso Lira


Em VEJA desta semana


Reportagem mostra que Rose, mesmo desempregada, tem quase quarenta advogados a sua disposição para driblar os processos a que responde

Robson Bonin
Rosemary Nóvoa de Noronha: ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo
Rosemary Nóvoa de Noronha: ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo (Jorge Araujo/Folhapress )
Ao longo dos quase cinco anos em que comandou o escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha conheceu o céu e o inferno. Ex-secretária do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ela nunca foi uma mulher de posses. Mas mudou radicalmente nos últimos tempos. Com um salário de quase 12.000 reais, comprou dois apartamentos, trocou de carro, criou uma empresa de construção civil e rodou o mundo em incontáveis viagens, até ser apanhada surfando na crista da onda de uma quadrilha que negociava facilidades no governo. Rosemary escapou da prisão por um fio. Talvez estivesse no lugar certo, na hora errada. Talvez o contrário. Um fato, porém, é indiscutível: ela conhece e tem acesso a quem dá as ordens, conta com amigos influentes que se preocupam com seu destino. Desde que foi flagrada traficando interesses no gabinete presidencial, Rosemary vem sistematicamente conseguindo driblar os processos a que responde. Para isso, a ex-secretária dispõe do apoio de três grandes bancas de advocacia do país. Escritórios que têm em sua carteira de clientes banqueiros, corporações, figurões da República, milionários dispostos a desembolsar o que for preciso para assegurar a melhor defesa que o dinheiro pode comprar. Rosemary, apesar do perfil diferenciado, faz parte desse privilegiado rol de cidadãos.
Desde que a polícia fez uma busca em seu escritório e colheu provas contundentes de que a ex-secretária levava uma vida de majestade, ela cercou-se de um batalhão de quase quarenta advogados para defendê-la. São profissionais que, de tão requisitados, calculam seus honorários em dólares americanos, mas que, nesse caso, não informam quanto estão cobrando pela causa, muito menos quem está pagando a conta. Acostumado a cuidar dos interesses de empresários como o bilionário Eike Batista, o criminalista Celso Vilardi defende Rosemary na esfera penal. Já no processo disciplinar em andamento na Controladoria-Geral da União (CGU), atuam dois pesos-pesados do direito público, que têm entre seus clientes banqueiros e megacompanhias como a Vale. O advogado Fábio Medina Osório cuidou da formulação da defesa de Rosemary e agora atende apenas a empresa da família, a construtora New Talent. Já o advogado Sérgio Renault foi escalado para acompanhar o desfecho do caso - prestes a chegar à mesa do ministro Jorge Hage - na CGU. 

Postado pelo Lobo do Mar

Entre o errático, o sonhático e o pragmático.

Por Cardoso Lira

 
Não é nenhuma injustiça afirmar que Dilma Rousseff é uma presidente errática. O que vale hoje não vale mais amanhã, seja no planejamento ou na execução. Um exemplo: o leilão de rodovias, que foi lançado há um ano atrás e que até hoje não ocorreu. As regras foram sendo mudadas a cada dia para tentar atrair investidores. Agora, diante de tanta insegurança levada aos empresários, só mesmo com amplo financiamento público e a participação dos fundos de pensão os leilões poderão ter relativo sucesso. Tempo perdido pela presidente barata tonta. Quem paga o preço é a economia que não cresce em função do imenso gargalo logístico e do excesso de ingerência do estado petista.
 
Em recente publicação do Ranking Mundial de Produtividade, o Brasil perdeu posição em 11 dos 12 indicadores que o compõem. Por que isso ocorreu, segundo os avaliadores? Por que o governo do PT é errático, não mantém políticas, atua como bombeiro, mas acaba jogando gasolina na fogueira. Incentiva alguns setores e amordaça outros. Não faz as reformas necessárias. Não ataca os problemas estruturais. Dá uma mexida aqui e outra lá, deita em berço esplêndido e fica esperando os resultados. Deu errado? Muda tudo de novo. Com isso, aumenta a inflação, o PIB empaca, aumenta o déficit externo e explode a dívida pública. Dilma é o sinônimo da tentativa e erro. E os erros têm sido muito maiores que os acertos.
 
Mesmo assim, suportada pela máquina pública e por escancarados crimes eleitorais como o cometido na véspera do Dia da Independência, quando a saudação cívica e patriótica virou um patético discurso de palanque, Dilma está em primeiro lugar nas pesquisas presidenciais de 2014. E como toda a desgraça nunca vem sozinha, traz em segundo lugar Marina Silva, esta verdadeira aberração produzida pela mídia e pela burrice urbanóide, assim como foi Lula.
 
Da mesma forma, não é nenhuma maldade afirmar que Marina é a candidata sonhática, pois o termo foi cunhado pela própria doida varrida. Ela, em subindo a rampa, acabará com o agronegócio em 2 de janeiro de 2015. As hidrelétricas também serão fechadas e que todo mundo guarde a sua merda para gerar energia em casa. Biomerda. Passaremos a viver na economia verde e retiraremos da floresta o PIB 3.0 e os U$ 80 bilhões de superávit gerados pela agropecuária.
 
Também seremos um país em rede. Rede para pescar o peixe. Rede para dormir. Rede no cabelo para não usar xampu. Não, assim já é demais. Xampu sim, pois afinal de contas ela terá que pagar a sua fatura para a Natura. A merenda escolar terá uma dieta vegetariana, proibindo-se o consumo de carne, já que um boi peidando é o maior responsável pelo efeito estufa, segundo os ongolóides que dominam o coração e a mente de Madre Marina do Xapuri. Mas sempre haverá espaço para um suco Ades da Unilever, feito à base de soja transgênica, para que a palestrante Marina Silva possa, com rigor evangélico, demonstrar o seu agradecimento pelo apoio recebido da maior agroindústria do mundo. Não há muito a falar de Marina Silva, porque ela só fala de duas ou três coisas. Mas está em segundo lugar nas pesquisas presidenciais de 2014. Para desgraça e falência definitiva do Brasil se tal acidente eleitoral ocorrer.
 
Falta pouco mais de um ano para as eleições. E, para infelicidade da nação, estamos entre o errático da Dilma e o sonhático da Marina Silva. Só existe uma saída para lutar contra este caos que ameaça o país, com alguma chance de sucesso: ser pragmático e unir a oposição. Ou ficarmos batendo bumbo contra as urnas eletrônicas, contra o Foro de São Paulo, contra a ameaça comunista, contra traições eleitorais, contra coligações estaduais, contra as republiquetas bolivarianas e outros temas sob medida para perder eleição. Parodiando o mineiro Milton Nascimento, o político tem de ir onde o povo está. E o povo está nas filas do SUS. Na fila do seguro desemprego. Na fila da Bolsa Família. Na fila da vaga na creche. Na fila do ônibus e do trem. No tanque. No fogão. No varal. Na quitanda. No trânsito infernal. O resto é conversa para perder mais uma eleição para uma errática ou para uma sonhática. É, pois, hora de mudar o discurso e ser pragmático. Fora isso, é a treva.
O fugitivo da Justiça, Dési Bouterse, recebeu todo o apoio  de Dilma para presidir a Unasul bolivariana.  Não é este o primeiro bandido apoiado pelo Brasil do PT. E Dilma não quer ser espionada pelos Estados Unidos.

Postado pelo Lobo do Mar

Dilma desfila ao som de Show das Poderosas em Brasília - 7 de Setembro

A primeira-amiga – A milionária defesa de Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo, e seus quase 40 advogados


Por Cardoso Lira



Por Robson Bonin, na VEJA desta semana:

Ao longo dos quase cinco anos em que comandou o escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha conheceu o céu e o inferno. Ex-secretária do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ela nunca foi uma mulher de posses. Mas mudou radicalmente nos últimos tempos. Com um salário de quase 12.000 reais, comprou dois apartamentos, trocou de carro, criou uma empresa de construção civil e rodou o mundo em incontáveis viagens, até ser apanhada surfando na crista da onda de uma quadrilha que negociava facilidades no governo. Rosemary escapou da prisão por um fio. Talvez estivesse no lugar certo, na hora errada. Talvez o contrário. Um fato, porém, é indiscutível: ela conhece e tem acesso a quem dá as ordens, conta com amigos influentes que se preocupam com seu destino. Desde que foi flagrada traficando interesses no gabinete presidencial, Rosemary vem sistematicamente conseguindo driblar os processos a que responde. Para isso, a ex-secretária dispõe do apoio de três grandes bancas de advocacia do país. Escritórios que têm em sua carteira de clientes banqueiros, corporações, figurões da República, milionários dispostos a desembolsar o que for preciso para assegurar a melhor defesa que o dinheiro pode comprar. Rosemary, apesar do perfil diferenciado, faz parte desse privilegiado rol de cidadãos.
Desde que a polícia fez uma busca em seu escritório e colheu provas contundentes de que a ex-secretária levava uma vida de majestade, ela cercou-se de um batalhão de quase quarenta advogados para defendê-la. São profissionais que, de tão requisitados, calculam seus honorários em dólares americanos, mas que, nesse caso, não informam quanto estão cobrando pela causa, muito menos quem está pagando a conta. Acostumado a cuidar dos interesses de empresários como o bilionário Eike Batista, o criminalista Celso Vilardi defende Rosemary na esfera penal. Já no processo disciplinar em andamento na Controladoria-Geral da União (CGU), atuam dois pesos-pesados do direito público, que têm entre seus clientes banqueiros e megacompanhias como a Vale. O advogado Fábio Medina Osório cuidou da formulação da defesa de Rosemary e agora atende apenas a empresa da família, a construtora New Talent. Já o advogado Sérgio Renault foi escalado para acompanhar o desfecho do caso – prestes a chegar à mesa do ministro Jorge Hage – na CGU. 





Independence Day é o cacete! “Ei, Asus, oh, sus”...

Para quem não conhece, a primeira estrofe nunca cantada do nosso Hino Nacional.


Por Jorge Serrão –

O dia 7 de setembro virou feriado nacional do Dia da Independência, a partir do Decreto Imperial número 1285, de 30 de novembro de 1853, assinado pelo Imperador Dom Pedro II. O pai dele, Pedro, fora aclamado Imperador no dia 12 de outubro de 1822.

Dia de Nossa Senhora de Aparecida? Não! A data coincidia com o aniversário de Pedrão que só tomou posse formalmente, como Imperador Dom Pedro I, tempos depois. No dia 1º de Dezembro de 1822, foi efetivamente coroado para comandar um Império derrubado por nossa falta de visão soberana de nação.

O feriado foi criado para dar um tom cívico a uma nação que tira nota ruim na missão de contar sua verdadeira histórica, com correção de fatos. Adoramos evocar invencionices, como a épica proclamação da Independência às margens do córrego do Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo.

Por ironia do destino, o épico riacho há muito tempo foi transformado em um grande canal pluvial de esgoto e água suja – igualzinho à nossa corrupta politicagem tupiniquim. Talvez o descaso seja resultante da nossa falta de vontade nacional de solucionar coisas objetivas, ficando reféns de problemas, como cachorros correndo atrás do próprio rabo.

Hoje, os militares vão às ruas! Claro, é dia da tradicional parada que encerra a Semana da Pátria. Mas a “parada” nas ruas deve ser outra. Estão previstos protestos em todo o Brasil. Maravilhosa forma de exercer a cidadania!? Eis a questão...

Quem reclama é porque já perdeu. No entanto, pode ganhar mais na frente. Tudo vai depender das circunstâncias históricas. Estruturalmente, temos pouquíssimos e inconsistentes indicadores de que podemos mudar para melhor. Para pior, temos tantos, que nem dá espaço para citar neste “textículo”.

Uma pesquisa fresquinha do instituto Ipsos Public Affairs confirma que 63% por cento dos entrevistados avaliam que o Brasil está no rumo errado. Problema é que a petralhada no poder não pensa assim. A presidenta Dilma Rousseff volta hoje da reunião do G-20, em São Petesburgo, sem ter a coragem de reconhecer que a coisa está russa, realmente, por aqui.

A maioria pressente que o Titanic pode afundar. Mas o que é feito para mudar o rumo do barco pilotado por incompetentes e corruptos? Apenas gritar nas ruas não resolve. Ajuda, mas não soluciona. O que o Brasil precisa, de verdade, é de que descubramos (ou recuperemos, se é que tivemos um dia, talvez no Império), a capacidade objetiva de construir, discutir e colocar em prática um Projeto para o Brasil, com previsão de começo, meio e fim.

A Oligarquia Financeira Transnacional, a cujos dirigentes Dilma foi beijar a mão na Rússia, morre de rir com a piada de nosso Independence Day – em um país que não sabe para onde está indo...

Espera o Brasil que todos cumprais o vosso dever... Ei, avante! Ei avante... Do contrário, vamos ficar do mesmo jeito... Então: “Eia, SUS” Oh, sus”...

Por cardoso lira



O Brasil bolivariano do PT mostra a sua cara. Novo presidente da Unasul é um traficante, assassino e caçado pela Interpol. Sua escolha teve apoio de Dilma.

O fugitivo da Justiça, Dési Bouterse, recebeu todo o apoio  de Dilma para presidir a Unasul bolivariana.  Não é este o primeiro bandido apoiado pelo Brasil do PT. E Dilma não quer ser espionada pelos Estados Unidos.
O comunicado final da mais recente reunião de cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unisul) enfatizou o compromisso com "valores comuns como a democracia, o Estado de Direito, respeito absoluto pelos direitos humanos e a consolidação da América do Sul como uma zona de paz". Se é assim, nada justifica a entrega da presidência da Unasul ao Suriname, governado pelo notório Dési Bouterse.
A ficha corrida do presidente surinamês é extensa. Ele foi ditador entre 1980 e 1987, após um sangrento golpe militar, e de 1990 a 1991, também depois de uma quartelada. É acusado de diversas violações de direitos humanos, em especial o assassinato de opositores - no caso mais rumoroso, que gerou protestos no mundo todo, 15 jovens que haviam criticado a ditadura foram torturados e mortos pelos soldados de Bouterse na calada da noite. Em sua defesa, Bouterse diz que não foi ele quem "puxou o gatilho".
Em 2000, o ex-ditador foi condenado in absentia pela Justiça da Holanda a 11 anos de prisão sob acusação de tráfico de cocaína. Telegramas vazados pelo WikiLeaks mostram que Bouterse permaneceu no negócio das drogas pelo menos até 2006, organizando remessas de cocaína colombiana para a Europa, via Brasil, e há relatos de ex-colaboradores segundo os quais ele forneceu armas às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em troca de cocaína.
Há uma ordem de prisão contra Bouterse emitida pela Interpol, razão pela qual ele só consegue viajar por lugares que ignoram essa ordem e o reconhecem não como criminoso condenado, mas como chefe de Estado. Bouterse, por exemplo, esteve recentemente no Brasil, como convidado da presidente Dilma Rousseff, para prestigiar a visita do papa Francisco.
O ex-ditador, que nunca deixou de ser a figura mais influente do Suriname, tornou-se presidente em julho de 2010, em eleição indireta - ele foi escolhido pelo Parlamento graças a uma aliança com o partido de Ronnie Brunswijk, que um dia foi o principal inimigo de Bouterse e hoje é o homem mais rico do Suriname. Brunswijk também foi condenado na Holanda por tráfico de drogas.
Uma vez de volta ao poder, Bouterse nomeou o filho, Dino - outro narcotraficante condenado, inclusive no Suriname -, para chefiar a unidade de combate ao terrorismo no país. Dino esteve diversas vezes na Venezuela para apoiar Nicolás Maduro na sucessão do caudilho Hugo Chávez e também para negociar com as Farc a troca de armas por cocaína, segundo o jornal venezuelano El Nacional.
Foi justamente Dino o pivô do maior constrangimento da Unasul até a presente data. Poucas horas antes de seu pai tomar posse na presidência da entidade, na presença dos principais chefes de Estado do continente, ele estava sendo preso no Panamá portando cerca de 10 quilos de cocaína e um lança-granadas. Extraditado para os Estados Unidos, ele poderá pegar prisão perpétua.
Nada disso foi o bastante para constranger os dignitários sul-americanos reunidos em Paramaribo, a capital surinamesa. Nenhum presidente considerou a hipótese de rever a nomeação de Bouterse. Como se nada tivesse acontecido, a Unasul desejou "sucesso" ao ex-ditador condenado por narcotráfico.
Na mesma ocasião, como a comprovar a total desmoralização da Unasul, os presidentes renderam homenagem a Hugo Chávez, ressaltando "a dor do vazio que sua ausência nos deixou", qualificando-o como "símbolo de uma geração de estadistas" e exaltando seu "impulso visionário" para a criação da entidade. Entre as importantes decisões tomadas pela Unasul nessa vergonhosa cúpula está o compromisso em "participar e auxiliar nas atividades do Ano Internacional da Quinoa".
Seria apenas cômico, não fosse a Unasul, ao menos no papel, a principal iniciativa de integração continental. O Brasil poderia ter evitado o vexame estrelado por Bouterse, se seu governo não estivesse ideologicamente atado a compromissos que fazem da Unasul um palanque bolivariano. (Estadão)

Nada mais patético que uma presidente da República lendo num papelzinho o que tinha ouvido de Obama, a respeito de espionagem. Em resumo, apesar de toda a encenação, o presidente americano disse que não sabia e que iria dar uma olhada. Em 30 segundos, o porta-voz americano informou o resultado da reunião à imprensa, enquanto a própria presidente, dedinho em riste, fazia ameaças e um discurso debilóide. Tudo isso para esconder a derrota do Brasil no G-20. Um Brasil que decidiu se aliar à Argentina, na contramão do mundo. Leia,  trecho do editorial do Estadão.



Demagogia eleitoreira


 
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A questão dos médicos estrangeiros caiu na vala da irracionalidade.
De um lado, as associações médicas cobrando a revalidação dos diplomas obtidos no exterior; de outro, o governo que apresenta o programa como a salvação da pátria.
No meio desse fogo cruzado, com estilhaços de corporativismo, demagogia, esperteza política e agressividade contra os recém-chegados, estão os usuários do SUS.
Acompanhe meu raciocínio, prezado leitor.
Assistência médica sem médicos é possível, mas inevitavelmente precária. Localidades sem eles precisam tê-los, mesmo que não estejam bem preparados. É melhor um médico com formação medíocre, mas boa vontade, do que não ter nenhum ou contar com um daqueles que mal olha na cara dos pacientes.
Quando as associações que nos representam saem às ruas para exigir que os estrangeiros prestem exame de revalidação, a meu ver cometem um erro duplo.
Primeiro: lógico que o ideal seria contratarmos apenas os melhores profissionais do mundo, como fazem americanos e europeus, mas quantos haveria dispostos a trabalhar isolados, sem infraestrutura técnica, nas comunidades mais excluídas do Brasil?
Segundo: quem disse que os brasileiros formados em tantas faculdades abertas por pressão política e interesses puramente comerciais são mais competentes? Até hoje não temos uma lei que os obrigue a prestar um exame que reprove os despreparados, como faz a OAB.
O purismo de exigir para os estrangeiros uma prova que os nossos não fazem não tem sentido no caso de contratações para vagas que não interessam aos brasileiros.
Esse radicalismo ficou bem documentado nas manifestações de grupos hostis à chegada dos cubanos, no Ceará. Se dar emprego para médicos subcontratados por uma ditadura bizarra vai contra nossas leis, é problema da Justiça do Trabalho; armar corredor polonês para chamá-los de escravos é desrespeito ético e uma estupidez cavalar.
O que ganhamos com essas reações equivocadas? A antipatia da população e a acusação de defendermos interesses corporativistas.
Agora, vejamos o lado do governo acuado pelas manifestações de rua que clamavam por transporte público, educação e saúde.
Talvez por falta do que propor nas duas primeiras áreas, decidiu atacar a da saúde. A população se queixa da falta de assistência médica? Vamos contratar médicos estrangeiros, foi o melhor que conseguiram arquitetar.
Não é de hoje que os médicos se concentram nas cidades com mais recursos. É antipatriótico? Por acaso, não agem assim engenheiros, advogados, professores e milhões de outros profissionais?
Se o problema é antigo, por que não foi encaminhado há mais tempo? Por uma razão simples: a área da saúde nunca foi prioritária nos últimos governos. Você, leitor, lembra de alguma medida com impacto na saúde pública adotada nos últimos anos? Uma só, que seja?
Insisto que sou a favor da contratação de médicos estrangeiros para as áreas desassistidas, intervenção que chega com anos de atraso. Mas devo reconhecer que a implementação apressada do programa Mais Médicos em resposta ao clamor popular, acompanhada da esperteza de jogar o povo contra a classe médica, é demagogia eleitoreira, em sua expressão mais rasa.
Apresentar-nos como mercenários que se recusam a atender os mais necessitados, enquanto impedem que outros o façam, é vilipendiar os que recebem salários aviltantes em hospitais públicos e centros de atendimentos em que tudo falta, sucateados por interesses políticos e minados pela corrupção mais deslavada.
A existência no serviço público de uma minoria de profissionais desinteressados e irresponsáveis não pode manchar a reputação de tanta gente dedicada. Não fosse o trabalho abnegado de médicos, enfermeiras, atendentes e outros profissionais da saúde que carregam nas costas a responsabilidade de atender os mais humildes, o SUS sequer teria saído do papel.
A saúde no Brasil é carente de financiamento e de métodos administrativos modernos que lhe a

imo ano.

ssegurem eficiência e continuidade.

Reformar esse mastodonte desgovernado, a um só tempo miserável e perdulário, requer muito mais do que simplesmente importar médicos, é tarefa para estadistas que enxerguem um pouco além das eleições do próx

Drauzio Varella
Drauzio Varella é médico cancerologista. Por 20 anos dirigiu o serviço de Imunologia do Hospital do Câncer. Foi um dos pioneiros no tratamento da Aids no Brasil e do trabalho em presídios, ao qual se dedica ainda hoje. É autor do livro "Estação Carandiru" (Companhia das Letras). Escreve aos sábados, a cada duas semanas, na versão impressa de "Ilustrada"

Demagogia eleitoreira

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Postado pelo Lobo do Mar