terça-feira, 16 de julho de 2013

Governo Collor, governo Dilma


JOÃO MELLÃO NETO *
Dona Dilma está possessa. E quando está assim desconta a sua raiva em todos os que trabalham ao seu lado. Estes, se tivessem mais brios, apresentariam de imediato sua carta de demissão. Mas o problema que os aflige não é só de ego ferido, é, no fundo, de empregabilidade. Quem na área privada se disporia a arranjar uma colocação condigna para o atual ministro da Pesca, se ele só conhece peixe de supermercado, que já vem carimbado com o selo do SIF? Prefiro não citar o nome de ninguém, até porque os desconheço. Sei, porém, que há uma ministra para garantir a igualdade racial, outra para formular políticas que promovam as mulheres no espaço público e outros tantos cujo desempenho passa despercebido, porque são nada menos que 39 - até agora. Em sua maioria, nunca tiveram uma chance de garantir um despacho a sós com nossa presidente. Nem que fosse na base do "se vira nos 30"...

Essa equipe, tão zelosa, ao que se sabe, quando cruza em algum corredor com a presidente, leva ao menos um desaforo para casa: é a chamada "bronca preventiva".

"O segundo violino está claramente desafinado!"

"Mas, sra. maestrina, o segundo violino não está presente!"

"Não importa, quando ele chegar, repreendam-no!"

No breve período em que estive no Ministério, tinha apenas 12 colegas de função. As viagens de jatinho só podiam ser feitas por motivo de saúde ou a trabalho, quando nossos destinos não eram contemplados por linhas aéreas regulares. Vali-me desse serviço somente quando precisei ser operado de emergência. Justiça seja feita, o único colega com quem sempre me encontrava nos voos de carreira de sexta-feira, após o expediente, era o respeitável ministro da Saúde, o dr. Adib Jatene.

Apesar de todo esse recato e tanta cautela, o presidente Fernando Collor acabou sofrendo impeachment no Congresso. E eu tratei de voltar para lá. Ainda contava com algum prestígio, tanto que dois anos após logrei obter nas urnas novo mandato.

Dediquei ao menos um ano a desvendar o mistério Collor. No frigir dos ovos, ele acabou sendo impedido por duas razões: apropriação indébita de uma Fiat Elba e pagamento dos mitológicos "jardins da Dinda". Ora, isso era migalha perto do que vem ocorrendo no País nos últimos dez anos. Não havia, de fato, provas mais contundentes para ensejar o que houve.

Questionei todos os parlamentares que respeitava e de quem era amigo. O então senador Fernando Henrique Cardoso apresentou-me o seguinte argumento: "Eu até poderia absolvê-lo. Ocorre que, mesmo se Collor vencesse no Congresso, não teria mais nenhum crédito. Sua governabilidade fora a pique. Não havia mais nada a fazer". Já Delfim Netto deu sua resposta em entrevista a um órgão da mídia: quem dissesse que Collor caíra por corrupção era cínico ou mal informado. Segundo Delfim, a classe política não podia mais tolerar um presidente tão volúvel, que, qual biruta de aeroporto, mudava de posição a cada momento. Collor não caiu por corrupção, mas porque se tornara absolutamente inconfiável.

Por último, a opinião de Roberto Campos: Collor falhou várias vezes. A primeira, antes da posse, ao convidar para compor seu Ministério pessoas de quem nem sequer ouvira falar - Antônio Rogério Magri, para o Trabalho e Previdência Social, e Zélia Cardoso de Mello, do quinto escalão do Ministério da Fazenda no governo Sarney, de quem acabou se tornando amigo por ser ela a responsável por manter relacionamento com os governadores do Norte. 

O mais pitoresco foi Bernardo Cabral. Collor conhecia-o da Constituinte, de que Cabral fora o relator. Só isso bastou para guindá-lo à pasta da Justiça. Notório conquistador, Cabral resolveu arrebatar o coração de Zélia, o que conseguiu levando-a Paris. Foi uma grande decepção para ela: ao acordar, percebeu que quem lhe jurara amor eterno partira, deixando-lhe um simples bilhete.

A situação de Collor a essa altura já era crítica. Cabe lembrar que, por sugestão de sua ministra da Fazenda, ele havia confiscado a poupança de todos os brasileiros. Foi então que decidiu mudar todo o Ministério. Nessa ocasião é que fui convocado e, confesso, tive imenso prazer em viver essa experiência. Todos nós, os 13 ministros da segunda fase do governo Collor, tínhamos ciência de que não haveria outra chance. Corria entre nós, dos escalões superiores, um gracejo que tinha muito de verdade: errar é humano, perdoar é divino, mas dali em diante nenhum dos dois seria aceito no governo. Jorge Bornhausen, uma espécie de primeiro-ministro, alertava-nos de que, mais do que ministros, representávamos uma nova face do governo. O novo Ministério haveria de ocupar exclusivamente as páginas de política dos jornais, jamais as de crimes, como antes. Esse novo Ministério durou apenas seis meses. Saí de lá com a cara lavada e reassumi minha cadeira na Câmara dos Deputados. Reeleito, fiquei em Brasília mais quatro anos. 

A título de lembrança da época, um amigo comentou comigo que assistira no YouTube aos momentos finais do governo e constatara que, fora eu, não havia nenhum outro ministro presente. Essa é uma passagem de que, paradoxalmente, guardo uma ponta de orgulho. Por três dias a Casa Militar convidara insistentemente todos os membros do primeiro e do segundo escalões a prestar solidariedade ao presidente que saía. Quase todos se esquivaram, com receio, talvez, de cair no opróbrio popular. Outros deixaram de comparecer por motivo mais mesquinho: já se haviam acertado com o vice-presidente e temiam que sua presença ao lado de Collor pudesse gerar algum mal-entendido com a equipe que entrava.

Eu tratei de ficar o tempo todo ao lado do presidente e ainda fiz questão de acompanhá-lo até o helicóptero, sob vaia geral. Voltei para casa sozinho. Aos 36 anos de idade, acabara de vivenciar a experiência política mais dramática de toda a minha vida.


* JOÃO MELLÃO NETO É JORNALISTA, FOI DEPUTADO, SECRETÁRIO E MINISTRO DE ESTADO. E-MAIL: J.MELLAO@UOL.COM.BR.
POSTADO PELO LOBO DO MAR

12 Siria Maria Mohamed - Rádio Mundial Desatando os Nós da sua Vida ! 2...

Evo Morales proibiu Ministro da Defesa do Brasil de decolar e revistou avião da FAB. Onde está a indignação do Lula?

por cardoso lira



Em 2002, em pleno pânico com ataques terroristas que tinham derrubado as Torres Gêmeas, a segurança americana, em estado de alerta máximo, revistava qualquer cidadão que chegasse ao país, fosse ele comum, tripulante de avião ou até mesmo diplomata. Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores de FHC, foi convidado a tirar os sapatos ao chegar aos EUA, para poder passar nos detectores de metais. O episódio foi fartamente explorado pelo Lula na sua suprema capacidade de destruir biografias. Assistam ao vídeo. Agora vejam o que aconteceu com Celso Amorim, ministro da Defesa do Brasil, humilhado pelos bolivianos. Onde está o boquirroto Lula?
 
Meses antes de expressar repúdio pela retenção e revista do avião de seu presidente na Europa, sob suspeita de que levava o ex-agente da CIA Edward Snowden, o governo boliviano reteve e revistou a aeronave que levaria o ministro da Defesa, Celso Amorim, de volta ao Brasil após uma visita à cidade de Santa Cruz de la Sierra, no ano passado. A busca, feita inclusive com cães farejadores, aconteceu em meio a suspeitas de que Amorim levava a bordo o senador de oposição Roger Pinto, que está refugiado há mais de um ano na Embaixada do Brasil em La Paz.
 
A informação, divulgada no último fim de semana pelo site "Diário do Poder", do jornalista Claudio Humberto, foi confirmada ao Valor por fontes do governo brasileiro. O incidente ocorreu em 3 de outubro do ano passado, segundo as fontes, quando Amorim visitou a Bolívia para a doação de dois helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) ao país, para serem usados no combate ao narcotráfico.
 
Segundo as fontes do governo brasileiro, o Itamaraty emitiu uma nota de protesto pela vistoria do avião de Amorim. Uma das fontes afirma que, em resposta, os bolivianos "responderam com um pedido de desculpas". Outra fonte afirma que Amorim permitiu a revista do avião, que pertence à FAB. O incidente vinha sendo mantido em segredo pelos dois países.
 
Questionado pelo Valor, o Ministério da Defesa disse que não comentaria o assunto. Já o Ministério das Relações Exteriores disse que "a assessoria de imprensa não tem conhecimento dessa informação" [a vistoria do avião de Amorim e a nota de protesto]. Já o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia "não confirma nem nega" o incidente.
 
A informação vem à tona poucos dias depois da indignação expressada por quase todos os países sul-americanos com a retenção do avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, na Europa, no dia 3 de julho. Na ocasião, Itália, França, Espanha e Portugal fecharam seu espaço aéreo para o avião presidencial. Isso obrigou a aeronave a pousar na Áustria, onde ela foi revistada. O episódio ocorreu por conta da caçada promovida pelo governo americano a Snowden, que revelou no mês passado que o Wa-shington monitora dados de internet e telefonemas para "combater o terrorismo". Os países europeus negaram que o incidente tivesse relação com Snowden.
 
O caso gerou uma reunião de emergência da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e foi destaque da agenda da cúpula do Mercosul, na semana passada. Reunidos em Montevidéu, os presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela decidiram convocar seus embaixadores nos quatro países europeus para consultas - uma medida diplomática que sinaliza um forte mal-estar entre os países, sem implicar rompimento das relações bilaterais.
 
O senador Roger Pinto chegou à embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio do ano passado. Alvo de mais de 20 processos judiciais, ele diz sofrer perseguição política após ter denunciado o envolvimento de altas autoridades do governo boliviano com o narcotráfico. Pinto pediu e recebeu asilo político da presidente Dilma Rousseff, mas permanece na embaixada, pois Morales se recusa a conceder-lhe um salvo-conduto para que ele deixe o local sem ser preso.
 
Brasil e Bolívia formaram uma comissão bilateral em março para tentar uma solução, mas a embaixada está alijada do caso. Para Morales, o embaixador brasileiro em La Paz, Marcel Biato, passou "informações incorretas" a Dilma a respeito do senador. A ministra da Comunicação boliviana, Amanda Dávila, chegou a chamar Biato de "porta-voz da oposição".
 
O mal-estar levou à troca do embaixador, a pedido de La Paz, apurou o Valor. Biato deve ir para a Suécia. Ele já recebeu o "agrément" de Estocolmo, mas seu nome ainda tem que ser aprovado pelo Senado brasileiro. (Valor Econômico)

Postado pelo Lobo do Mar

Aumento das dívidas das famílias e dificuldades para quitá-las aumenta desgaste de imagem de Dilma


Por Jorge Serrão –

O valor total das dívidas das famílias brasileiras atingiu R$ 16,2 bilhões no ano de 2012. A média do endividamento é de R$ 1.950,00 por família. Pelo menos 22% estão com contas em atraso. A taxa de renda comprometida com o pagamento de dívidas é de 30%. Na comparação com o ano de 2011, o valor total da dívida das famílias teve um aumento real de R$ 346 milhões em 2012.

O reflexo destes números sobre o dia-a-dia das pessoas, tabulados pela pesquisa Fecomércio-SP “Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras”, com base em indicadores do IBGE, é que assustam o governo. O problema concreto na hora de pagar contas reflete na indignação da classe média. Afinal, a dívida pode aumentar com a alta do custo de vida e a subida de juros sob a desculpa de conter a suposta inflação (em um país que tem o Real como moeda sobrevalorizada).

Na interpretação da Fecomercio-SP, o valor das dívidas cresceu em função da maior oferta de crédito em 2012. Os números tendem a dar uma freada porque os bancos, mesmo com dinheiro sobrando, relutam em liberar novos financiamentos. A prioridade é facilitar renegociações dos débitos, o que gera ainda mais lucro, com a subidinha da taxa selic para 8,5%. De qualquer forma, o endividamento gera pressão psicossocial – o que reflete no mau humor dos encalacrados devedores em relação ao governo – o que afeta a popularidade da Presidenta Dilma Rousseff.

A Fecomercio adverte: “O sistema pode se tornar vulnerável diante de cenários imprevistos de inflação, como em 2012, quando houve uma imposição da redução de consumo e uma elevação do valor das dívidas em atraso”.

Postado pelo Lobo do Mar