Por Cardoso Lira
O editorial abaixo, do Estadão, mostra o que qualquer brasileiro, com
um pingo de experiência em educação, já preconizava: o insucesso do
sistema de cotas inventado para fazer demagogia com dinheiro público. Os
cotistas são mais limitados, não por culpa deles, mas por culpa de uma
péssima gestão da Educação nos níveis fundamental e médio. Colocar um
índio na faculdade e querer que ele tenha o mesmo aproveitamento de um
branquelo que estudou em colégio particular e fez intercâmbio nos
Estados Unidos não é política "afirmativa": é cinismo. Para tentar
salvar o Programa Ciência sem Fronteiras, bingo! - o governo vai lançar o
Programa Inglês sem Fronteiras. Mercadante descobriu que para estudar
nos Estados Unidos é preciso ter proficiência em inglês. Mas tem mais.
Também vai ter cota para estes programas. Leia abaixo.
Ao divulgar o decreto e a portaria que regulamentam a Lei de Cotas, o
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, acabou reconhecendo que a lei
dará acesso às universidades públicas a estudantes que não estão
preparados para cursá-las. Aprovada há dois meses pelo Congresso, a Lei
de Cotas obriga as universidades e institutos técnicos de nível médio
federais a reservarem 50% de vagas para alunos que tenham feito
integralmente o ensino médio em escolas públicas.
A lei também
estabelece subcotas por critérios de renda e de raça. No primeiro caso,
metade das vagas reservadas a "cotistas" deverá ser preenchida por
estudantes com renda familiar mensal per capita de até 1,5 salário
mínimo (R$ 933). As universidades e institutos técnicos federais poderão
exigir cópia da declaração do Imposto de Renda, extratos bancários e
até nomear uma comissão encarregada de visitar o domicílio dos
candidatos para verificar se vivem em famílias com baixa renda. O
decreto cria ainda um Comitê de Acompanhamento das Reservas de Vagas nas
Instituições Federais de Educação Superior e de Ensino Técnico, que
terá, entre outras, a incumbência de fiscalizar o cumprimento da Lei de
Cotas e propor "programas de apoio" a cotistas.
Já no caso das
subcotas raciais não haverá qualquer tipo de controle, bastando aos
candidatos declarar se são pretos, pardos ou indígenas. Pelo decreto, os
candidatos pretos, pardos e indígenas disputarão as mesmas vagas.
Caberá, contudo, às universidades federais a prerrogativa de separar as
subcotas raciais das cotas para indígenas.
"Fomos o último país a abolir a escravatura nas Américas. A política de ações afirmativas busca corrigir essa dívida histórica. Temos de dar mais oportunidade àqueles que nunca tiveram, que são os pobres", disse o ministro da Educação, depois de anunciar que vem preparando um sistema de tutoria e cursos de nivelamento para cotistas. "Os alunos terão um tutor que os acompanhará, verá as deficiências, ajudará a reforçar o que é necessário", afirmou. Com isso, ele admitiu os problemas de aproveitamento e desempenho escolar que a Lei de Cotas introduzirá nas universidades e institutos técnicos federais. É como se reconhecesse que as universidades e institutos técnicos federais passarão a ter dois tipos de alunos - os de primeira classe, escolhidos pelo princípio do mérito, e os de segunda classe, beneficiados pelo sistema de cotas.
"Fomos o último país a abolir a escravatura nas Américas. A política de ações afirmativas busca corrigir essa dívida histórica. Temos de dar mais oportunidade àqueles que nunca tiveram, que são os pobres", disse o ministro da Educação, depois de anunciar que vem preparando um sistema de tutoria e cursos de nivelamento para cotistas. "Os alunos terão um tutor que os acompanhará, verá as deficiências, ajudará a reforçar o que é necessário", afirmou. Com isso, ele admitiu os problemas de aproveitamento e desempenho escolar que a Lei de Cotas introduzirá nas universidades e institutos técnicos federais. É como se reconhecesse que as universidades e institutos técnicos federais passarão a ter dois tipos de alunos - os de primeira classe, escolhidos pelo princípio do mérito, e os de segunda classe, beneficiados pelo sistema de cotas.
"A
experiência demonstra que parte desses alunos precisa de
acompanhamento, especialmente no início do curso. Temos de garantir que
saiam em condições. Inclusive, vamos fazer uma política de assistência
estudantil, para que os cotistas possam se formar e ter seu diploma",
afirmou.
Contudo, mostrando como são tomadas as decisões do
governo na área social, o ministro anunciou que o "modelo nacional de
nivelamento e tutorias" não deverá estar pronto antes do próximo
vestibular, quando o regime de cotas entra em vigor. Portanto, apesar da
retórica oficial em favor de políticas afirmativas, o MEC não estava
preparado para lidar com os problemas trazidos por uma lei que aumentará
significativamente as responsabilidades, a burocracia e os gastos das
universidades e institutos técnicos federais com atividades-meio.
A
preocupação em agitar a bandeira das cotas às vésperas de uma eleição é
tanta que, na mesma entrevista em que reconheceu que o governo ainda
não tem um plano de nivelamento e tutoria para cotistas, Mercadante
disse que está cogitando de usar o sistema de cotas também no programa
Ciência sem Fronteiras, que dá bolsas de graduação e pós-graduação no
exterior. Mas, segundo ele, essa iniciativa teria de ser precedida do
ensino em massa de inglês e de outras línguas. "Se não tem proficiência
em inglês, só posso mandar os alunos para Portugal", afirmou. O ministro
alegou que o MEC está preparando o programa Inglês sem Fronteiras. Mas,
como se tornou rotineiro na administração petista, ele deverá ser
implantado depois do anúncio da extensão do regime de cotas para o
Ciência sem Fronteiras.
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Postado pelo Lobo do mar