segunda-feira, 19 de outubro de 2009

OS GENERAIS DO JANGO

Por Ernesto Caruso

Pinçando os fatos históricos, cada um com as suas observações e convicções, vejamos alguns aspectos e procedimentos da cúpula militar no entorno do dia 31 de março de 1964.

Assim como o governo Lula/Dilma/Tarso vem fazendo sistematicamente, quer fazendo massiva propaganda sobre os desaparecidos políticos e diz aos militares que se deve esquecer o passado (dito pelo Gen Albuquerque, excomandante do EB, em palestra no Clube Militar), quer alimentando as invasões pelo MST, afrontando o direito de propriedade, como parte da pressão de base, quer se imiscuindo nos outros Poderes, com a capa protetora da democracia, mas usando-a de forma fraudulenta, impondo amarras na cúpula do Judiciário, nomeando a sua maioria pelo longo período de governo, advindo da famigerada reeleição, e outras amarras no Legislativo, como no recente escândalo envolvendo o presidente do Senado, já na gaveta, abafado pela mudança de foco para o caso Zelaya e o espetáculo teatral das Olimpíadas de 2016.

Na Chefia do Gabinete Militar estava o Gen Bda Argemiro de Assis Brasil, de 18/10/63 até 31/03/64. Segundo consta, montara um plano para colocar oficiais generais nos principais cargos que fossem ideologicamente afinados com o presidente Jango, garantindo o tal Dispositivo Militar, que, no momento crucial fracassou totalmente.

Em 30 de março de 1964, houve a reunião no Automóvel Clube do Brasil do presidente Jango com os sargentos. Embora mais um fundamento para o desenlace do dia seguinte, não foi a gota d'água, pelo exíguo tempo entre esse acontecimento e o seguinte, com as tropas do Gen Mourão em marcha para o combate.

A despeito do rastilho de pólvora já aceso, pairou dúvida quanto à ida de Jango ao evento. Observe a entrevista de Raul Riff: “Quando o Jango estava se arrumando para ir à reunião dos sargentos no Automóvel Clube, estavam no quarto com ele o Tancredo, o general Assis Brasil e eu. Não me lembro se ele convocou ou se foi ocasional o fato de nós três estarmos lá. Quando ele já estava quase saindo virou-se para nós e perguntou: "O que é que vocês acham? Vou ou não ao comício?" Tancredo foi contra: "Não deve ir porque realmente é uma coisa que não agrada à hierarquia militar. Politicamente não é aconselhável."

Aí o Jango virou-se para o Assis Brasil: "O que é que você acha?" Assis Brasil, que como militar tinha uma opinião que pesava muito, disse: "Não; acho que não pode deixar de ir, porque seria uma falta de consideração, de atenção com os sargentos que promoveram essa reunião." Por fim, virou-se para mim: "Ryff, o que é que tu achas?" Respondi: "Estou de acordo com o Tancredo. Acho que não é oportuno." Ele acabou indo.”

Apesar de toda a lealdade do Gen Assis a Jango, as palavras da filha do ex-presidente, Denize Goulart, não demonstram reconhecimento, nem respeito: “Depois do golpe, quando estávamos no exílio, o general Assis Brasil foi nos visitar no Uruguai. Minha mãe, ao encontrá-lo diante dela, não se conteve e falou: "Piá merece é isso!" e esbofeteou o general!!!” E arrasa: “Ainda há pouco citei o Castello Branco, que era conspirador, mas estava próximo ao presidente. No Chile aconteceu igual: o Augusto Pinochet era o general mais submisso ao Salvador Allende, mas derrubou-o...” (Portal do PDT)

Obviamente, confunde, no militar, a lealdade às pessoas, com concordância ou discordância aos atos postos em prática pela autoridade.

Cargos militares têm que ser ocupados por militares, sem que isso signifique, por um lado, subserviência, prevalência dos interesses pessoais, prêmios de consolação, acomodação, omissão, fraqueza, ou por outro, respaldo, afinamento com as posturas de governo e coparticipação nos riscos. Ter percepção sobre os desvios de conduta no macro e no micro, aceitar ou reagir, gerando uma pequena crise, pela saída, esclarecendo as razões, ou uma crise à altura do desvio constitucional, aceito mansamente pelos outros Poderes, alijando o Executivo infrator, em respeito concepção do Estado.

O Gabinete Militar, criado em 1938 foi designado Casa Militar em 1992, e em 1999, Gabinete de Segurança Institucional. O desmonte das Forças Armadas.

Como ministro da Marinha estava o Almirante Sylvio B. Motta (15/06/63 a 27/03/64) que substituíra o Alte Pedro Paulo Suzano (24/01/63 a 14/06/63), quando ocorreu uma reunião de marinheiros no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro no dia 25 de março de 1964, em prol de uma associação de classe, reivindicações, apoio às reformas de base, etc. Não concordando com a ocorrência, o ministro emitiu ordem de prisão dos infratores para execução por parte dos fuzileiros navais, cujo efetivo aderiu aos demais, apoiado pelo Alte Cândido Aragão. Afinados Jango e Aragão forçaram o pedido de demissão do ministro que foi substituído pelo Alte Paulo Mário da Cunha Rodrigues (27/03/64 a 31/03/64).

Acomodação, liberdade aos presos, manifesto de repúdio pelo Clube Naval; almirantes e oficiais contra a anarquia reinante, demonstrando a insatisfação, dando a lição, não só refutando a indisciplina, incentivada ostensivamente, diferente de hoje, camuflada pelo viés ideológico de juízes, exarando sentenças não compatíveis com as atividades militares em tempo de paz, como preparação, por serem próprias e adequadas aos momentos de guerra. Avançar sob os fogos, zumbido da morte dos rojões e a metralha das armas inimigas serão o desafio a vencer, fora dos gabinetes, togas, cafezinho e ar condicionado.

No Ministério da Guerra, o Gen Ex Jair Dantas Ribeiro (15/06/63 a 31/03/64) e no Ministério da Aeronáutica, o Brigadeiro Anysio Botelho (15/06/63 a 31/03/64) que estavam presentes, juntamente com Alte Sylvio Motta, ministro da Marinha, no comício da Central do Brasil em 13 de março de 1964, onde os discursos e as faixas empunhadas pelos manifestantes, "Jango em 65 - Presidente da República: Trabalhadores querem armas para defender o seu governo". "Sexta Feira, 13, mas não é de agosto", "Brizola 65 - Solução do povo", "Jango - Abaixo com os latifúndios e os trustes", "Jango - Defenderemos as reformas à bala". (...)

As Ligas Camponesas, espúrias como o MST de hoje, invadiam as propriedades e barbarizavam. Guerra civil, fechamento do Congresso e plebiscito foram temas.

Oficiais e sargentos foram designados para representares as suas organizações. Aproximadamente 2.500 soldados da Polícia do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais guarneciam o dispositivo.

Dos ministros, nem todos se curvaram. O das Relações Exteriores, Araújo Castro, declarou que comparecer a comícios não era sua obrigação e ficou no Itamaraty.

Do Gen Jair Dantas Ribeiro, há que se buscar um depoimento, ao que parece isento: “A 14 de setembro de 1962, uma greve nacional, articulada com o apoio do comandante do III Exército, general Jair Dantas Ribeiro, obrigou o Congresso a aprovar a emenda Valadares, que determinou a antecipação para janeiro de 1963 da realização do plebiscito sobre o parlamentarismo, marcado para 1965.” Em “A sociedade cindida”, por Jacob Gorender que completa: “O que chamamos de golpe militar teve inequívoco e poderoso apoio social. Funcionou como contra-revolução preventiva.”

O militar não jura fidelidade aos homens no governo, mas à Pátria; se compromete em solene juramento a defendê-la, com o sacrifício da própria vida.

A continência à Bandeira Nacional consubstancia esse respeito ao símbolo, mas é impessoal quando se presta à autoridade, civil ou militar, que obrigatoriamente deve estar no mesmo contexto de defesa da concepção do Estado brasileiro, nascido da conjunção entre o homem e a natureza, gestado ao longo de mais de 500 anos de História, parido com sacrifício e portador da verdadeira e primeira certidão de nascimento, definido por suas primordiais características. Deve ser considerada para preservar a sua identidade, diante de qualquer ameaça, sem sofrer transfigurações e mutilações. Dever do militar como parte integrante da sociedade, una indivisível; abominada a expressão sociedade civil organizada, como se na resultante do Poder Nacional, não existisse a componente fardada.

Legitimidade no poder não é só ser eleito, como tem dito Lula na questão de Honduras do afastamento de Zelaya, como exigência do Estado de Direito, que em si, será democrático se for mantida a independência dos Poderes.

Aprender com o passado, tomar decisões no presente de acordo com a sua consciência e ser bem lembrado no futuro, sem pretender que a unanimidade lhe seja fiel.

Ernesto Caruso é Coronel da reserva do EB.



COMENTO
Prezados amigos temos aqui uma excelente e brilhante máteria, que neste momento vem elucidar muitos acontencimentos da nossa história recente.
Ainda bem, que temos muitos patriótas e militares exemplares como esse Coronel.

Só que precisamos de muitos patriótas e homens de bem da nossa República, para que no momento certo, em que formos convocados, não deveremos hesitar para cumprirmos nosssa difícil e árdua missão, de tirarmos o Brasil das mãos desta abominável facção criminosa que se encontra no poder da República, com o propósito de perpetuar-se e locupletar-se do erário público.

O NOSSO ESPORTE OLÍMPICO É MATAR

Por Reinaldo Azevedo

O helicóptero da polícia do Rio atingido por traficantes caiu, ironicamente, na chamada Vila Olímpica do Sampaio, antigo Clube do Sampaio, um local com estrutura e equipamentos dedicados aos esportes. Estamos em tempos de surpreender e assombrar o mundo, conforme reza a propaganda ufanista do ex(?)-MR-8 Franklin Martins. Podemos reivindicar a tropicalização dos esportes olímpicos, acrescentando Tiro ao Helicóptero e Inocente Atingido por Bala Encontrada — já que as perdidas são aquelas das quais nem ficamos sabendo. Há um pouco de amargo deboche nisso? É óbvio que sim. Contra o Rio? Ora! Por que ser modesto? Podem colocar logo aí: “Contra o Brasil” — nome de um livro de Diogo Mainardi. Esse Brasil que “eles” fazem e que têm feito por aí. Ou alguém seria contra o Brasil ideal? Eu não sou contra nem a Suíça ideal, entendem? Não, alguns não vão entender.

A violência escancarada do Rio — nem é a cidade que mais mata no país; a mais violenta é Recife, capital de Pernambuco, um dos locais onde estaria em curso a revolução lulo-petista — é só um episódio na conta dos 50 mil homicídios que ocorrem por ano no Brasil. Na maioria das vezes, trata-se de pobre matando pobre — a pobreza que, tudo indica, está sendo oficialmente extinta pela propaganda. Nos tempos em que Marilena Chaui fazia suas rasantes teóricas pilotando a vassoura mais ligeira da filosofia brasileira, o ufanismo era certamente coisa da direita (leia Do Kotscho à Chaui, de Diogo). O Brasil experimenta agora a boçalidade do patriotismo de esquerda. Veio bater nas nossas praias, na versão stalinismo de mercado, com uns 50 anos de atraso…

Podem-se encontrar dezenas de explicações para as cenas a que assistimos diariamente, mas a mais evidente e menos abordada é esta: miséria moral. O establishment político e econômico se acostumou a esta nossa “verdade”. Assisti a uma reportagem que contava os bastidores do filme oficial da candidatura do Brasil à Olimpíada de 2016. Muita gente deu seu testemunho. O de um publicitário-cineasta — não era Fernando Meirelles; não me lembro o nome; pouco importa — me encantou particularmente. Reproduzindo o que seria uma indagação da “turma do contra”, considerou: “Ficam perguntando por que a gente não falou da violência do Rio. Ora, Tóquio não falou dos seus terremotos, e Madri não falou dos atentados terroristas”. Entenderam?

A bandidagem que faz refém 20% da população da cidade do Rio, que mora em favelas, é como os terremotos de Tóquio: um dado da natureza. Ou então é com um atentado terrorista da Al Qaeda — é coisa que não nos pertence. Não que um filme-propaganda devesse tratar das modalidades olímpicas nativas como Tiro a Helicóptero, mas o argumento é boçal e expressa uma certa má consciência segundo a qual a cidade é obrigada a conviver com isso. Há o Pão de Açúcar, as praias e os traficantes. E não custa lembrar. Tóquio usa a tecnologia contra os terremotos; Madri tomou medida adicionais de segurança contra o terror. O Brasil costuma levar a “cultura” da bandidagem dos morros para ser exaltada na televisão na forma de “produção do povo”.

É por isso que os terremotos não matam em Tóquio, mas os bandidos matam milhares de pessoas no Brasil. O Japão odeia seus terremotos; nós adoramos os nossos marginais; nós adulamos as nossas catástrofes.

Dá para resolver? Acho que dá, não é? Há um fato, não menos lastimável do que o narcotráfico, que evidencia que é, sim, possível alterar essa equação desde que exista uma política pública voltada para esse fim, que não se esgota no confronto da polícia com os bandidos, embora ele seja inevitável e necessário. Refiro-me às milícias.

As milícias são mais uma evidência de que a segurança pública no Rio está doente — e não se enganem: existem justiceiros em outras cidades do país. É evidente que elas têm de ser combatidas. São também criminosas. Mas, curiosamente, estão a nos dizer que é balela essa história de que é impossível combater a bandidagem original. O que não pode, evidentemente, é combater o crime com outros crimes; ele tem de ser enfrentado é com a lei. O que estou evidenciando é que, se uma milícia consegue desalojar grupos pertencentes a facções do crime organizado, por que não conseguiria o Estado, que dispõe de mais recursos?

Não consegue porque as políticas públicas de segurança, no Brasil, já foram infiltradas pela poetização do banditismo. Sei que muita gente chia nessas horas — “Lá vem você com isso! Mas que paranóia!”; falem à vontade; não ligo — , mas o fato é que todo o entendimento de segurança pública no país passa pelo filtro das esquerdas. E cabe constatar: elas são especialistas históricas em produzir violência, não em combatê-la.

De fato, transformaram a violência em teoria política. Nem é preciso lembrar aqui que o crime organizado em comandos hierarquizados é produto da fusão da teoria de homicidas marxistas (em nome da história) com a prática de homicidas comuns (em nome da sua carteira).

Ninguém entra no morro hoje sem pedir licença a uma miríade de ONGs e organizações que representam a tal “comunidade”. Começam convivendo com os “donos” do lugar e terminam como seus aliados e porta-vozes. O problema, reitero, é federal. Certas áreas do país não podem mais ficar por conta apenas das polícias estaduais. Mas a segurança pública, como se nota, não vira tema de campanha de jeito nenhum. Não podemos nos dar a esse luxo, não é? Vai que, enquanto tratamos disso, os piratas somalis roubem o petróleo do pré-sal com seus canudinhos mágicos.

Aí o petralha cretino manda ver: “Rá, rá, rá, Lula tem 80% de popularidade e trouxe a Olimpíada”. E daí? Nem por isso o país deixa de produzir todo ano os seus 50 mil presuntos. Sem uma política de segurança na esfera federal que combata a bandidagem e recupere os pedaços de território do país que foram tomados pelo narcotráfico, isso não muda. No mínimo, para que se faça a Olimpíada em paz, será preciso chamar à mesa de negociação a parte que ainda não foi chamada: a bandidagem — a dos morros…

O Estado brasileiro terá de celebrar um acordo com o Estado do Narcotráfico; acordo mesmo; coisa entre países, entenderam? Não será nenhuma novidade. Certa feita, o então ministro da Cultura, Gilberto Gil, só conseguiu participar de uma solenidade em área dominada pelo tráfico depois de uma negociação. Como um ministro representa o presidente, era como se Lula tivesse negociando com o seu homólogo daquele outro país; algumas obras do PAC só são tocadas com autorização dos donos do pedaço.

Vetei comentários de alguns leitores que afirmaram que o carioca tem uma cultura tolerante com o crime etc e tal. Queridos, neste blog, não existem cariocas, fluminenses, paulistanos, paulistas, mineiros. Nada me aborrece mais — porque acho burrice ou vigarice — esse negócio de “São Paulo gosta disso, Minas quer aquilo, o Rio reivindica aquilo outro…” Acho que São Paulo, Rio, Minas e o Brasil querem o que quer toda gente: viver em paz, de acordo com as leis democraticamente pactuadas. Vá ver se o trabalhador do Rio, morador das favelas, vê com bons olhos o mito da cultura do morro. Ele quer o que queremos todos: os filhos estudando em escolas decentes, tentando melhorar de vida.

Quem transformou a população do morro num “outro ser”, numa espécie de extra-terrestre, que tem sua própria visão de mundo, não foram os “conservadores”; ao contrário, isso é obra dos “progressistas”, que os vêem com olhos de antropólogos tolerantes, que não querem interferir naquela “cultura”.

De vez em quando, aqueles seres estranhos começam a trocar balas, e isso incomoda um pouco… Não! Isso não é “coisa de carioca”. Isso é fruto da irresponsabilidade do Poder Público e, no fundo, da impiedade transformada numa ética.

Numa ética e num esporte. O verdadeiro esporte olímpico nativo tem sido o Tiro ao Homem.

COMENTO
"Meus caros amigos e leitores, a matéria do tio Rei está irretocável, essa é a mais pura verdade, enquanto esse governo que está no poder, só pensa em locupletar-se do erário público, seja com programas eleitoreiros ou com bandidagens e mentiras, a segurança pública, não só no RJ, como em todo país está lastimável, lamentável e caótica.

Não é possível que as autoridades do nosso país e os oficiais generais, estejam leniêntes com o banditismo institucionalizado e a corrupção edêmica 'Lulo-Petralha-Molusquiana'.

Todos os dias surgem dezenas de novas denuncias seja de corrupção, bandidagem, nepotismo Lulo-Petralha e não acontece absolutamente nada.

Infelizmente já está passando da hora de uma intervenção, pois esse desgoverno corrupto e bandido do PT não tem limites e a tendência é essas bandidagens aumentarem cada vez mais, até a República não suportar e explodir de uma vez por toda".