quinta-feira, 24 de maio de 2012

Em audiência com associações de reservistas, Ministério descarta aumento em julho

Por Marco Aurelio Reis

Rio - O reajuste dos soldos dos militares das Forças Armadas, esperado para ser concedido em julho, vai ficar para o ano que vem. A informação é do chefe de gabinete do Ministério da Defesa, Ari Machado. Ele confirmou, em agenda interna da pasta, a existência de estudos no Ministério do Planejamento sobre o reajuste, mas disse que a comissão da Defesa que os acompanha já descarta a possibilidade de eles serem concluídos de modo a garantir o aumento este ano.

Machado deu as informações em audiência com dirigentes das associações dos Militares da Reserva Remunerada, Reformados e Pensionistas das Forças Armadas (Amarp-DF) e de Praças das Forças Armadas (Aprafa). Procurado pelo DIA, o Ministério da Defesa confirma a existência de estudos, mas diz não ter previsão de data para entrada em vigor do aumento e nem o índice.

Reservistas cobraram também o pagamento da dívida dos 28,86%, mas Defesa informou que Ministério do Planejamento não liberou a verba
Foto: DivulgaçãoCom isso, não descarta nem confirma que o aumento será concedido em 2013. “Falamos com o chefe de gabinete durante 25 minutos sobre a situação dos nossos soldos, muito aquém dos demais servidores federais e até mesmo dos policiais militares do Distrito Federal”, contou o presidente da Amarp-DF, sargento Genivaldo da Silva.

No encontro, os dirigentes cobraram também o pagamento da dívida dos 28,86% A Defesa informou que o pagamento depende da liberação de verba pelo Ministério do Planejamento. Segundo o chefe de gabinete, foi pedida a planilha de cálculo atualizada para o ajuste no orçamento e a dívida “provavelmente também não sairá neste ano”.

Para oficiais superiores ouvidos pelo DIA, a sinalização de aumentos só para 2013 seria cortina de fumaça. “Reduz a pressão e a expectativa por aumento já e, de quebra, faz qualquer índice anunciado soar como satisfatório, uma vez que seria encarado como antecipação”, avalia um oficial superior.

Oficiais ainda veem chance de aumento este ano

Apesar de, oficialmente, a Defesa estar falando em reajuste em 2013, nos bastidores, oficiais superiores ainda esperam que o reajuste parcelado tenha a primeira parte creditada em julho, com efeito financeiro em agosto. Apoiam essa expectativa na concessão imediata do reajuste da gratificação de cargo dos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica.

Previsto no projeto de lei que concedia reajuste também para servidores federais civis, o aumento veio por medida provisória. Conforme a coluna ‘Informe do Dia’ antecipou ontem, esse aumento é pequeno (6,99%), mas deixa os comandantes sem ter o que falar para a tropa que pede reajuste.

A mesma MP elevou o piso do auxílio-invalidez pago aos militares das Forças Armadas. Irá em julho de R$ 1.089 para R$ 1.520 (aumento de 39%), beneficiando quem não recebe valor acima em função do soldo maior. Também a etapa de alimentação sofrerá reajuste, ficando acima dos R$ 3,50 que são pagos atualmente.

“Os três aumentos são prova de que a equipe econômica está debruçada sobre o orçamento da Defesa. O governo está com dinheiro em caixa, uma vez que reduziu os juros básicos e vai reduzi-los ainda mais, não gastando tanto com custo da dívida pública. Por isso, ainda é possível esperar a concessão de parte do reajuste para este ano”, disse um oficial superior.

Postado pelo Lobo do Mar

Fim de sigilo da Delta põe PT e PMDB em crise

Por Eugênia Lopes, no Estadão:

O PT e o PMDB estão em pé de guerra depois de o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), ter defendido a quebra do sigilo bancário da Delta Construções em nível nacional e de seu principal acionista, Fernando Cavendish. Diante da crise, Cunha optou ontem pela cautela. Mas o deputado confidenciou a correligionários que fez uma reavaliação da blindagem da empreiteira e que, diante das evidências, não tem como evitar que as investigações recaiam sobre a Delta nacional e seu proprietário.

A decisão irritou o PMDB, em especial a ala ligada ao governador do Rio, Sérgio Cabral. Ele é amigo de Cavendish, com quem viajou para o exterior. Os peemedebistas alegam que a quebra de sigilo da Delta é uma reivindicação da oposição para tirar o foco do governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, que estaria envolvido com o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Com a provável aprovação da quebra dos sigilos da Delta, os peemedebistas estão certos de que a oposição terá munição para pedir a convocação de Cabral.

Em represália, o PMDB passou ontem a trabalhar com a ideia de não se aliar ao PT para convocar Perillo. Dizem que é mais fácil, agora, não aprovar a convocação de nenhum dos governadores alvo de denúncias. ‘Não é nosso’. Por ora, a cúpula do PMDB tenta manter postura de distanciamento. A alegação é que Cabral nunca foi “nosso” — ou seja, do PMDB — e não haveria motivos para o partido se empenhar na sua defesa. O líder da sigla na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), avisou que não pretende trocar seus titulares na CPI — Luiz Pittman (DF) e Íris Araújo (GO). Eles prometem votar a favor da quebra do sigilo.

Segundo integrantes da CPI, Cunha cogitou tornar a sessão de hoje em administrativa, para aprovar a quebra dos sigilos da Delta nacional e de Cavendish. O relator teria sido demovido da ideia pelo próprio PT. “Não se pode fazer uma reunião administrativa nas coxas”, disse o ex-líder Cândido Vaccarezza (PT-SP), ao garantir que apoia a decisão de pedir a quebra dos sigilos.

Postado pelo Lobo do Mar