Por Tio Rei
Sarney é, de muitos modos distintos, mas formidavelmente combinados, um espetáculo triste de se ver, patético mesmo, no sentido original da palavra, que foi se perdendo com tempo. Transcrevo para vocês a boa definição do Houaiss: “que ou o que tem capacidade de provocar comoção emocional, produzindo um sentimento de piedade, compassiva ou sobranceira, tristeza, terror ou tragédia”. Sim, essas coisas todas se misturam em mim vendo, hoje, sua figura.
Aos 79 anos, tendo participado da transição do regime militar para a democracia, tendo já presidido o Senado, poderia ser um desses senhores que se candidatam a oráculo e reserva moral. Ah, claro: seu governo teve lá as suas trapalhadas. Mas, se ninguém lhe dá uma colher de chá, este implacável Reinaldo Azevedo — tachado de malcriado às vezes; de destemperado, quem sabe?; de coisa ainda pior certamente — reconhece-lhe o mérito: ajudou, à sua maneira, um tanto torta, a consolidar a democracia no Brasil. Não foi um príncipe, mas também não foi um ogro. Não deveu nada à pastosa mediocridade de algumas reputações que estão por aí. Já que decidiu criar um estado pelo qual pudesse se candidatar, poderia, ao menos, ter escolhido a posição de conselheiro.
Mas não. Sim, sei bem, ele é quem é: pertence ao neocoronelato brasileiro — a esta altura, já tornado velho também. A idade e a posição alcançada no establishment lhe facultavam a possibilidade de ser, vejam que coisa, uma espécie de modernizador do conservadorismo, da tradição, escoimando dela as velharias e buscando um diálogo com o novo. Em vez disso, viu-se o quê? A emergência do poder petista, com sua propensão para dar liderança nova aos velhos vícios e acrescentar vícios inéditos ao estoque antigo, viu em Sarney um bom esteio.
Os magos do petismo apostaram, não sem razão, que ele poderia ser a voz daquele Brasil profundo, velho mesmo, arcaico, aferrado ao mandonismo, desta feita, mandonismo da periferia do poder, dos arrabaldes —, mas ainda com ampla representação no Congresso. E resolveram usá-lo como pilar da nova ordem. E ele aceitou ser esse pilar. Em torno dele, agregou-se o que há de mais arcaico na política brasileira, mas agora abrigado no guarda-chuva do “progresso” petista. Sarney e seus aprendizes, como Renan Calheiros, foram se transformando na cara do Congresso: defesa de privilégios inaceitáveis, desmandos, descuido com o dinheiro público. Enquanto isso, Lula, o demiurgo, o Tirano de Siracusa dos delírios de Marilena Chaui, triunfa sobre toda coisa viva, diante de um Congresso desmoralizado.
O gigantesco poder conferido a Sarney na era Lula não é apenas o preço a pagar pela governabilidade, que requer a aliança com o PMDB etc e tal. Esse argumento é velho. Sarney é a face não edulcorada do statu quo com o qual o petismo se acertou, no qual se deu bem. Não estivesse a academia brasileira (com exceções, sei disso) contaminada pela vigarice submarxista, que produz mais ideologia do que saber, essa era Lula estaria sendo examinada a partir de seus atores. E talvez se chegasse com facilidade à constatação de que vários atrasos se misturam: corporativismo, estatismo assistencialista, patrimonialismo renitente e, curiosamente, mercadismo (que não é economia de mercado; ao contrário: não gosta muito disso, não…).
Vi há dias Sarney na televisão. Não faz tempo, sua aparência, que não dispensava, como de hábito nos políticos, os recursos da cosmética, remetiam a alguém mais jovem, a uma liderança mais hígida. Exposto a si mesmo, a figura estava alquebrada, cansada, acuada pela incongruência entre palavra e realidade. Em suma, Sarney parecia mais velho do que Sarney, a despeito da cosmética: o que antes disfarçava começou a ressaltar, como, e não vai aqui nenhuma intenção agressiva, um clown surpreendido num momento de tristeza, com a lágrima a lhe deixar um rastro no rosto — símbolo, para mim, das coisas patéticas, conforme o definido no primeiro parágrafo. No discurso de hoje, vimos, finalmente, o Sarney de cabelos brancos, como a cobrar respeito.
Não é, definitivamente, algo bonito de se ver. Seria menos pior se, mero procurador daquele Brasil arcaico, pudesse se colocar agora como reformador dos maus hábitos, puxando a orelha dos seus liderados. Mas não! Infelizmente para ele — e para o país —, também é beneficiário desse Brasil que se faz nas sombras e que serve, reitero, como pilar disso que o PT pretende que seja uma nova ordem. E que é das mais antigas.
Há dias, recomendei aqui que renunciasse à presidência do Senado para que o processo político tivesse tempo de preservar o que ele pode ter representado de virtuoso, o que serviria, então, às exéquias decorosas de um tempo. Mas ele insiste em não sair de cena, em dar seqüência a seu número patético, em ser a expressão, com a maquiagem já derretendo, de um país que não passa e que precisa passar.
Talvez ele, escritor ruim, mas ao menos leitor — coisa cada vez mais rara na política, né, Lula? —, entenda que este é um texto, nas sua sinuosidades e reentrâncias, que serve à sua defesa. E a melhor maneira que tem o senador de se preservar em seu outono é não defender o indefensável. E sair de cena. Para que se tente fazer a higiene necessária na Casa.
COMENTO
Meus amigos, já publiquei no blog de ontem que os crimes cometidos pelo Sarney, já são suficientes para colocá-lo numa penitenciária de segurança máxima, junto com o Aiatolá Babalorixa, Apedeuta da Silva, no entanto o povo brasileiro parece não está dando à atenção a esses crimes do colarinho branco.
Normalmente eles dizem assim: Políticos todos eles roubam, com isso as pessoas vão se acostumando, com essas bandidagens e maracutaias, que são tidas pela maioria do povo brasileiro, como normais.
Os beneplácitos do bolsa esmolas são responsáveis por esse tipo estranho de comportamento, no mínimo abominável, visto que o governo tem muito interesse,
em que o povo cada vez menos esclarecido não se interessem por política. Algumas bandidagens a mais ou a menos não vão fazer nenhuma difereça.
Isso é um grande equívoco pois, por conta de tanta corrupção nosso futuro está comprometido, levará pelo menos 30 anos para nos recuperarmos.
É uma legião - PARENTES DE GENRO DE SARNEY na Espanha recebe do Senado.
Por Rodrigo Rangel e Rosa Costa, no Estãdão:
A árvore genealógica dos parentes e agregados do clã Sarney com emprego no Senado não para de ganhar novos ramos. No pente-fino feito nos atos de nomeação, sejam eles secretos ou não, apareceram dois novos nomes. Depois do neto e de duas sobrinhas de José Sarney (PMDB-AP), presidente da Casa, pendurados em gabinetes de senadores amigos, surgiram uma prima e uma sobrinha de Jorge Murad, marido da ex-senadora e atual governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB).
O mais novo nome da lista é o de Virgínia Murad de Araújo. Em 29 de maio de 2007, ela foi nomeada assistente parlamentar do gabinete da liderança do governo no Congresso, à época ocupada por Roseana. Seu salário, na ocasião, era de R$ 1.247. Onze meses após ter sido nomeada, ela passou a ganhar exatamente o dobro - R$ 2.494.
Virgínia é filha do ex-deputado Emílio Biló Murad, primo de Jorge Murad, genro de Sarney. Ela está até hoje na folha do Senado. O Estado telefonou ontem para o gabinete da liderança. Lá, uma funcionária afirmou não conhecer Virgínia. A assessoria de José Sarney, por sua vez, assegurou que ela trabalhava, sim, para Roseana. De acordo com a mesma assessora, Virgínia está hoje no gabinete de Mauro Fecury, que assumiu a vaga de Roseana.
A outra parente do genro de Sarney lotada no Senado é Isabella Murad Cabral Alves dos Santos, arquiteta, de 25 anos, que vinha ganhando salário do Senado, apesar de morar em Barcelona, na Espanha. Isabella estava lotada na liderança do PTB. Foi nomeada em fevereiro de 2007. Na época, o líder do PTB era o senador Epitácio Cafeteira (MA), aliado de Sarney.
COMENTO
São muitas bandidagens no país do PETRALHAS, cadê nossas Forças Armadas?
Onde estão as autoridades brasileiras? Cadê o Ministério público Federal e o Tribunal de Contas da União? Está tudo errado neste País desgovernado pelo PT.
Um comentário:
Agonia do Imortal e Oligarca: Coronel Sarney socializa culpa das bandidagens com todo o Senado da República, que supostamente, terá atos secretos investigados pelo MPF, más que que não vai dar em nada, com certeza.
Meus nobres e queridos amigos, a cúpula corrupta e nociva do PMDB apelou ontem, para uma tática estúpida, costumeira e corriqueira, para se garantir a impunidade no Brasil: a tese da cumplicidade geral. Realmente foi este o ponto central do patético e nocivo discurso de ontem do presidente do mega clã, José Sarney na tribuna do Senado.
Os pares acataram o argumento de Sarney: "A crise não é minha, é do Senado". Socializar os escândalos foi a solução encontrada pela quadrilha de Sarney – que estudava a saída do cargo ou a renúncia, por sugestão do chefão Aiatolá Babalorixá Apedeuta da Silva ao próprio dono do Estado do Maranhão, o Velho chefe do Clã Sarney.
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