A loucura do espírito
Arrisco dizer que o problema mental óbvio da cisão psíquica é um fenômeno espiritual.
Por razões profissionais eu tive que conviver por longo período com um intelectual militante formado na USP, sociólogo já passado dos cinquenta, convicto eleitor de Lula e defensor acrítico e amoral do petismo e de tudo que é agente político e ação política de esquerda. No começo sofri um choque, pois estávamos no auge do julgamento do Mensalão e a imprensa só falava do assunto. Eu me perguntava como é possível a impermeabilidade moral de tal sujeito, como é que o senso moral pode desaparecer diante do malfeito dos ‘companheiros’.
Por razões profissionais eu tive que conviver por longo período com um intelectual militante formado na USP, sociólogo já passado dos cinquenta, convicto eleitor de Lula e defensor acrítico e amoral do petismo e de tudo que é agente político e ação política de esquerda. No começo sofri um choque, pois estávamos no auge do julgamento do Mensalão e a imprensa só falava do assunto. Eu me perguntava como é possível a impermeabilidade moral de tal sujeito, como é que o senso moral pode desaparecer diante do malfeito dos ‘companheiros’.
Eu
pude observar bem de perto essa forma moral esquizóide de se comportar,
pois diante dos fatos da vida o aparelho psíquico da pessoa funciona
normalmente, escandalizando-se diante de aberrações morais do cotidiano,
desde que não se referisse ao partido preferido e sua plataforma
política. Acompanhar sua paixão pela eleição de Fernando Haddad com o
mesmo vigor com que repudiava as falas condenatórias dos ministros do
STF foi um espetáculo digno de um psiquiatra. Eu precisava entender o
que se passava naquele vivente.
Concluí: a formação revolucionária vedou seu senso crítico e a dupla personalidade – vale dizer, o duplo julgamento, portanto a loucura –
foi o único caminho para que ele se mantivesse no meio dos sãos. A
dupla personalidade, tão bem retratada na literatura na figura do médico
e do monstro. E aí eu observei que os sãos é que se tornaram minoria.
Foi a maioria composta por esquizofrênicos, desprovida de discernimento
moral, que elegeu Lula, Dilma e Fernando Haddad. O caso é de loucura
coletiva e eu tinha à mão um espécime acabado, bastante representativo
do conjunto dos apoiadores do PT (e do PSDB, e do PSB e de todo arco
partidário socialista, que é não apenas a força política dominante, é a única força
existente entre nós). Partidos funcionam aqui como sublegendas do
antigo Partido Comunista. O triunfo das ideias revolucionárias é
completo entre nós.
Essas
reflexões me vieram a propósito da leitura que acabei de terminar de um
estupendo ensaio de George Steiner (“O sacerdócio da traição”),
publicado originalmente na revista The New Yorker e que acabou de chegar
traduzido entre nós na coletânea publicada pela Editora Globo, sob o
título “Tigres no Espelho”. Nesse texto, o ensaísta comenta, tentando
entender a motivação, a traição de Anthony Blunt ao Reino Unido e ao
Ocidente. O caso escandalizou a Inglaterra, pois o sujeito se vendeu à
KGB e, durante anos, entregou segredos de Estado que podem ter custado a
vida de muita gente e que muito custaram em termos políticos. O caso
foi publicamente confirmado por Margareth Thatcher no Parlamento, em
1979. Blunt faleceu em 1983.
Um
espanto adicional de Steiner é que a ação de Blunt parece ter tido,
desde o início, o apoio decidido de gente de cima. Não teria feito o que
fez sem que um ou mais ‘chefes’ não tivessem dado cobertura. Na
verdade, todo o chamado grupo de Cambridge, alta elite da sociedade
britânica, participou dessa traição à pátria. Blunt tinha acesso pessoal
à rainha. Como entender?
Steiner
tenta dar resposta por duas linhas de argumentação. A primeira é que
Anthony Blunt tinha tamanho amor às artes e estava contaminado com as
ideias marxistas, que não hesitou, em nome da defesa da grande arte
acessível ao público, fazer a traição. Como grande e sofisticado
erudito, Blunt não gostava que grandes obras de arte ficassem restritas a
coleções particulares. Supunha que a grande arte em território
soviético teria um trato diferente, em galerias públicas, se esquecendo
de que, sob o regime soviético, a criatividade desaparecera a ponto de
não se ter grande arte alguma, exceto a produzida por aqueles que
perceberam o abismo moral do regime e passaram a lhe fazer oposição,
como Boris Pasternak e Anna Akhmátova. O desastre nas artes plásticas
foi devastador, com o tal realismo socialista. Especialista em pinturas e
esculturas renascentistas, um esteta de grande valor, Blunt não via o
óbvio. Ou não queria ver.
Note-se
que Blunt se manteve espião ativo mesmo depois das denúncias de
Khruschov sobre os crimes de Stalin, que na verdade eram crimes do modo
de ser socialista. Era Blunt uma alma gêmea do meu companheiro de
trabalho, alma deformada moralmente, impermeável a qualquer argumento
que pudesse condenar as ideais do partido e os camaradas nele engajados.
Não
escapou a Steiner que a elite intelectual inglesa calou-se diante do
grande escândalo e até mesmo procurou justificar o traidor caído em desgraça. Argumentavam
em três frentes: 1- que Blunt já fora castigado suficientemente pelo
escândalo; 2- que a conversão de Blunt ao socialismo tinha sido parte de
um movimento mais amplo e que “apoiar Moscou nos anos 1930, fugir do
capitalismo decadente e da ameaça de Mussolini, Franco e Hitler, era,
na época, fazer a coisa certa, a coisa decente”. E tudo não passava de conspiração de agentes da CIA, a menos implausível.
([Steiner
não notou que é preciso repudiar com vigor essa mentira da propaganda
soviética, de que o comunismo se opunha ao fascismo, quando na verdade
são ambos formas derivadas da mesma fonte. Blunt fez a guerra contra o
Ocidente democrático, a sociedade aberta, e não contra o fascismo. Ele
era inglês e a Inglaterra comungava dos mesmo valores que vigoravam nos
EUA, ambos os países nada tendo de fascistas. A ausência de uma palavra
de Steiner sobre essa mentira tira um pouco do brilho do seu ensaio.]
A
segunda linha de investigação para determinar a traição de Blunt, feita
por Steiner, foi a condição de ser ele um notório homossexual. Steiner
disserta longamente sobre o tema, argumentado que talvez essa condição
homossexual o tivesse levado a pensar nos termos da propaganda
soviética, de que seu regime era uma ilha de tolerância. Depois veio a
público que os homossexuais foram duramente reprimidos pelo regime
soviético, sendo o suposto libertarianismo comunista uma quimera.
Na
verdade, nenhuma das linhas de argumentação é conclusiva, embora cada
uma delas possa contribuir para elucidar a personalidade doentia de
Blunt. Em certa altura do ensaio, Steiner fez alusão a Fausto e a
Mefistófeles, e bem o fez. É nesse mito que podemos encontrar respostas,
sobretudo as respostas contidas no poema monumental de Goethe. O
marxismo é filho direto do esteticismo alemão, fundado pelo poeta. Nele,
o que temos é a ânsia da criatura de tentar negar o Criador e, ao
fazê-lo, inapelavelmente se depara com a figura de Satã, o Negador. Não
se pode servir simultaneamente a dois senhores, alerta Cristo nos
Evangelhos. O homem moderno abraçou o mito fáustico e é no marxismo que
esse mito alcançou sua dimensão política acabada. É preciso lembrar que o
marxismo, pela escola de Frankfurt, se embrenha no tema da
contracultura, da negação dos valores judaico-cristãos e, por essa via,
faz a apologia aberta ao homossexualismo como forma de vida.
Nesse
momento, o Ocidente, e não apenas o Brasil, está vivendo o apogeu desse
processo, vindo o homossexualismo a ser a pedra angular pela qual os
revolucionários pretendem a destruição da família e do casamento
monogâmico. Nas eleições aqui em São Paulo
tivemos esse duelo e aqueles que se indignaram com o famigerado “kit
gay” foram derrotados. O homossexualismo virou movimento de massa com
grande poder político e as gigantescas passeatas gays são apenas o lado
plástico – e lúdico – desse tremendo poder político.
Arrisco
dizer que o problema mental óbvio da cisão psíquica é um fenômeno
espiritual. O buraco é mais em cima, poderíamos dizer jocosamente,
usando o bordão popular. A loucura de Blunt é a loucura do meu amigo e
de todo o eleitorado que elegeu as forças esquerdistas. É um dar as
costas para Deus e se ajoelhar diante de Mefistófeles. O “saco de
Valpúrgis” de Goethe não nos deixa esquecer que a suprema adoração
demoníaca é o beijo no ânus de Satã.
Note Bem!
A grosso modo no vernáculo
popular, todo esquerdista, comunista, socialista, petista e genéricos são
malucos, desequilibrados, doidos, débeis mentais, imbecis e psicopata. E o pior são cínicos corruptos e
agressivos!
Postado pelo Lobo do Mar
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