Por Cardoso Lira
Figura carimbada na corrupção, bandidagem, robalheira e mais presente nas polêmicas da política nacional nas últimas
semanas, desde que deu o sinal verde para aliados entrarem em campo, o
governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, só
aguarda agora que o ex-presidente Lula marque a data do encontro pedido
para depois do carnaval — quando deverá comunicar-lhe, pessoalmente,
que não está disponível para vice na chapa de Dilma Rousseff e que é
irreversível o desejo do partido de lançá-lo presidente já em 2014.
Mesmo com encontros previstos com Lula e no palanque ao lado de Dilma
dia 18, em Pernambuco, Eduardo Campos já tem uma extensa agenda para
seu projeto pessoal de tornar-se conhecido nacionalmente. E a grande
estreia de sua caravana pelos estados será em um ambicioso evento dia 9
de abril, quando pretende falar para cerca de 5 mil empresários em
Porto Alegre.
Nessa palestra, tratará dos problemas da política econômica do governo
Dilma e apontará caminhos, tudo que o empresariado nacional quer ouvir.
A nomes do Instituto Empresarial Michel Gralhas, vai falar da
necessidade de investimentos para frear a queda da economia e fazer
outras análises que inevitavelmente vão tocar nos pontos fracos da
criticada política econômica de Dilma.
— Mas ele vai fazer de uma forma cuidadosa, apontando caminhos, de forma
propositiva, para evitar agudizar o conflito. Eduardo é um aliado que
tem coragem de dizer com franqueza o que está errado quando algo não
vai bem, apontando soluções, que é o que a oposição não faz — afirmou
um aliado do governador.
Sobre a disposição já anunciada de Campos de continuar na base do
governo oficialmente em 2013, no comando de dois ministérios, a
estratégia é não tocar no assunto. Mas, se houver uma cobrança de apoio
em 2014 para que continuem nas mãos do PSB os ministérios da
Integração Nacional, com Fernando Bezerra Coelho, e dos Portos, com
Leônidas Cristino, o partido dirá à presidente Dilma que fique à
vontade para fazer as substituições necessárias na reforma prevista para
março.— Não tratamos deste assunto em nenhum momento. Nem internamente
nem nas conversas com a presidenta — disse Eduardo Campos.
Antes do evento em Porto Alegre — que será completado por uma grande
festa partidária para comemorar o aniversário do líder Beto Albuquerque
(PSB-RS) —, Eduardo Campos irá a dois estados do Nordeste e a outro do
Centro-Oeste para receber homenagens e aproveitar para fazer eventos
partidários. Dilma, que também está acelerando seu palanque, estará ao
seu lado no dia 18 inaugurando uma adutora que levará água do Rio São
Francisco para o sertão do Pajeú, “uma obra que dialoga com a seca”,
diz esse aliado. Com Lula, o convite foi feito para uma conversa depois
do carnaval, e só falta ser agendado o dia.
Recentemente, o PSB e o próprio Campos mostraram irritação com notícias
de que Lula estaria articulando tirar o PMDB de Michel Temer da chapa
de Dilma para dar a vice ao governador, impedindo sua candidatura em
2014.— Ficou parecendo que Lula está fazendo o seguinte: vou dar uma
balinha àquele menino para ele ficar calmo. Não é assim. Eduardo não
tem o que ganhar não indo em 2014. É um caminho sem volta. Está tudo
confluindo muito bem para esse homem. E ele vai atrás, não espera as
coisas acontecerem, não — completa seu interlocutor próximo.
Também começou a azedar a relação com o PSDB do senador Aécio Neves
(MG), provável candidato tucano a disputar a Presidência da República
em 2014. Nas eleições municipais, Aécio e Campos apareceram juntos na
campanha e seus partidos fizeram dobradinha em algumas cidades
importantes, como Campinas. As eleições para o comando da Câmara e do
Senado provocaram alfinetadas dos dois lados.— Se esses tucanos
mineiros atacassem o governo como atacam o PSB, certamente não estariam
com tantos problemas como têm tido — disse um socialista da cúpula do
PSB.
Disposto a se posicionar de forma mais forte nas grandes polêmicas
nacionais, principalmente para se diferenciar de seus prováveis
adversários em 2014 — PT, PSDB e PMDB —, Eduardo Campos entrou na briga
contra o pedido de impeachment do procurador-geral da República,
Roberto Gurgel. A ideia de pedido de impedimento surgiu após Gurgel ter
enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB). ( O Globo)
Postado pelo Lobo do Mar
Nenhum comentário:
Postar um comentário