Por Cardoso Lira
A democracia deles – “Acossado”, último canal crítico ao chavismo será vendido; homem de maduro anuncia que a TV passará a ser “vermelho-vermelhinha”
Na VEJA.com.
“Estamos acossados”. Assim o
presidente e acionista majoritário do canal privado venezuelano
Globovisión, a única emissora do país que ainda mantém uma linha crítica
ao governo “bolivariano” iniciado com Hugo Chávez, resumiu a situação
da empresa nesta segunda-feira. Em carta aos funcionários, Guillermo
Zuloaga declarou que está negociando a venda do canal, confirmando
rumores dos últimos dias, embora tenha negado que o veículo já foi
vendido. A razão da venda, segundo ele, é a “inviabilidade” da
Globovisión diante da pressão chavista e do combalido mercado de
anunciantes na Venezuela.
“Somos
inviáveis economicamente, porque nossa receita já não cobre nossas
necessidades de caixa. Somos inviáveis politicamente porque estamos em
um país totalmente polarizado e do lado oposto a um governo
todo-poderoso que quer nos ver fracassar. Somos inviáveis juridicamente
porque temos uma concessão que termina (em dois anos), e não há intenção
(do governo) de renová-la. Pelo contrário, estamos acossados pelas
instituições do estado, apoiadas por um TSJ (Tribunal Superior de
Justiça) cúmplice que as ajuda e colabora em tudo aquilo que possa nos
prejudicar”, explica Zuloaga no comunicado.
A derrota
da oposição nas eleições de outubro, quando a Globovisión apoiou
Henrique Capriles, explicou Guillermo Zuloaga, pôs a emissora “em uma
situação muito precária como canal e como empresa, somando-se a isso o
acúmulo de processos judiciais movidos pelo governo”.
A carta
aberta de Zuloaga – que vive exilado nos Estados Unidos – foi enviada
depois que seu filho e vice-presidente do canal, Carlos Zuloaga,
afirmou. em um breve transmissão. que havia “uma oferta de compra
formal” e “uma intenção de venda”. A negociação, segundo o dono da
Globovisón, estava pronta para ser fechada nesta semana, mas ele pediu
que só fosse concretizada depois das eleições presidenciais de 14 de
abril, convocadas após a morte de Hugo Chávez. O provável comprador é o
empresário do setor financeiro Juan Domingo Cordero, ex-proprietário de
uma corretora de ações fechada após a intervenção do governo chavista no
mercado de capitais que, com autorização do governo, abriu recentemente
uma seguradora – sinal de que possui a aprovação oficial.
Opinião pública
Especializada em notícias, a Globovisión só transmite com sinal aberto em Caracas e na cidade de Valencia, a oeste da capital, mas chega ao resto do país como TV por assinatura e pela internet. Apesar de ser um canal relativamente pequeno, influencia a formação da opinião pública ao oferecer uma linha diferente da oficialista. Isso pode acabar com a eleição de Nicolás Maduro, o candidato governista à sucessão de Chávez, ficando a Venezuela com seis canais estatais permanentemente a serviço do governo e nenhum onde ele seja criticado abertamente.
Especializada em notícias, a Globovisión só transmite com sinal aberto em Caracas e na cidade de Valencia, a oeste da capital, mas chega ao resto do país como TV por assinatura e pela internet. Apesar de ser um canal relativamente pequeno, influencia a formação da opinião pública ao oferecer uma linha diferente da oficialista. Isso pode acabar com a eleição de Nicolás Maduro, o candidato governista à sucessão de Chávez, ficando a Venezuela com seis canais estatais permanentemente a serviço do governo e nenhum onde ele seja criticado abertamente.
Os outros
dois principais canais privados de alcance nacional, Venevisión e
Televen, reduziram ao máximo o espaço do jornalismo para não entrar em
choque com o governo, que usa contra a Globovisión o apoio do canal à
tentativa de golpe de 2002, que tirou Chávez do poder por dois dias.
Cerca de 80% da Globovisión pertencem a duas famílias – a Zuloaga tem a
maior parte, que está sendo vendida. Os 20% restantes foram confiscado
pelo governo três anos atrás, e o antigo dono desse percentual luta na
Justiça contra o estado para recuperá-lo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário