POR CARDOSO LIRA
"Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora da agressão e da adversidade, cumpriram o duro dever de se opor a agitadores e terroristas de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia". (General Walter Pires de Carvalho e Albuquerque, Ministro do Exército -1979-1985)
Por Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Senhores coronéis/irmãos em armas/cidadão civil presente/cheio de razão, para se irmanar conosco neste aniversário da Revolução de 31 de Março, na medida em que o movimento, muito mais que a nós militares, se deve à mobilização de todo um povo rebelado contra a comunização da Pátria.
Antes de iniciar a alocução que me propus a fazer, devo dizer, instado pelo nosso Coronel Guido, solicitaria que ficássemos de pé para fazermos um minuto de silêncio, homenageando os 120 (cento e vinte) mortos pelos comunoterroristas no combate à luta armada. Esse preito modesto, mas de coração, que o façamos extensivo, incluindo as 241 (duzentos e quarenta e uma) vítimas do dantesco sinistro ocorrido recentemente em nossa Santa Maria.
Companheiros, ainda no dia 23 de março, recebi uma mensagem do General Marco Felício com o seguinte informe: -“Paiva, houve uma sugestão no sentido de esvaziar a data (31 de março), o que já vem ocorrendo não é de hoje. A proibição, portanto, parte do comando local, isto é, do próprio Exército,...”. Senhores, aonde fomos parar! Não podemos festejar a data nos quartéis onde servimos e que se rebelaram contra o golpe de esquerda, em andamento naquele ano de 1964. Um golpe que era urdido de forma solerte e rasteira contra as nossas mais caras crenças e tradições.
Hoje não vou deixar por menos. Preciso, quero e vou transmitir angústia. Devo extravasar a tristeza que explode no coração dos velhos soldados. Tenho que bradar por aqueles que já nasceram soldados, assim viveram e assim vão morrer. Hoje, quero ser o porta-voz da frustração nos marinheiros e nos aviadores, daqueles que enfrentaram, conosco, de armas na mão, a guerra suja dos anos 60/70, posto que são todos, assim como nós, simples e crédulos guerreiros da Pátria.
Hoje quero pedir ao cidadão, à mídia, que nos olhem como acreditamos ser, pelo que juramos, pelo que nos emula, pela valentia e força de vontade no cumprimento das missões, que somente nós temos a capacidade de cumprir. Hoje, tenho que render o preito “àqueles militares”, mais precisamente aos que preteriam governos, funções e benesses de cargos, alçando sempre o BRASIL ACIMA DE TUDO!
Camaradas, como se pode preterir a Pátria Brasileira, aquiescendo com subserviência a congressistas descomprometidos e aceitando as humilhações de um governo revanchista, se a grande maioria dos políticos chafurda na corrupção, quando os governantes têm um projeto de tomada e permanência no poder, indefinido no tempo e no espaço, perseguido de forma absolutamente implacável e norteado pelo chamado método “gramcista”, uma estratégia insidiosa que visa nos submeter ao império da “foice e do martelo” através de manobras subliminares.
Atualmente, os veteranos da luta contra os traidores da pátria só contam mesmo com o apoio, com a solidariedade da reserva. Os “vigilantes das campanas”, os “estoura aparelhos”, os agentes da hoje esquecida e injustiçada “comunidade de informações” estão indefesos, desarmados, incapazes e entregues à sanha do “escracho” covarde. Por cumprirem ordens, aqueles que garantiram o porvir de uma descendência, que não é só deles, mas de todo um povo, estes companheiros em verdade estão a vivenciar o sentimento de que o Brasil os esqueceu e não se importa se vão morrer enxovalhados, absolutamente inferiorizados, enquanto pelegos comunistas, de reconhecida ferocidade nas ações terroristas que protagonizaram, são alçados como “heróis” e regalados com polpudas “compensações” pelo Estado.
É de se perguntar. E os comandantes, aqueles herdeiros do destemido Almirante Tamandaré? E os chefes, aqueles guerreiros anônimos e decididos que balizavam suas posturas no caráter imaculado do Duque de Caxias? E os líderes audazes, aqueles falcões agressivos que herdaram o passado de glórias do “SENTA A PUA” nos céus da Itália. Aonde estão estes profissionais das armas que deveriam zelar pelo juramento do General Walter Pires Carvalho de Albuquerque? “Não deixar para trás o irmão em armas!”
Este dogma ainda é levado a sério no seio das Forças Armadas? Pergunto aos velhos soldados: -“O que foi feito da nossa camaradagem?” Enfatizo: -”Por que não estamos festejando a Revolução de 31 de Março em uma unidade do EB?”
A nação em expectativa está assistindo: o Exército não marcha convicto/a FAB não decola com segurança/a Marinha não levanta ferros confiante/as Forças Armadas vivem sendo humilhadas. Justiça seja feita, somente a reserva se manifesta indignada com o BIG BROTHER que se armou para se chapar os militares. Até mesmo um capitão reformado, do “QAO”, já aloprou e pôs para fora as verdades que, sabemos, estão engasgadas nas gargantas de muitos oficiais da ativa.
Em Brasília, há quem diga (milicos de sapato alto) que o companheiro ficou maluco. Se falam dele assim, eu imagino como devem desdizer o desassombro de um General Marco Felício, do General Rocha Paiva, de um Coronel Soriano, enfim, destes muito raros que lograram algum espaço na imprensa. Com justiça, o Capitão do QAO Reformado José Geraldo Pimentel, quando deixa extravasar sua “maluquês”,* é merecedor de respeito.
Na verdade, a maioria esmagadora da nossa oficialidade ainda guarda na memória com saudades a imagem de um Brasil que não admitia limitações de soberania e do Exército que colocava a Pátria Brasileira, quando em situação de crise/sítio, acima de tudo. Que não se duvide, acreditem, atualmente estamos mergulhados de ponta cabeça em situação de crise/sítio.
São ministros subordinados aos ditames do "Foro de São Paulo", fazendo sangrar as cicatrizes da pátria mãe gentil, sacrificada na luta fratricida dos anos 60/70; são chanceleres e magistrados, contribuindo para a desintegração do território nacional e foram os chefes de estado que assinaram tratados lesivos à soberania e segurança da nação.
Meus amigos, é lamentável! O segmento militar da sociedade vive hoje em transe constante. Como se admitir que nenhuma Força Armada vá amparar os chefes de família, as suas mulheres que passaram noites mal dormidas com os maridos em combate às organizações subversivas? Imaginem o “stress” dos telefonemas na calada da noite? Esposas, filhos chorando em casa, alarmados por comandos que lhes reclamavam os pais para "campanas", estouros de “aparelhos”, uma caça sem quartel aos assaltantes de bancos, seqüestradores, bandoleiros ferozes, fanatizados por códigos que lhes disciplinavam, inclusive, com quem deveriam se relacionar intimamente, tudo isto em completo desalinho com os ditames da ética e da moral.
A oficialidade precisa se ligar! Um vácuo de liderança em nossas fileiras pode ser fatal!
Quem é “milico” sabe muito bem do que está se falando. *Quem sabe faz a hora, não espera acontecer! E ainda existe o “inimigo verde-oliva”, aquele que não gosta quando profissionais da velha guarda se reportam ao “no meu tempo”, às militâncias dos idos passados e ao arraigado binômio "espírito de corpo/espírito militar" que pairava pelos cantões de nossos aquartelamentos e, que se diga, está em franco crepúsculo se já não acabou.
Para esse devo mandar um recado: não é o material mais moderno, não são os métodos de instrução refinados, os programas revolucionários da didática contemporânea que forjam o combatente de escol. Nada, absolutamente nada, substitui o instrutor, o comandante, o líder que olha no fundo do olho do soldado e lhe repassa as tradições e as nobres virtudes militares que devemos cultuar e preservar.
A verdade dói, mas tem que ser dita, e vou dizê-la! No instante em que o Exército passou a não garantir os que, de armas na mão, impediram a “satelização” do País por uma potência alienígena, como havia prometido o General Walter Pires, a Instituição sangrou sua mística de credibilidade!
Chegaram ao cúmulo da desfaçatez de desdizê-lo. Quem não se lembra, em alto e bom som se disse: -“O Exército não vai fazer nada!”. Isto é inominável!
A esta altura dos acontecimentos, meus velhos soldados velhos, só mesmo invocando o Duque de Caxias junto com o Marquês do Herval! Percebam companheiros, a partir daí, a FORTALEZA, que era o Exército, escancarou os portões e nossos algozes vermelhos hastearam o estandarte da Força Terrestre de cabeça para baixo.
Eis que um tal de engolir desaforos, reprimendas, puxões de orelhas, uma verdadeira síndrome de subordinação ao “politicamente correto”, tudo passou a ser escudado pela justificativa dos regulamentos. Esta finta, para alguns, veste como luva para lograr manutenção de cargos, comissões e mordomias decorrentes! A lealdade á Pátria, o respeito pela Instituição e a admiração pelos subordinados que se explodam!
Ah! Mas aí seria ferir a disciplina! Ledo engano! Ninguém a fere quando, polida e briosamente, se choca os calcanhares e se solicita a exoneração da função por um chamamento à ordem descabido. Velhos soldados! Sei que tem gente malhando: quero ver se ele falava assim se estivesse no quadro de acesso!
Vão se dar mal, quem serviu comigo, quando eu chefiava o estado-maior da 5ª RM/DE em Curitiba nos idos de 1997, sabe muito bem porque.
Alguém poderá dizer: -“Mas algumas autoridades militares chegaram a esboçar algum, que fosse, protesto de brio! Encouraçados, dá para contar nos dedos! Mas foi tudo munição de festim. /Hoje/ assim como viúvas de Che Guevara, os porta-vozes de um revanchismo pelego nos insultam sem peias e já falam em arrastar pelo braço o nosso irmão em armas que se negar a depor nesta “COMISSÃO DA MENTIRA”.
Feridas sangrando, grupos em cizânia exacerbada, País ameaçado, Forças Armadas vergadas, desintegração territorial e social. Cidadão brasileiro!
O loteamento de nosso chão pelos grandes predadores militares será só uma questão de tempo se os soldados não fizerem valer, em tempo útil, as responsabilidades constitucionais que lhes cabe assumir pela Carta Magna.
Se isto se der, vá em frente soldado, avante jovem das fileiras. Fique certo de que nós, a sua reserva /nós/ não vamos deixá-los para trás se tombarem nas trincheiras. No mínimo morreremos juntos, lado a lado, ombro a ombro, porque, quer queiram quer não queiram, quem abriu o portão das armas para você no quartel fomos nós, assim como fomos nós que os transformamos em soldados.
Jamais olvidaremos esta verdade da qual /você/ não se lembra mais. A dúvida que nos destrói, que nos machuca, todavia permanece: aonde nós falhamos se hoje a disciplina para com os governantes pretere o respeito pela Instituição e a lealdade que se deve para com a Pátria?
De qualquer modo, se pudesse deixar para você um princípio que sempre me norteou durante os meus 38 (trinta e oito) anos de serviço no Exército, eu o traduziria assim:
“A linha limite, entre o tão decantado equilíbrio emocional e o brio que enobrece, é tiranicamente tênue. Soldados que se prezam devem ter a sensibilidade, que dele se espera, para saber quando termina o primeiro/de molde a prevalecer o segundo.”
Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e Estado-Maior na reserva. Originalmente Publicado no “JORNAL DO COMÉRCIO DE PA/RS” em 18/04/2013.
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