Por José Gobbo Ferreira
Folha
A primeira guerra mundial foi funesta para a Alemanha. Sua rendição e a subsequente assinatura do Tratado de Versailles impuseram enorme humilhação ao povo germânico. A Alemanha teve que admitir a responsabilidade única pela guerra, foi obrigada a pesadas reparações, num total de $6.600.000 (32 bilhões de marcos), perdeu território para a França, Polónia, Bélgica e Dinamarca, e foi forçada a desistir de suas colônias e de sua marinha. O resultado foi o caos econômico, uma inflação de nove zeros, e o crescimento exponencial de sua dívida externa.
Em 1924 uma nova constituição foi elaborada na cidade de Weimar, que optou pelo modelo federalista parlamentarista. O novo regime não conseguiu equacionar os problemas nacionais e, no meio da intensa agitação social reinante, elementos do Partido Nazista, liderado por Adolf Hitler e pelo general Ludendorf tentaram um golpe de Estado em Munique.
Fracassado o golpe, Hitler fica preso por oito meses e, ao sair da prisão parecia que sua carreira política estava acabada. Seu partido recebeu apenas 3% dos votos.
A Alemanha ia conseguindo se recuperar quando a crise de 1929 interrompeu o processo. Aí começou a ascensão dos nazistas, que prometiam emprego, controle de preços, uma mudança no modelo democrata e forte oposição aos comunistas e judeus.
Em 1932 o Partido Nazista recebeu 37% dos votos e em 1933 Hitler foi nomeado Chanceler. Após o incêndio do Reichstag, o parlamento alemão, em fevereiro de 1933, em março Hitler recebeu plenos poderes para combater a desordem no país. Por meio da intimidação e da violência, de prisões, sequestros e assassinatos ele acaba tomando o poder de fato e, com a morte do presidente Hindemburg, se apossa também desse cargo e se torna o ditador absoluto da Alemanha, o líder, o führer.
Desde o começo da carreira de Hitler, em 1920, um jornal pressentiu o perigo que ele representava para a democracia: O Münchener Post. Esse periódico dedicou uma atenção toda especial à organização nazista, denunciando suas ações violentas e criminosas, tentando alertar a população para os riscos que a nação estava correndo ao conceder votos e apoio àquele partido.
O Münchener, um jornal pobre e modesto, combatia toda e qualquer ameaça à democracia, viesse de onde viesse, dos nazistas ou de qualquer outro partido ou organização. Mais atento a Hitler, por estar sediado em Munique, denunciou seus excessos com exaltação cada vez maior. Sem medo da tirania tornou-se um bastião intimorato da democracia. Sabiam todos seus jornalistas os perigos que estavam correndo, mas foram fiéis à verdade até sua destruição física pelos nazistas em 1933.
Na Rússia moderna, a Novaya Gazeta, fundada em 1993, é um jornal independente e de oposição ao atual Czar, Vladimir Putin. Essa posição independente inibe o número de anunciantes e a Gazeta só sobrevive graças ao apoio financeiro do banqueiro Alexander Lebedev, portador de 39% das ações e parceiro de Mikhail Gorbatchov, que possui outros 10%.
Embora não se possa provar que o governo russo esteja por trás dos atentados, quatro jornalistas da Gazeta foram assassinados por suas posições oposicionistas. Ninguém foi preso por esses crimes. Essa impunidade contribui para que a maneira de demonstrar descontentamento pela posição de jornalistas de oposição seja assassiná-los.
A Rússia é o terceiro país mais perigoso para o exercício do jornalismo no mundo.
Mas esses crimes em nada diminuem a determinação de continuar defendendo os valores democráticos, de continuar acossando o poder, de continuar aferrado à verdade, defendendo os ideais que fazem a grandeza da profissão de jornalista.
Num país chamado Brasil existe um jornal de enorme circulação, parte de uma organização que conta com emissoras de rádio e TV, detentora uma parcela enorme da audiência nacional de telespectadores e de leitores das edições impressas. Por um motivo ou por outro, não parece ter problemas financeiros, nem sofre carência de assinantes ou anunciantes.
Porém, seus proprietários atuais tem um desprezo profundo pela verdade, manifestam o mais condenável desrespeito pela memória e pelas atitudes daqueles verdadeiros jornalistas aos quais devem seu sobrenome e sua atual fortuna.
Seu jornal não é pobre de dinheiro, como a Novaya Gazeta. Também não é um modesto jornal de província como o Münchener Post. Não tiveram jornalistas assassinados. E nem eles, proprietários, tem motivos para temer por sua integridade física.
Mas lhes falta o principal para o exercício do jornalismo de primeira linha: o caráter! Por não estarem acostumados ao trato com a verdade, renegam aquela defendida por seus pais. Por terem herdado emprego e patrimônio, mas não a noção de honra jornalística, desmentem as palavras de seus maiores. Por terem o caráter voltado para os aspectos grosseiros do imediatismo, não tiveram olhos de ver e ouvidos de apreender os exemplos que lhes foram abundantemente prodigalizados por aqueles que os precederam.
E venderam as almas ao diabo, por medo, por covardia, por terem motivos para temer ações fiscais do governo, por fisiologismo, por mera bajulação, sabe-se lá. Tornaram-se merecedores do desprezo da classe jornalística e cobriram de vergonha um nome respeitável.
Ao contrário de seus pais, será um nome enxovalhado que deixarão para seus descendentes.
José Gobbo Ferreira é Coronel na reserva do EB.
Feitiço começa a virar contra a feiticeira. Suposta espionagem não é só dos EUA, envolve China e escancara amadorismo do PT em matéria de defesa cibernética.
Hoje o jornal O Globo, da mesma empresa jornalística que vem fazendo as reportagens-show sobre a suposta espionagem americana, faz uma crítica contundente ao Governo Federal. Parece que o feitiço começa a virar contra a feiticeira. Leia abaixo:
Desde julho, quando O GLOBO publicou as primeiras informações sobre as operações da NSA na América Latina, sabe-se que o Brasil é um país de portas abertas à espionagem. Na época, o governo Dilma Rousseff anunciou investigações de "denúncias de envolvimento de empresas" com a espionagem e, também, sobre as "vulnerabilidades" das redes e equipamentos pelos quais fluem os dados produzidos no país. Passaram-se dois meses e não há informação sobre resultados, nem mesmo sobre o que efetivamente esteja sendo feito, ou se pensa em fazer, para proteção do sigilo de dados dos cidadãos, do governo e das empresas.
A iniciativa pública limitou-se, até agora, a pedidos de "explicações" a Washington, secundados pela retórica diplomática sobre a conveniência de um debate nas Nações Unidas. Prevalecem insuficiências objetivas. Uma delas é a indecisão sobre o papel da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) na eventual política de defesa cibernética, da qual só existe um breve rascunho.
O banco de dados da Anatel registra um crescimento de "incidentes/ ataques", como ela mesmo define, nas redes de telecomunicações em Curitiba (2012), na Bahia (2010/2011) e em São Paulo (2008/2009). Possui, também, informações sobre uma "sequência de ataques ao governo", a partir do dia 22 de junho de 2011. Não significa, necessariamente, que governos de outros países sejam responsáveis - embora se atribua à China a façanha de ter "desviado" cerca de 15% do volume de tráfego mundial da internet em 2010.
Os registros oficiais brasileiros confirmam a dimensão da vulnerabilidade do país e demonstram a profundidade da miopia governamental. Exemplar é o uso da fatia do orçamento federal aprovada para investimento na construção de um sistema nacional de "defesa contra ameaças" cibernéticas e para produção de "mecanismos de proteção de dados sensíveis". No ano passado, de cada R$ 100 aprovados para esse programa, somente R$ 31 foram usados. Neste ano, até junho, de cada R$ 100 previstos, só haviam sido gastos R$ 8.
Na liderança política de um país que mantém a quase totalidade do seu fluxo de dados via internet - sem infraestrutura de redes, cabos submarinos ou satélites próprios-, tem 90% do seu comércio feito por linhas marítimas e produz no mar 80% do seu petróleo, Dilma Rousseff parece ter optado pelo "samba" de uma nota só: reclamar de Barack Obama. Como a fila é grande, talvez precise de senha não-criptografada.
O crime eleitoral compensa. Por pronunciamento que custa R$ 50 milhões, Dilma pode ser multada em R$ 25 mil.
Se Dilma Rousseff fosse pagar os 10 minutos que usou para turbinar a sua candidatura à reeleição, às vésperas do dia 7 de setembro, em horário nobre, em cadeia nacional de rádio e TV, pagaria mais de R$ 50 milhões. Agora, se for condenada por propaganda eleitoral antecipada, como deseja o PPS, que entrou com representação no TSE, Dilma pagará uma multa máxima de R$ 25 mil. A lei faculta que a multa seja aumentada, se o custo da propaganda for maior, mas o TSE aparelhado jamais agiu desta forma. O PT não tem moral para falar em financiamento público de campanha. Dilma Rousseff tem telhado de vidro para propor qualquer mudança na legislação eleitoral. E, sem dúvida alguma, o crime eleitoral compensa no Brasil.
Operação da PF atinge cúpula do Ministério do Trabalho; 22 são presos; roubalheira pode ter chegado a R$ 400 milhões. Sabem quem aparece no rolo? A mensaleira Simone Vasconcelos, aquela cuja pena Barroso gostaria de ter reduzido se pudesse… Sorte que não pôde, né?
Ai, ai, ai.. Simone Vasconcelos, ex-braço-direito de Marcos Valério, está de volta ao noticiário. E não é coisa boa! Para quem não lembra, ela foi condenada a 12 anos e sete meses de cadeia por quatro crimes: formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas. No julgamento dos embargos de declaração, o ministro Roberto Barroso recusou pedido para redução da pena, mas não abriu mão de falar, mais uma vez, como uma espécie de ombudsman do julgamento: “Fiquei impressionado com a dureza da pena aplicada a essa embargante. Se tivesse participado do julgamento, teria cogitado incluir como ré colaboradora. Pelo material que vi, ela não só não dificultou, como forneceu listas de nomes”.
Pois é. Leiam agora o que informa a Folha.
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A Polícia Federal desarticulou ontem um suposto esquema de desvio de recursos públicos centrado em verbas do Ministério do Trabalho. Por ordem da Justiça Federal, o secretário-executivo da pasta, Paulo Roberto Pinto, foi ouvido pela PF em Brasília, sendo liberado em seguida. Ele é suspeito de participar das fraudes em apuração. Foram presas 22 pessoas. Outras 11 foram conduzidas mediante ordem judicial.
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A Polícia Federal desarticulou ontem um suposto esquema de desvio de recursos públicos centrado em verbas do Ministério do Trabalho. Por ordem da Justiça Federal, o secretário-executivo da pasta, Paulo Roberto Pinto, foi ouvido pela PF em Brasília, sendo liberado em seguida. Ele é suspeito de participar das fraudes em apuração. Foram presas 22 pessoas. Outras 11 foram conduzidas mediante ordem judicial.
A suspeita da PF e da CGU (Controladoria Geral da União) é que a fraude tenha desviado R$ 400 milhões, valor liberado nos últimos cinco anos para o IMDC (Instituto Mundial do Desenvolvimento e da Cidadania), uma Oscip de Belo Horizonte que presta serviços de qualificação profissional para jovens e adultos desempregados. A entidade atua em 11 Estados e no Distrito Federal. O presidente do IMDC, o empresário Deivson Vidal, foi preso e teve carros, dinheiro, joias e um helicóptero apreendidos. Foram realizadas buscas também na sede do Ministério do Trabalho, em Brasília.
A entidade teria fraudado convênios de cursos e serviços de transporte de jovens, cobrando por trabalho que não foi prestado. “O então secretário-executivo [Pinto] atuava facilitando a atuação investigada no ministério de modo a excluir, inclusive, a Oscip do cadastro de inadimplentes e permitindo que prestações de contas pudessem ser feitas sem a devida precaução”, disse o delegado Marcelo Freitas. Funcionário do Banco do Brasil e filiado ao PDT, Pinto, 41, chegou à pasta como assessor especial em 2007. Em três anos, assumiu a secretaria-executiva, transformando-se num dos principais aliados do então ministro Carlos Lupi, que deixou o posto sob acusações de irregularidades em 2011. Na semana passada, outra operação da PF resultou na prisão de um assessor do ministério. A acusação era de desvio de R$ 47,5 milhões em convênios com a ONG Centro de Atendimento ao Trabalhador, de São Paulo.
Minas
A Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) também foi alvo da operação de ontem, já que recursos repassados pela União para o chamado sistema “S” (Sesc, Senai, etc) também foram usados de forma supostamente ilegal pelo IMDC. Um empresário que presidia a comissão de licitação da Fiemg foi preso e Simone Vasconcelos, ex-diretora da agência de publicidade de Marcos Valério, operador do mensalão, foi conduzida para depor. Condenada no mensalão, ela emitiu notas fiscais da sua empresa por serviços de transporte supostamente não prestados no projeto da Fiemg ligado à moda, o Minas Trend Preview. As notas foram emitidas em nome da IMDC.
A Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) também foi alvo da operação de ontem, já que recursos repassados pela União para o chamado sistema “S” (Sesc, Senai, etc) também foram usados de forma supostamente ilegal pelo IMDC. Um empresário que presidia a comissão de licitação da Fiemg foi preso e Simone Vasconcelos, ex-diretora da agência de publicidade de Marcos Valério, operador do mensalão, foi conduzida para depor. Condenada no mensalão, ela emitiu notas fiscais da sua empresa por serviços de transporte supostamente não prestados no projeto da Fiemg ligado à moda, o Minas Trend Preview. As notas foram emitidas em nome da IMDC.
Postado pelo Lobo do Mar
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