Preocupados com eventuais protestos durante a Copa de 2014, articuladores do governo começaram a preparar "antídotos" para tentar evitar impacto sobre a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Dos obstáculos projetados, o chamado "risco Copa" é o que mais tem tirado o sono dos estrategistas. Apesar de preocupações com os rumos da economia, a aposta do Planalto é que a inflação estará sob controle e o nível de desemprego, estável. A tensão maior recai justamente sobre o que o governo não controla: as ruas.
No Executivo, a ordem é evitar a "reencarnação das manifestações" deste ano, conforme definiu um auxiliar. Os protestos de junho fizeram com que Dilma perdesse 27 pontos, desabando de 57% de aprovação para 30% em apenas três semanas. Avalia-se que a repetição de um mergulho dessa ordem pode ser fatal na campanha. Após a queda abrupta de junho, Dilma começou, aos poucos, a mostrar recuperação, chegando em dezembro com 41% de aprovação, de acordo com o Datafolha. Mesmo assim, continua distante do seu pico de popularidade: 65% em março deste ano.
Na lista de antídotos está uma campanha publicitária federal explicando aos brasileiros o legado da Copa. O governo também avalia exigir melhorias de gestão dos clubes de futebol na hora de conceder renegociações de dívidas. Os clubes queriam o perdão de dívidas previdenciárias e trabalhistas, mas, no máximo, conseguirão um refinanciamento. A ideia é que as condições contratuais, como o tamanho das prestações, dependam do grau de contrapartidas.
O governo também deve chamar o Bom Senso Futebol Clube --movimento que pede melhorias nas condições de trabalho dos atletas-- para discutir as dívidas. Para diminuir a resistência aos estádios, um dos deflagradores dos protestos de junho, um comitê governamental trabalha com um calendário de eventos nas arenas da Copa para que a população encare as construções como patrimônio e desfaça a ideia de que não passam de "elefantes brancos" que perderão a função após o mundial.
Pesquisas internas mostraram que, quanto mais a população tomou contato com os estádios, menores foram as resistências a eles. Na área de segurança, já está em curso uma ação da Polícia Federal contra alguns dos agitadores das manifestações de junho, o que levará à prisão aqueles que reincidirem em depredações. Por fim, a equipe de Dilma Rousseff fará, a partir de 2014, diagnósticos regionalizados para detectar ameaças em cada Estado.
Ontem, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) disse que o governo planeja enviar representantes às 12 cidades-sede para monitorar demandas de movimentos sociais. "Vamos continuar persistindo teimosamente na atitude de dialogar, seja com quem for (...). Mesmo que os protestos ocorram, que ocorram de maneira civilizada, democrática, sem que se impeça o direito de ir e vir, sem que se impeça a festa popular." (Folha de São Paulo)
POSTADO PELO LOBO DO MAR
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