POR CARDOSO LIRA
O chavismo, com ampla maioria no Congresso, acabou com a democracia na Venezuela. O que existe lá é uma farsa, onde os ritos são respeitados, mas os resultados são previsíveis, combinados e acertados previamente com o presidente e o partido. O Senado da República Federativa do Brasil, que era a casa mais independente do Congresso, mergulhou no chavismo, comandada por um senador acusado por corrupção várias vezes, que já teve que abandonar o cargo para abafar as denúncias jamais esclarecidas. Senadores venais, patrocinados por grandes empreiteiras, que por sua vez sugam estatais como a Petrobras, ora investigada em função da roubalheira lá existente,completam o quadro de uma ditadura travestida de democracia. O PT, como o PSUV venezuelano, reina absoluto. Distribui propinas e favores para senadores safados, abafando as investigações. O Poder Executivo colocou o Poder Legislativo de cócoras.
O país vive um momento grave. Além da tentativa de ridicularizar as graves acusações que pesam sobre até mesmo a presidente da República, responsável pela compra superfaturada da refinaria de Pasadena, montando uma CPI chapa branca da Petrobras, ontem o PT tentava transformar o Regime Diferenciado de Contratação (RDC) em lei única para reger licitações de obras públicas. O RDC foi criado para acelerar as obras da Copa do Mundo. Apenas 41% foram acabadas. Nenhum aeroporto foi concluído. As denúncias de corrupção e superfaturamento pululam por toda a parte. Bilhões foram roubados, segundo investigações do Tribunal de Contas da União. O que era para ser exceção, tende a virar regra.O objetivo é claro: facilitar a vida das empreiteiras e institucionalizar a corrupção que tomou conta do Brasil. O Senado virou um antro chavista. O país reage nas urnas ou teremos milícias nas ruas acabando com o que restou da nossa frágil democracia.
Hoje é o primeiro dia das muitas dores de cabeça que Dilma terá com a Copa. Prepare-se, soberana!
Hoje é o ensaio geral das dores de cabeça que a presidente Dilma terá durante a Copa do Mundo — as mesmas que a impedirão de discursar no jogo inaugural do torneio. Uma vaia que fizesse o Itaquerão vir abaixo poderia ter um efeito devastador em ano eleitoral. E a vaia viria, tão certo como Aloizio Mercadante é capaz e conceder entrevistas desastradas.
Organizações dos autointitulados sem-teto marcaram protestos em sete capitais: Belém, Fortaleza, Palmas, Brasília, Salvador, São Paulo e Curitiba. Estão previstos protestos contra o gasto de dinheiro público da Copa em 14: Manaus, Belém, Fortaleza, Natal, Recife, Cuiabá, Brasília, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. País afora, em várias dessas cidades, há greves ou de servidores ou de categorias profissionais que tendem a engrossar os protestos (vejam quadros publicados em reportagem da Folha Online).
Na capital paulista, por exemplo, parte dos professores da rede municipal de ensino cruzou os braços. No Rio, há paralisações de professores das redes municipal e estadual e de parcela de cobradores e motoristas de ônibus. Em Pernambuco, a greve é de policiais militares, o que já ensejou a intervenção da Força Nacional de Segurança.
Se alguém dissesse a Lula, em 2007, que a Copa do Mundo poderia vir a ser uma grande dor de cabeça para o petismo, ele certamente riria da cara do interlocutor. E, convenham, em certa medida, ninguém realmente contava com isso. Embora existam muitos grupos de extrema esquerda na raiz desses movimentos, o repúdio ao dinheiro público empregado na Copa, em contraste com a precariedade de alguns dos serviços oferecidos pelo estado, mobilizou mais gente.
Desde o começo, o governo e o PT lidaram muito mal com esses protestos. Cumpre não esquecer: o ovo dessa serpente foi posto em São Paulo. Durante uns bons pares de dias, em junho do ano passado, o Planalto, especialmente por intermédio do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, achou que poderia, ainda que de modo oblíquo, incitar a massa contra o governo do Estado. Deu no que deu.
De resto, já escrevi aqui mais de uma vez, o próprio Planalto, por intermédio de Gilberto Carvalho, incita à desordem quando dialoga mesmo com grupos que optam pela violência. Quando aquela turma do Passe Livre ganhou assento no Palácio, meus caros, Dilma estava dando um sinal e um tiro no próprio pé. Carvalho certamente a convenceu de que era o melhor a fazer. Ela deveria ter me escutado…
A coisa se espalhou de tal modo que várias embaixadas brasileiras fizeram ontem um alerta ao Itamaraty. Poderão ser alvos de ataques. O mundo globalizado sai por aí comprando causas. E um país como o Brasil, que consegue juntar de modo tão desassombrado, expressões muito claras da miséria com a opulência do Brasil-potência do lulo-petismo é um prato cheio.
Vejam vocês! Até Lula, sempre tão sabido, pode ter algo a aprender com a realidade. O dia será quente.
POSTADO PELO LOBO DO MAR
Nenhum comentário:
Postar um comentário