domingo, 16 de novembro de 2008

G-20 faz 47 recomendações anticrise.

Inclusão inserida em 16 de Nov. de 2008 com 15.009 Visualizações

Amigos, líderes reunidos na cúpula do G-20 ontem prometeram trabalhar juntos e "fazer mais" para tirar a economia mundial da crise. "Estamos determinados a aumentar nossa cooperação para restabelecer o crescimento global e chegar às reformas necessárias no sistema financeiro mundial", disse o comunicado assinado pelos líderes do grupo, países que representam 85% da economia mundial. No comunicado, o G-20 lança um plano de ação com 47 recomendações para combater a crise, entre elas medidas emergenciais que precisam ser adotadas até o dia 31 de março do ano que vem.

Entre elas estão colegiados para monitorar as maiores instituições financeiras transnacionais, como parte do esforço de aumentar a supervisão global. "Grandes bancos globais devem se reunir regularmente com seus colegiados de supervisão para discussões abrangentes sobre as atividades das instituições e os riscos que elas enfrentam", diz o texto. O colegiado foi proposto pela primeira vez pelo primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, mas, no comunicado, a proposta é menos específica. "Foi preciso diluir um pouco para conseguirmos chegar a um consenso", disse uma fonte que participou das discussões.

Os líderes marcaram a próxima reunião para o dia 30 de abril de 2009, já durante o governo do presidente eleito dos EUA, Barack Obama. Os ministros da Fazenda do Brasil, da Grã-Bretanha e da Coréia estão encarregados de coordenar o processo. Outras medidas urgentes propostas pelo G-20 são o aumento da supervisão de agências de risco, políticas fiscal e monetária para estimular as economias, revisão da remuneração de executivos, alinhamento dos padrões de contabilidade globais e aumento de transparência dos mercados de derivativos.
Os reguladores devem assegurar que as agências de risco sigam altos padrões internacionais e não têm conflitos de interesse. As agências davam a melhor nota para papéis de hipoteca que depois se mostraram "podres".

A resistência do país anfitrião as propostas mais audaciosas de regulamentação ficou clara no documento. Também não se renderam à idéia do presidente francês, Nicolas Sarkozy, de uma Interpol financeira.
O presidente George W Bush comemorou o resultado da cúpula. "Foi uma reunião muito bem sucedida e eles vão se reunir de novo", disse. "Eu digo eles porque eu, caso alguns de vocês talvez não saibam, estou me aposentando." Bush afirmou que a equipe de transição de Obama está sendo informada das resoluções da cúpula.
O comunicado analisa a origem da crise financeira, mas não aponta culpados. "Formuladores de políticas, reguladores e supervisores em alguns países avançados não avaliaram o risco". Países como Brasil e França sempre lembraram que a crise "começou nos EUA".


As propostas do G-20
As autoridades regionais e internacionais devem trabalhar em conjunto para aprimorar a cooperação regulatória entre jurisdições

As autoridades regionais e internacionais devem trabalhar para promover o compartilhamento de informações sobre ameaças à estabilidade financeira local e global

As autoridades regionais e internacionais também devem rever as regras de conduta de negócios para proteger os mercados e os investidores, especialmente contra a manipulação e a fraude

O Fórum de Estabilidade Financeira (FSF, em inglês) deve ser expandido para um grupo maior de economias emergentes

O FMI e o FSF expandido deverão ter como foco a mudança de padrões. Juntos, devem aprimorar esforços com vistas a integrar melhor as responsabilidades de supervisão e regulamentação

O FMI, em coordenação com o FSF e outras instituições, deve ter um papel de liderança no aprendizado de lições da crise atual

Devemos rever a adequação dos recursos do FMI, do Banco Mundial e outros bancos de desenvolvimento e estar prontos para elevá-los onde for necessário

Devemos explorar maneiras de restaurar o acesso de países emergentes e em desenvolvimento ao crédito e aos fluxos de capitais privados, críticos para o crescimento sustentável e para o desenvolvimento, principalmente para infra-estrutura

Em casos nos quais rupturas severas dos mercados limitem o acesso ao financiamento necessário para a adoção de políticas fiscais contracíclicas, os bancos multilaterais de desenvolvimento devem assegurar instrumentos para apoiar países com histórico de boas políticas econômicas

As corporações-chave para o padrão de contabilidade global devem trabalhar para endurecer os parâmetros de avaliação de títulos (como ações), incluindo produtos sem liquidez, especialmente durante períodos de stress

Os fiscais de padrão contábil devem avançar significativamente em seu trabalho para identificar fraquezas nos parâmetros de contabilidade e de transparência para veículos financeiros que fiquem fora do balanço das instituições

Os reguladores e os fiscais de padrão contábil devem melhorar a abertura requerida de instrumentos financeiros complexos

Com objetivo de promover a estabilidade financeira, a governança das corporações responsáveis pelos padrões contábeis deve ser melhorada, incluindo a revisão de seus integrantes. A relação entre seu corpo independente e as autoridades deve ser apropriada

Corporações do setor privado que já tenham desenvolvido reconhecidas práticas para fundos de capital e/ou de risco (hedge funds) devem apresentar propostas que possam ser adotadas de forma unificada. Os ministros de Finanças devem avaliar a adequação dessas propostas e levá-las à análise de outras instituições competentes

O FMI e o Fórum de Estabilidade Financeira expandido, além de outros reguladores, devem desenvolver recomendações para mitigar os movimentos pró-cíclicos, incluindo a revisão de como a alavancagem, o capital bancário e a remuneração dos executivos podem exacerbar as tendências cíclicas

Os reguladores devem atuar para assegurar que as agências de classificação de risco de crédito (rating) adotem os mais altos padrões da organização internacional de reguladores de títulos e que elas evitem conflitos de interesse, fornecendo mais transparência aos investidores e a seus clientes

A organização internacional de reguladores de títulos deve rever a adoção, pelas agências de rating, de padrões e mecanismos de monitoração de obediência (compliance)

As autoridades devem assegurar que as instituições financeiras mantenham capital no montante necessário para garantir a confiança. Os reguladores devem preparar medidas com vistas ao aumento do capital requerido dos bancos para estruturar atividades de securitização

Supervisores e reguladores devem acelerar os esforços para reduzir o risco sistêmico advindo do mercado de Credit Default Swaps (CDS) e das operações de derivativos OTC (over-the-counter, ou seja, em mercado de balcão). Entre outros objetivos, as autoridades exigem que esses contratos sejam negociados e registrados em plataformas eletrônicas, algo que não ocorre hoje e dificulta o levantamento de dados que mostrem o tamanho de um eventual problema. Isso alimentou a tensão na crise atual

Os reguladores devem agir para que os bancos fortaleçam suas práticas de gerenciamento de risco, em linha com as melhores práticas internacionais. Devem, também, encorajar as empresas financeiras a reexaminar seus controles internos

Os reguladores devem desenvolver e implementar procedimentos para assegurar que as instituições financeiras adotem práticas para melhorar o gerenciamento do risco de liquidez

Os supervisores devem assegurar que as instituições financeiras vão desenvolver processos que resultem em medidas compreensivas de concentração de risco

O Comitê de Basiléia (banco central dos bancos centrais) deve estudar a necessidade de as instituições financeiras desenvolverem novos modelos de testes de stress e contribuir, se for preciso

As instituições financeiras devem ter incentivos claros internos para promover a estabilidade

Os bancos devem exercitar o gerenciamento efetivo de risco e de ?due diligence? (processo de investigação de determinada companhia) sobre produtos estruturados e de securitização.

Bom domingo para todos.

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