Por Cardoso Lira
Um levantamento da Controladoria-Geral da União sobre a reforma dos
portos com vista à Copa do Mundo de 2014 expõe com clareza a
incompetência do governo federal em relação aos investimentos de
infraestrutura. Segundo o relatório, do orçamento de R$ 898,9 milhões
previstos no "PAC da Copa", simplesmente nenhum pagamento foi efetuado.
Além disso, como mostra o jornal Valor (23/8), apenas 25% dos recursos
teriam sido contratados pelas empresas responsáveis pelos portos. Em
meados de 2011, a Secretaria dos Portos imaginava que todas a obras da
Copa estariam licitadas e contratadas até o final daquele ano. Estamos
em agosto de 2012, a 22 meses da competição, e o quadro é desolador.
A construção e a reforma de portos constam de documento no qual o governo se comprometeu a ampliar a infraestrutura do País para melhorar o serviço para os turistas que vierem assistir à Copa. Não se trata apenas de facilitar o trânsito dos torcedores, mas também de ter uma opção de acomodação, em navios de cruzeiro, nas cidades onde a rede hoteleira não for suficiente. No entanto, dos 40 portos inscritos para receber essas embarcações, menos da metade tem condições de fazê-lo.
A Secretaria dos Portos informou que as obras estão em curso em quatro dos sete portos envolvidos no programa e que o dinheiro será liberado "de acordo com o andamento" dos trabalhos. Os três portos em que nada ainda foi feito são os de Santos, Rio e Manaus. O caso do Rio é exemplar: dos R$ 314 milhões previstos, apenas R$ 61 mil foram contratados e, mesmo assim, ainda não foram executados. O ministro da Secretaria dos Portos, Leônidas Cristino, garante que tudo estará pronto a tempo - quando assumiu o cargo, em janeiro de 2011, considerava inalcançável a meta para os portos do Rio e de Santos. De lá para cá nada de importante aconteceu que justifique o atual otimismo de Cristino.
O vexame dos portos, contudo, não é isolado. Enquanto a construção e a reforma dos estádios parecem seguir o cronograma estabelecido, as obras de infraestrutura necessárias para a realização da Copa sofrem empecilhos variados, desde entraves jurídicos até demora na execução, como mostrou recente levantamento do Estado (19/8). Em São Paulo, por exemplo, as reformas para melhorar o sistema viário da região de Itaquera, onde está sendo erguido o estádio paulista da Copa, ainda não foram iniciadas, porque as intervenções haviam sido bloqueadas pela Justiça. Em Brasília, o projeto do VLT (veículo leve sobre trilhos) foi retirado do pacote do Mundial, porque não será concluído a tempo. Projeto semelhante enfrenta batalha jurídica em Cuiabá, por suspeita de fraude na licitação.
Como se isso não bastasse, o abastecimento de água em três das sedes da Copa - Manaus, Cuiabá e Recife - não funciona 24 horas por dia, por deficiências de infraestrutura ignoradas no pacote de obras para o Mundial, e moradores são obrigados a fazer racionamento. Manaus e Recife garantem que a situação será normalizada até o início da competição.
A situação dos aeroportos, por sua vez, é particularmente dramática. Um relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada mostra que, hoje, 17 dos 20 maiores aeroportos do Brasil não têm capacidade para enfrentar o fluxo de passageiros previsto para a Copa, e as melhorias necessárias para ampliá-los muito dificilmente ficarão prontas em tempo hábil para a competição. Mesmo o cenário atual é terrível: a estrutura dos aeroportos não acompanha o crescimento do número de passageiros - só entre 2010 e 2011, o salto foi de 15,8%. Segundo dados da Infraero, a espera dos passageiros por suas bagagens nas esteiras de Cumbica chega a duas horas nos voos internacionais.
A empreitada da realização da Copa, feita de cambulhada, pode mesmo resultar em constrangimento, o que daria razão a quem se opôs à candidatura do Brasil desde o início. De fato está, mais uma vez, escancarada a incapacidade do governo de tirar do papel obras que são necessárias não apenas para grandes eventos esportivos, mas também para que a economia do País consiga ter autonomia de voo maior do que a de uma galinha.
A construção e a reforma de portos constam de documento no qual o governo se comprometeu a ampliar a infraestrutura do País para melhorar o serviço para os turistas que vierem assistir à Copa. Não se trata apenas de facilitar o trânsito dos torcedores, mas também de ter uma opção de acomodação, em navios de cruzeiro, nas cidades onde a rede hoteleira não for suficiente. No entanto, dos 40 portos inscritos para receber essas embarcações, menos da metade tem condições de fazê-lo.
A Secretaria dos Portos informou que as obras estão em curso em quatro dos sete portos envolvidos no programa e que o dinheiro será liberado "de acordo com o andamento" dos trabalhos. Os três portos em que nada ainda foi feito são os de Santos, Rio e Manaus. O caso do Rio é exemplar: dos R$ 314 milhões previstos, apenas R$ 61 mil foram contratados e, mesmo assim, ainda não foram executados. O ministro da Secretaria dos Portos, Leônidas Cristino, garante que tudo estará pronto a tempo - quando assumiu o cargo, em janeiro de 2011, considerava inalcançável a meta para os portos do Rio e de Santos. De lá para cá nada de importante aconteceu que justifique o atual otimismo de Cristino.
O vexame dos portos, contudo, não é isolado. Enquanto a construção e a reforma dos estádios parecem seguir o cronograma estabelecido, as obras de infraestrutura necessárias para a realização da Copa sofrem empecilhos variados, desde entraves jurídicos até demora na execução, como mostrou recente levantamento do Estado (19/8). Em São Paulo, por exemplo, as reformas para melhorar o sistema viário da região de Itaquera, onde está sendo erguido o estádio paulista da Copa, ainda não foram iniciadas, porque as intervenções haviam sido bloqueadas pela Justiça. Em Brasília, o projeto do VLT (veículo leve sobre trilhos) foi retirado do pacote do Mundial, porque não será concluído a tempo. Projeto semelhante enfrenta batalha jurídica em Cuiabá, por suspeita de fraude na licitação.
Como se isso não bastasse, o abastecimento de água em três das sedes da Copa - Manaus, Cuiabá e Recife - não funciona 24 horas por dia, por deficiências de infraestrutura ignoradas no pacote de obras para o Mundial, e moradores são obrigados a fazer racionamento. Manaus e Recife garantem que a situação será normalizada até o início da competição.
A situação dos aeroportos, por sua vez, é particularmente dramática. Um relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada mostra que, hoje, 17 dos 20 maiores aeroportos do Brasil não têm capacidade para enfrentar o fluxo de passageiros previsto para a Copa, e as melhorias necessárias para ampliá-los muito dificilmente ficarão prontas em tempo hábil para a competição. Mesmo o cenário atual é terrível: a estrutura dos aeroportos não acompanha o crescimento do número de passageiros - só entre 2010 e 2011, o salto foi de 15,8%. Segundo dados da Infraero, a espera dos passageiros por suas bagagens nas esteiras de Cumbica chega a duas horas nos voos internacionais.
A empreitada da realização da Copa, feita de cambulhada, pode mesmo resultar em constrangimento, o que daria razão a quem se opôs à candidatura do Brasil desde o início. De fato está, mais uma vez, escancarada a incapacidade do governo de tirar do papel obras que são necessárias não apenas para grandes eventos esportivos, mas também para que a economia do País consiga ter autonomia de voo maior do que a de uma galinha.
(Editorial do Estadão intitulado "Copa, um quadro desolador")
Mensalão favoreceu até ex de José Dirceu.
O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no Supremo
Tribunal Federal (STF), deverá apontar os favores prestados pelos
operadores do esquema a uma ex-mulher do ex-ministro José Dirceu como
uma prova decisiva do seu envolvimento com o mensalão.Na fase de instrução do processo, Barbosa e seus assessores fizeram
vários questionamentos à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da
República para esclarecer detalhes sobre os favores prestados à
ex-mulher de Dirceu. Esse procedimento indica que Barbosa considera esse ponto
particularmente relevante para incriminar Dirceu, acusado no STF de
cometer os crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa.
O julgamento do mensalão entra amanhã na sua quinta semana. Ele ainda
está no começo e só deverá chegar daqui a duas semanas ao capítulo em
que serão analisados os crimes atribuídos a Dirceu. Os favores à sua ex-mulher lançam dúvidas sobre a distância que o
ex-ministro diz que sempre manteve do empresário Marcos Valério
Fernandes de Souza, apontado como operador do mensalão. Dirceu diz que mal conhecia Valério e que só teve contato com ele em
reuniões no Palácio do Planalto às quais ele compareceu na companhia de
outros empresários.
A psicóloga Maria Ângela da Silva Saragoça, 59, viveu com Dirceu de 1981
a 1990 e teve uma filha com ele. Os favores que recebeu de Valério
foram revelados na época em que o mensalão foi descoberto e estão
documentados no processo que está no STF. Graças à interferência de Valério, Ângela ganhou um emprego no banco BMG
e um empréstimo de R$ 42 mil do Banco Rural. Os dois bancos emprestaram
milhões de reais ao PT e às empresas de Marcos Valério que distribuíram
o dinheiro do mensalão. Ângela também conseguiu ajuda para vender um apartamento em São Paulo.
Quem comprou o imóvel, numa transação que incluiu um adiantamento de R$
20 mil em espécie, foi o advogado de Valério, Rogério Tolentino.
A própria Ângela reconheceu os favores e a participação de Valério nos
depoimentos que prestou. O presidente do BMG, Ricardo Guimarães, disse
que o emprego de Ângela foi pedido de Valério. O empresário disse que ajudou Ângela a pedido do ex-secretário-geral do
PT Silvio Pereira, que se livrou do processo após fazer um acordo para
ser excluído da ação e cumprir pena alternativa.
Tolentino disse que só conheceu Ângela quando se encontraram na
imobiliária para concluir a compra do seu apartamento e afirmou que só
depois soube que se tratava da ex-mulher de Dirceu. Nenhum dos participantes dessas transações disse ter feito qualquer
coisa a pedido do ex-ministro, mas Ângela contou à Polícia Federal em
2006 que discutiu seus problemas financeiros com o ex-marido em agosto
de 2003.
Um mês depois dessa conversa, ela foi apresentada a Valério por Silvio
Pereira. Em menos de três meses, Ângela Saragoça ganhou o emprego no BMG
e o empréstimo no Rural e conseguiu vender o apartamento em São Paulo.( Folha de São Paulo)
Postado pelo Lobo do Mar
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